E pensar que Tiradentes reclamava por 1/5

Se papai Noel existisse, jamais compraria seus presentes no Brasil. Se o fizesse, ou faltariam pacotes ou sobrariam crianças

 

Leve 1 e pague 2

Dezembro… Ah, dezembro! O mês mais caótico do ano. Final dos campeonatos de futebol (este ano não teve emoção, hehe), boletim da filhota, balanço da empresa, folha de pagamento dobrada, festas de confraternização (lá se vão os quilos perdidos), trânsito ainda mais infernal, compras, natal, ano novo, ufa! E janeiro não alivia, hein! Férias (mais quilos), viagens ($$$), IPVA, IPTU, matrículas, material escolar.

Fui às compras, afinal também sou gente. Resolvi trocar de carro. Olhei um Camaro. Claro que não amarelo. Conversível, 6.2, V8. R$ 152 mil. Beleza! Vou levar. Daí o vendedor me diz: “olha só, passe ali no caixa e pague mais R$ 180 mil para o governo”. Sério? Vou levar um Onix mesmo. É 1.0, eu sei. Mas custa apenas R$ 20 mil. Ou melhor, R$ 40 mil — havia me esquecido do outro carro que pago para levar este.

Bola pra frente! Presentes de natal: gastei R$ 3 mil em roupas. Ou melhor, R$ 2 mil. O outro R$ 1 mil foi em imposto. Bebidas, eba! Eba? Comprei R$ 1 mil, mas deixei no caixa R$ 3 mil. Sim, meus caros. Você bebe uma garrafa e o Estado bebe as outras duas. E ainda havia a ceia de natal. Supermercado bacana, destes tipo Gourmet, continha de R$ 1.500. Curioso vou lá no final da notinha e leio: Impostos R$ 450. Caramba! Daí vou pra casa, mas antes tenho de abastecer o carro: 249 pilas!! Sabem os R$ 4,09 o litro (ao menos aqui em BH)? R$ 1,85 não são gasolina. Sim, acertou. Impostos.

Cheguei em casa. Finalmente. Não sem antes passar na farmácia (R$ 200 em remédios e R$ 97 em impostos) e na padaria (R$ 100 de produtos e R$ 70 de impostos). Digo “olá”, deixo carteira, chaves e pacotes sobre a mesa da sala, beijo a família, passo a mãos nos envelopes da correspondência e me atiro no sofá. Cartões de Natal, propagandas, campanhas assistenciais e… Água, luz, telefone, TV a cabo, carnê da escola, mensalidade do clube, taxa de condomínio, internet, Netflix, Spotify, academia. Cruzes!! Calculadora na mão, noves fora nada, R$ 5 mil. Opaaaa!!! Mais 2 mil em, em, em… em impostos!

É claro que as despesas são fictícias, mas a proporção não. Pagamos em média, a cada compra, 40% de impostos. Há produtos, como o cigarro, em que os impostos representam até três vezes o preço pago. O fumante leva um maço e paga mais três. Vinhos importados, cervejas artesanais, perfumes, xampus, eletrônicos, meu Deus, a tributação brasileira não possui limites. Os tais cinco meses que trabalhamos para o governo não incluem os impostos sobre a renda (salários, pró-labore, comissões, honorários, aplicações financeiras, etc) nem os encargos trabalhistas, como INSS e FGTS. E para o que mesmo? Bem, deixa pra lá. Eu sei. Vocês sabem. Estamos cansados de repetir.

Feliz Natal, Estado brasileiro! Coma, beba e comemore bastante; à nossa custa, claro.

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9 thoughts to “E pensar que Tiradentes reclamava por 1/5”

  1. Quanto maior a presença do Estado na economia maiores são os atrativos, os estímulos à corrupção. O ditado “A ocasião faz o ladrão” pode ser aplicado apropriadamente aqui: o poder e a riqueza concentrados no Estado atraem corruptor e corruptíveis .
    O excesso de poder do Estado, como é bem o caso do Brasil, faz com que a sociedade (os cidadãos, o mercado e a iniciativa privada etc) seja totalmente dependente dele. Se submeter ao estado significa se submeter aos interesses e às vontades dos políticos e da nomenklatura estatal. Como o poder econômico e político está concentrado nas mãos dos que não empreendem e não laboram, para produzir riquezas a sociedade tem que beijar e molhar as mãos e as patas dos poderosos de plantão
    Ao transformar a corrupção em um método de governo, ao se apropriar a coisa pública para utilizá-la como um instrumento de barganha para seus objetivos de se perpetuar no poder, o PT levou a corrupção a patamares nunca antes vistos no mundo.
    Diminuir o poder do Estado ao mínimo necessário é a medida profilática que tem demonstrado a maior eficácia no combate a esta praga. Se tivéssemos um estado menos paquidérmico, com certeza a máfia do lulopetismo teria tido grandes empecilhos para se utilizar do Estado para seu projeto de poder.
    Tal é o poder do estado no Brasil, que o cidadão, em busca de emprego, e a iniciativa privada, em busca de empreender, têm que recorrer primordialmente ao Estado. As empreiteiras e demais empresas privadas não têm que competir no mercado para se darem bem: é muito mais cômodo fazer “negócio” com o rei de plantão. Nada se faz nessa república de bananas, sem que se tenha que molhar a mão de um burocrata e de um político. Concorrer a emprego no mercado de trabalho para quê, se se pode arranjar uma sinecura muito bem remunerada em algum órgão/empresa público?
    No regime estatista, o rei não é não é o cidadão, o mercado; mas, sim, o político.

  2. O ESTATISMO E AS RATAZANAS

    “Quando você perceber que, para produzir, precisa obter a autorização de quem não produz nada; quando comprovar que o dinheiro flui para quem negocia não com bens, mas com favores; quando perceber que muitos ficam ricos pelo suborno e por influência, mais que pelo trabalho, e que as leis não nos protegem deles, mas, pelo contrário, são eles que estão protegidos de você; quando perceber que a corrupção é recompensada, e a honestidade se converte em auto-sacrifício; então poderá afirmar, sem temor de errar, que sua sociedade está condenada”
    ( Ayn Rand)
    Não somos um povo mais fadado à corrupção do que quaisquer outros: são as condições propícias à corrupção é que favorecem, que estimulam, que incentivam os atos de corrupção dos vigaristas.
    Não fosse a impunidade de que gozam políticos e poderosos associada ao enorme poder e presença do Estado na economia, a súcia de vagabundos, esses bandos de ladrões canalhas, não teriam a faca e o queijo na mão para se apropriarem da coisa pública como bem entendem. Não fosse assim, as ratazanas pé-de-chinelo estariam atacando outras dispensas bem mais modestas. A questão não é de modo algum roussseuniana: há entre nós tanto os bons como os maus selvagens; a diferença são as condições que favorecem estes ou aqueles.
    Quanto mais os cidadãos individualmente têm poder perante o Estado, mais fiscalizado, mais controlado é este. As sociedades mais desenvolvidas são aquelas em que o poder do estado é contrabalançado pelo poder de cada indivíduo. A medida do tamanho do estado é a mais destacada característica que diferencia uma democracia de uma ditadura.

  3. Ricardo,

    brasileiro é tão ruim de matemática que uma lei supostamente “boa” como a da indicação dos impostos em cada compra é usada para mascarar os impostos, contra o povo, e passa despercebida há anos. A foto que você usa aí é evidente que você pôs mas nem chama a atenção das pessoas. O imposto pago aí nessa árvore não é de 39%. É DE 64%. O cálculo que o governo manda as pessoas fazerem (e consta dos cupons fiscais) é dividir o valor do imposto pelo total da compra COM O IMPOSTO. Na verdade, o cálculo correto é o valor do imposto sobre o valor da mercadoria SEM O IMPOSTO. Neste caso, R$ 38,22 de impostos divididos pelos R$ 59,78 da mercadoria, dá 64% de impostos sobre o consumo deste produto.

  4. Ricardo,

    brasileiro é tão ruim de matemática que uma lei supostamente “boa” como a da indicação dos impostos em cada compra é usada para enganar as pessoas ao mascarar os reais impostos pagos, e passa despercebida há anos. Isso fica tão evidente na foto que você usa, mas nem chama a atenção das pessoas. O imposto pago nessa árvore não é de 39%. É DE 64%. O cálculo que o governo manda as pessoas fazerem (e consta dos cupons fiscais) é dividir o valor do imposto pelo total da compra COM O IMPOSTO. Na verdade, o cálculo correto é o valor do imposto sobre o valor da mercadoria SEM O IMPOSTO. Neste caso, R$ 38,22 de impostos divididos pelos R$ 59,78 da mercadoria, dá 64% de impostos sobre o consumo deste produto.

    Abs e boas festas.

  5. Só pra complementar o raciocínio: o imposto neste caso é 39% sim, mas sobre o TOTAL da compra, to TOTAL DESEMBOLSADO. Mas a desonestidade do governo vai para a interpretação de que o imposto incidente sobre os produtos é de 39%. Ainda não encontrei uma única pessoa, das muitas que alertei, que tivesse se atentado para o fato de que o imposto cobrado é muito superior ao declarado, pela simples forma da sua evidenciação. Abs

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