In vino veritas, do latim, “no vinho está verdade”. E quando o vinho é bom, a verdade fica ainda mais verdadeira, hehehe
Um grande amigo, além de grande “meu advogado” há 20 anos e estudioso da Kabbalah, vive me ensinando lições belíssimas. Dentre algumas, sempre me lembro da que se refere ao “doador”, iluminados aptos a doar (no sentido literal) a quem está aberto a receber (receptor). Segundo ele, a maioria de nós humanos está sempre tão centrada em si mesma, que jamais se permite receber. Neste caso, entenda como enxergar além do próprio umbigo. É isso mesmo, Dr. Dennis?
Muito bem. Conheço alguns “doadores”. Minha sogra, então, é uma hiper doadora. De tempo, carinho, atenção, bondade, fraternidade e, claro, guloseimas sensacionais. Mas escrevo agora em homenagem a outro ser tão iluminado quanto. Uma moça que dedica sua vida ao judaísmo — como cultura e tradição, além da religião — e à formação de homens e mulheres do bem, para o bem e por bem.
Trata-se da queridíssima Iara Leventhal. Educadora, mãe, esposa, amiga e filha exemplares. Líder e aglutinadora da pequena-grande comunidade judaica de Belo Horizonte. A primeira “diretora de escola” da minha filha. Acabei de vê-la em um jantar primoroso, o qual ajudou, para não variar, a organizar. Foi um evento pelos 70 anos de fundação do Estado de Israel. Dentre pessoas notórias, autoridades nacionais e internacionais, lá estava sua luz a brilhar.
Iara e eu temos “pegas” ideológicos divertidíssimos. Ela, como toda boa militante sionista, é meio esquerdinha, ou melhor, inteira, hehe, Ademais, é religiosa e tradicionalíssima. O amigo de vocês aqui é radicalmente contra qualquer tipo de esquerda, por mais suave que pareça, e nem um pouco ligado à religião. Aliás, neste quesito, sou um verdadeiro balaio de gato: filho, neto, bisneto, etc de judeus, educado em escolas cristãs, casado com cristã, influenciado pelo espiritismo e… atleticano — sim, Galo é religião!
Pois bem. Ao nos despedimos, Iara me disse: “aproveita o embalo e escreve sobre judaísmo, sobre ser judeu”. Apesar de não praticante, como lhes confessei, e Iara sabe disso, tenho uma ligação emocional (que alguns chamam de espiritual) enorme com o judaísmo. Sou daqueles que frequenta sinagoga duas vezes por ano, no máximo, e mesmo sem entender absolutamente nada de hebraico, passo horas ao lado do que sinto como “meu povo”.
Me emociono ao ouvir o hino de Israel, me emociono com os idosos da comunidade, me emociono diante da Estrela de Davi e me emociono ao falar sobre judaísmo. Iara, com a percepção aguçada de quem lida com crianças e adolescentes há décadas, me “sacou” desde nossos primeiros encontros, nossas primeiras conversas. E não perde uma só oportunidade, como mais uma vez provou hoje, de me “cutucar”, de trazer à tona, do meu pensamento e coração, meu sentimento, minha alma, minha… identidade judaica.
Quando ela me pede para escrever sobre judaísmo, ela sabe que não será possível. Assim como não é possível escrever sobre o amor por um filho ou à mãe (os pais — e sou um! — e esposas que me perdoem, mas não dá para comparar). No fundo, e ela Iara sabe bem disso, seu objetivo é tão somente este, que acaba mais uma vez de conseguir: fazer um judeu se lembrar que, não importa onde, quando e por quanto tempo, será sempre… judeu!
Ai, ai… Que bom que Iara me pediu isso. Fez valer cada gota do vinho da festa, tão bem escolhido, né, Marjorie??
Hora de mimi!
Em tempo: domingo agora, dia 27 de maio, na Praça Estado de Israel (no alto do Mangabeiras), acontecerá a tradicional festa anual em homenagem à criação do Estado de israel. A partir de 10:00hs, comidas típicas, danças e músicas regionais, e centenas de famílias (judaicas, cristãs, muçulmanas, espíritas, budistas, evangélicas, ateístas, agnósticas e o que mais inventarem) celebrando a paz, a tolerância e a união dos povos, pois aos olhos de Deus, somos e seremos sempre seus filhos, todos iguais. Será uma alegria encontrá-los por lá.
Comentário top. Kol kavod
Faltou a explicação, que eu já busquei em outros lugares: afinal, o que é ser judeu? O que diferencia de ser árabe, brasileiro, russo, indiano?
árabe é que nasce nos Emirados Árabes, brasileiro é quem nasce no Brasil, russo, na Rússia, indiano, na Índia, judeu, quem professa o judaísmo
Até onde sei Judeu é quem descende, não quem ‘professa’ senão me professarei judeu e vou estudar com um rabino.(eu gostaria muitíssimo)
Corrija-me por favor, preciso diferenciar.
PS:
Ricardo,
O comentário que fiz ontem aqui nesta página não apareceu até agora.
Please, reveja se não ‘sumiu’!
Em tempo, sei que ser judeu não é ser israelense.
Que nem árabe não significa necessariamente muçulmano.