A violência nossa de cada dia

Um retrato assustador da situação da segurança pública brasileira. Se você acha que está ruim, acredite, irá piorar

Lei da selva: matar ou morrer!

Poucos assuntos, ou melhor, nenhum é tão desprezado nesta porcaria de país quanto a segurança pública. Quem da minha geração não se lembra dos “saudosos” pivetinhos dos anos 70/80, armados com canivetinhos e cacos de vidro, roubando tênis e relógios de plástico? Pois é. Os pivetinhos cresceram, né? Tanto foram protegidos, não punidos e até mesmo estimulados a delinquir, em nome de uma tal Injustiça Social, que chegamos onde chegamos. Aliás, é incrível como repetimos nossos erros e, tal qual um disco arranhado, nunca saímos do lugar. O debate atual é sobre a legalização da maconha. Beleza. Façam isso mesmo e daqui uns anos veremos no que deu.  Mas sigamos.

O Brasil é o país mais violento do mundo! Anualmente matamos 60 mil uns aos outros. Se juntar China, EUA e toda a Europa, ainda assim somos mais assassinos. E a desculpa da pobreza ou desigualdade social não cola mais. Na última década a região nordeste experimentou seu melhor momento econômico. Mesmo assim, viu suas taxas de homicídio explodirem. A Índia, um país tão pobre e desigual, com uma população muitíssimo maior, apresenta taxas de mortalidade 8 vezes menores. Mais pessoas são mortas por aqui que na guerra da Síria. Por onde se compara, a situação não muda. E se muda, é para pior.

Para piorar o drama, mais de 90% dos homicídios não são sequer investigados. Na verdade, de 5% a 8% recebem atenção, e apenas 3% têm um fim adequado (investigação, culpabilidade, julgamento, condenação, prisão). Pasmem, mas a metade dos presos brasileiros ainda aguarda o julgamento. Um espanto! E olhem que de cada 100 boletins de ocorrência, apenas 12%, em média, são investigados. No Paraná, 7%. Em São Paulo, menos que 10%.

A grande falácia da falta de dinheiro permeia o discurso hipócrita e cínico dos governantes. De todos eles! No Rio Grande do Sul, por exemplo, os senhores deputados gastam 10 vezes mais com combustível que a polícia do estado. O custo anual do Congresso Nacional é maior que o gasto em segurança do próprio Rio Grande, somado a Minas Gerais e Espírito Santo juntos.

Por falar em custos, o perverso sistema previdenciário ajuda a empurrar todos morro abaixo. O país gasta mais com os salários dos policiais aposentados que com os da ativa. Resultado: salários baixos e contingente insuficiente. Acrescente os índices de mortalidade entre policiais e o drama da categoria está completo. Aliás, o Brasil também é recordista em número de mortes envolvendo a polícia. Aqui, os policiais matam mais e morrem mais que em qualquer outro país.

O Brasil gasta anualmente cerca de 6% do PIB com segurança. Vale dizer, gastamos o mesmo com educação. Pior é que não temos nenhum dos dois, pois como em tudo em que se mete, o Estado gasta muito e mal. Ou seja, é uma situação calamitosa ao extremo. Um verdadeiro poço sem fundo.

Finalizo com um dado realmente espantoso. Segurem-se: Em apenas 12 horas, matamos mais que os portugueses durante um ano inteiro. É mole ou você ainda quer mais?

Bom resto de noite. Durmam bem… se conseguirem.

∗ dados extraídos do excelente texto de Felippe Hermes, do igualmente excelente spotniks.com

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5 thoughts to “A violência nossa de cada dia”

  1. Uai Ricardo, se Portugal tá deste jeito, será que não podíamos ser (re) colonizados por Portugal? Talvez, lá agora só tenha sobrado gente boa, já que o que era ruim lá, veio tudo pra cá. Diante disto a gente manda uma parcela (podre) da nossa população pra lá e traz um bocado de lá. Acredito que melhore.

  2. Não concordo em comparar com Portugal ou outro pais,para começar o tamanho da população e do própia pais.
    Temos quase 20 vezes mais a população .
    É muito mais fácil de administar um pais pequeno que um continental tudo que se comparar o menor sempre leva vantagem.
    Sobre a taxa de homícidios 95% são acerto de conta de vagabundos,se sabe a motivação não precisa se aprofundar na investigação.

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