“Esse é um país que vai pra frente, ôôôôô”. Quem tem mais de 45 anos há de se lembrar desta musiquinha ufanista dos anos 70. Hahaha, conta outra
O Brasil e grande parte da sua gente é um poço irremediável de desonestidade. O tal maldito jeitinho brasileiro é mero eufemismo para esconder a triste realidade da podridão moral que habita o comportamento nacional. Da fila dupla ao desrespeito pelo lugar dos idosos e deficientes, do suborno à corrupção, não há momento em que o brasileiro médio não exerça sua paixão pelo errado. Até quando já leva vantagem, não se dá por satisfeito. Ganancioso como só, sempre quer mais, mesmo que às custas do prejuízo de terceiros.
Acabo de ler uma matéria no Portal da revista Exame, que ilustra bem isso. O pior é que a chamada não só concorda com o conteúdo, como certa forma incentiva. Trata-se do aumento dos “contatos diretos” entre motoristas de aplicativos, como Uber e Cabify, e passageiros, burlando a intermediação das empresas tornando o “negócio” mais vantajoso para ambas as partes. Funciona assim: após o contato oficial via aplicativo, motorista e passageiro trocam os contatos e passam a negociar diretamente. Ao burlar o aplicativo o motorista dá um desconto de cerca de 20%, já que não paga a empresa, que lhe cobra 25% pelo serviço, e consequentemente o passageiro economiza este valor.
À primeira vista, parece ok. Mas e a empresa? E todo o dinheiro gasto em pesquisa e desenvolvimento, em divulgação e operacionalização? E o lucro, que é a recompensa pelo empreendedorismo e ideia do criador do aplicativo? Que se danem, né? Mas os espertinhos babacas não entendem que isso mata o princípio do desenvolvimento econômico, que prejudica a inovação, que atrasa novos projetos, que desestimula o investimento. Se quem cria, desenvolve e comercializa vê seu dinheiro ser comido por parasitas que nada fizeram, simplesmente cai fora e busca outras paragens mais civilizadas. No futuro, os espertalhões — motoristas e passageiros — ficarão sem nada melhor.
O mais triste, como já chamei a atenção, foi a chamada da matéria: “Melhor para eles e para os clientes, não é mesmo?”. É muito triste ver algo assim, em um veículo voltado para os negócios e boas práticas empresariais. Como desonestidade pode ser bom?
É incrível como não se percebe que o imediatismo não leva a nada. Que o que se faz hoje traz reflexos amanhã. Que quanto mais o Brasil e os brasileiros forem reconhecidos por sua desonestidade frequente, mais a sociedade inteira pagará mais! Os “gatos” fazem as TV´S por assinatura mais caras, as fraudes tornam os seguros mais caros, os furtos tornam as mercadorias mais caras nos supermercados, o maldito jeitinho brasileiro encarece absolutamente tudo, inclusive as obras superfaturadas que todos nós, honestos e desonestos, pagamos igualmente.
Quem ganha, Exame?
Em curto prazo, os desonestos. Em longo prazo, ninguém. Todos perdem! Aprenda isso.
Infelizmente, tem outro aspecto a ser considerado, e dos piores. Lembra de uma notícia, de alguns dias, em que quatro mulheres foram estupradas? Negociaram diretamente com o motorista, burlando a empresa… Perde-se, além do lucro, a segurança… Dá pra ser mais burro do que isso???
Meu pai sempre dizia ” infelizmente o Brasil é um país de ladrões”. Acho que ele estava certo!
Maria Soledad, eu tenho certeza.
Alguém queria algo diferente disto em um país que cultua feriados, que acha que os políticos são o maior problema de seu país, que valoriza mais quem participa do big brother do que quem é indicado ao Grammy ou ao nobel de literatura, que sempre se acha a última bolacha do pacote?
Cultura nestas paragens é algo que só consta nos livros, artigo que fica lá no armário, junto com os livros, que só de vez em quando, quando interessa, busca-se umas pequenas doses. Fora disto, vale tudo. Realmente não espero nada de diferente. Quanto ao futuro? Faça-se igual na vida cotidiana brasileira, viva-se o hoje, seja esperto hoje, porque se não o fores, alguém com certeza lhe passará a perna.
Prezado Ricardo; ocorre que, sob o pretexto de que existem “coisas mais importantes”, relega-se a segundo, terceiro, quarto, etc plano, noções elementares de cidadania ao povo. As situações enumeradas fazem parte do cotidiano nacional brasileiro. E você se esqueceu dos professores(as) que sofrem agressões praticadas pelas mães(pais) de alunos, quando – por descaso e omissão deles próprios – seus filhos não são aprovados nos exames. Isto quando os tiranos – crianças e adolescentes – não agridem impune e pessoalmente seus próprios mestres. A grande indagação é: será que existe nos brasileiros dos dias atuais, alguma conscientização de que este tipo de conduta não irá conduzi-los a lugar algum?
E o pior Tadeu, é que o estado, município, sindicato dos professores , diretoria do colégio, pais , ninguém faz nada e fingem que não veem . Isto ocorre também em escolas particulares.
Como ensinar e aprender sem disciplina e hierarquia entre o aluno e o professor ? Estes valores foram jogados na lixeira, não são ensinados nem exigidos.
O resultado se vê nas colocações do Brasil nas avaliações mundiais de ensino.
Vejo o Uber como esperteza de quem o criou e não como ferramenta de poder tecnológico, com alta complexidade. São carros e motoristas que não são fiscalizados por ninguém, fácil ser motorista de uber, basta cadastrar. Já usei Uber, mas não vejo muita segurança para o passageiro. Concordo plenamente como o jeitinho brasileiro prejudica toda a nação. Se eu fosse 30 anos mais novo já está morando no outro país.
Olá Distinto, aplausos ao atletiba de 19/02/2017. Já passa da hora de a Rede bobo ser escanteada. Fico na torcida para que o Galo, também conhecido como LINDÃO também comece a peitar a platinada, para entre outras coisas, termos jogos no meio de semana começando as 20h. Grato.
Cidrinhaaaaaa, retardada!
Errou o blog. O assunto é outro, lorpa!
Nossa sociedade é o reflexo dos nossos governantes.
Desculpe-me, mas é o contrário: nossos governantes são o reflexo de nossa sociedade.
Entendo e comungo da indignação. Contudo, o que me parece é que também há uma indignação aos 25% cobrado. Talvez devesse haver alguma abertura e comunicação maior sobre o que estamos remunerando com essa comissão.
Ao que me parece alguns clientes e prestadores preferem tomar riscos ou simplesmente não acham que recebem em serviço pelo que pagam.