Que tal nos solidarizarmos por alguém tão próximo e real? Que tal olharmos para a nossa própria violência e terrorismo também?
Márcia é nome de professora. Aliás, Dona Márcia. Ao menos era (e é) assim que eu me referia àquelas três maravilhosas senhoras que me ensinaram Ciências, Matemática e Artes. Jamais dispensei o “dona”, mesmo elas não sendo tão senhoras assim na época. Mas havia uma liturgia ao cargo e um decoro no trato. Bons tempos. Ótimos tempos! Ser menor de idade significa apenas não entrar no cinema sozinho, além de levar uns cascudos dos garotos mais velhos. Passe livre para delinquir? Jamais. O castigo certamente viria; e a galope! Ou dos pais ou da lei.
Dona Márcia Friggi tem apenas 52 anos. Não precisaria do “dona”, mas merece a reverência. Dona Márcia é professora. Tem cara de professora, jeito de professora. E de Português mesmo! O cabelinho de lado, o lenço cobrindo o pescoço e a camisa branca não mentem. Não fosse professora, não seria mais nada. Olho para ela e retorno à sala de aula.
Mas a fessora está triste. A fessora está machucada. Sangrando por fora, que passa; mas sangrando por dentro, que não costuma cicatrizar tão rápido. Ela foi agredida, ou melhor: espancada! Espancada fisicamente, espancada moralmente. Um criminoso de 15 anos a socou impiedosamente. Brutalmente. Covardemente. Leia a matéria no Portal UAI. Tudo porque a fessora pediu para que retirasse o livro do colo.
O criminoso tem nome, mas você jamais vai saber. A lei o protege! O criminoso esmurrou uma senhora, mas nada acontecerá. A lei o protege! O criminoso seguirá sua vida normalmente, pois é “di menor”. A lei o protege! Não haverá um mínimo relato, no futuro, da sua conduta cruel. A lei o protege! E garante não só o anonimato, como a impossibilidade da inclusão do ocorrido em sua ficha. Amanhã ou depois, qualquer um de nós estará sujeito a ter este monstro trabalhando para si. Talvez até namorando e casando com uma filha.
Dona Márcia não ouviu nenhuma palavra de solidariedade do sindicato dos professores. Dona Márcia não viu nenhuma atriz da Globo usar camiseta branca com os dizeres: “mexeu com uma, mexeu com todas”. Dona Márcia não contou com nenhum petista ou psolista para lhe ajudar — estão todos mais preocupados com o “di menor”. Dona Márcia sequer contará com a Justiça, pois ela está ao lado do crime.
E se Dona Márcia abusar muito, terá um Promotor Público no seu encalço, acusando-a de assédio moral a um adolescente. Cuidado com o ECA, Dona Márcia. Cuidado com a Maria do Rosário. Cuidado com o Jean Wyllys. Se a senhora der muito sorte, talvez os especialistas da Globo News não a culpem pelo ocorrido, e talvez a Folha de São Paulo não faça uma matéria apontando os maus tratos dos professores com os alunos.
Se Dona Márcia for uma aproveitadora, pleiteará e receberá uma indenização do Estado. Sim, meu caro. Um criminoso a espanca, mas quem paga a conta é você. Já aconteceu. Leia aqui, no UAI. Afinal, lembre-se: você é a tal da Sociedade. Este ente cruel que abandonou o “di menor” e o forçou a agredir a monstra opressora, que abusava de uma posição superior, para oprimir o menor indefeso.
Dona Márcia, eu sei que a senhora está muito bem amparada por seus amigos, familiares e alunos do bem. Mas olha só: Conta comigo, viu? Porque com 50 anos no lombo ainda me emociono e me sinto uma criança ao olhar para uma professora.
p.s: pouco me importa se Dona Márcia apoiou a imbecil que deu uma ovada em Jair Bolsonaro. Pouco me importa se ela é petista e esquerdopata. Eu não penso como os selvagens vermelhos. Eu não sou um deles! Ela é uma senhora, é uma professora. O moleque é um criminoso que será protegido pelo Estado. Esse é o ponto!! Substituam a Dona Márcia por outra Dona qualquer, então. Mas não comemorem o espancamento de uma senhora por um marginal, que só por ser adolescente sairá impune. Isso tem de acabar!
Prezado…. minha mãe é professora na rede pública municipal e conta nos dedos o dia de sua carta de alforria… teve que passar por uma cirurgia de reconstrução do diafragma pois um filho de Nazaré Tedesco a jogou de uma escada da escola…. por sorte não morreu.
O que aconteceu com o desgraçado? nada…assim como no caso da “fessôra” acima, nenhuma atriz global, recordista, bandeirante ou daquela rede de tv de esquerda da Nossa Senhora do Carmo colocou cartazes ou soltaram pombinhas em defesa dos professores….tá osso Ricardo…parafraseando os di menor….dá nada pá eles….
SÓ BOLSONARO PARA CONSERTAR ESTE PAÍS
“…p.s: pouco me importa se Dona Márcia apoiou a imbecil que deu uma ovada em Jair Bolsonaro. Pouco me importa se ela é petista e esquerdopata. Eu não penso como os selvagens vermelhos. Eu não sou um deles! Ela é uma senhora, é uma professora. O moleque é um criminoso que será protegido pelo Estado. Esse é o ponto!! Substituam a Dona Márcia por outra Dona qualquer, então. Mas não comemorem o espancamento de uma senhora por um marginal, que só por ser adolescente sairá impune. Isso tem de acabar!…”
O trecho acima traduz bem o por que de estarmos na merda. E, a merda já esta no pescoço, se não nos movimentarmos, amanhã vai bater na testa, ai definitivamente terá acabado. Que triste que estamos lendo e debatendo sobre um tema tão deprimente como este. Não conheço a senhora foco do texto, não sou professor, mas como brasileiro, me sinto envergonhado. Profundamente envergonhado.
Prezado Ricardo, na última postagem cheguei a ficar preocupado com você, estava tão inundado de emoções, como diria o Sidrack, que nem respondeu nossos comentários, mais ainda, publicou o meu.
Mas desta vez, falando sério, acho que pecou em comentar sobre partidos, não cabe neste momento, este problema está acima da política e dos nossos desentendimentos, isto é uma calamidade, uma agressão a um professor mostra o nível da nossa sociedade.
É inadmissível também, que estes menores marginais tenham tamanha proteção, matam, agridem, estupram, cometem os crimes mais hediondos e são tratados com tanto protecionismo.
Infelizmente, os nossos políticos estão muito mais preocupados em se manter no poder, mudando a lei eleitoral, buscando recursos, se esquivando da lei, não há tempo para resolver tais assuntos, ligados à segurança.
Lamento Dona Márcia, que isto não seja mais forte que o seu desejo de melhorar as pessoas.