“Todos os dias quando acordo, não tenho mais o tempo que passou” (Renato Russo)
Todo fim de ano é a mesma coisa, a mesma lorota, o mesmo autoengano. Promessas que não serão cumpridas, metas que não serão batidas, planos que jamais se realizarão. Olhamos para trás e realizamos as dores e as alegrias, os lucros e os prejuízos, e reafirmamos nosso compromisso com o imponderável. O ser humano precisa renovar suas esperanças, acreditar que um 1º de janeiro qualquer trará uma nova vida, um novo mundo.
Acordamos todos os dias e deixamos tempo para trás. Dormimos todas as noites e perdemos horas à frente. E daí? O que muda além do calendário? Seu peso é o mesmo, suas dores (físicas e emocionais) idem, os problemas também. Nem mesmo a idade se altera, de 31/12 para 1/1, salvo para os nascidos na virada. Por que, então, essa fixação toda com a mudança no calendário gregoriano?
“Nossa, 2016 foi terrível! Tanta gente boa morreu.” E 15 não foi? 14, 13, 12? E o que faz alguém pensar que 17 será diferente? Ou 18? Como se importasse, para o caminhar da humanidade e dos humanos, o último ou os dois últimos algarismos da folhinha. Quanta bobagem. E quanta falsa expectativa depositada num mero show de fogos à beira-mar.
Sou um lúcido incorrigível! Um ser racional ao extremo, a despeito de toda minha passionalidade. Não confundo otimismo com ilusão, tampouco pessimismo com lógica. Funciono de olhos abertos, apesar de não me furtar em fechá-los ao som de um Led Zeppelin ou Pink Floyd, sobretudo após uns goles. Só que há tempo para sorrir e tempo para chorar. Viver na ilusão das expectativas criadas por um réveillon qualquer nunca foi muito a minha praia.
Dia 1º de janeiro de 2017 será exatamente igual à 31 de dezembro de 2016. Talvez com um Trump aqui, um novo preso ilustre acolá, novas mortes, novas tragédias… Mas nada será definido pela data. As fatalidades e as alegrias não escolhem dia, mês e ano. Elas simplesmente acontecem. Assim como as dívidas contraídas ou o prêmio da mega sena da virada. Os semáforos abrem e fecham e os pães saem quentinhos a cada manhã.
Sim, 2016 está acabando! Grande coisa. 2017 também acabará. 2015 acabou, não é mesmo? Por isso, deixe de besteira e de culpar o número 6 pelo David Bowie ou George Michael. Quem matou o time da Chape não foi o ano, foi o imbecil do piloto irresponsável e ganancioso. E não será o 7, de 2017, o herói da prisão do Nine Fingers. No máximo, 7 serão as cervejas que tomarei para comemorar, hehe.
Nesta chatíssima contagem regressiva do “ano que nunca acaba”, eu lhes proponho uma brincadeira: Anotem em um pedaço de papel as três mais importantes coisas que gostariam que não existissem mais. Dobrem e guardem durante seis dias. Leiam no dia 1º de janeiro de 2017. Se todas ainda estiverem lá, esqueça esta bobagem de ano novo para sempre, ok?
Mas se não estiverem… putz!!! Me ensine a mágica, pô! Urgente. Na minha lista estão Lula, Calheiros e 10 quilos. Não necessariamente nesta ordem, hahaha.
Apesar de todas as nossas diferenças, são textos como esse que fazem valer a pena a visitinha diária a esse blog.
viu? nem tudo são espinhos
Viva 2016!
Em 2016 houve fato fabuloso, apesar de Vanessa Grazziotin falar que não, dessa forma assim:
“O ano de 2016 é, sem dúvida, daqueles que dificilmente será esquecido. Ficará marcado na história pelos acontecimentos negativos ocorridos no Brasil e no mundo. Esse é o sentimento das pessoas”, diz Grazziotin.
Mas, por outro lado, nem que seja apenas 1 fato positivo houve sim! É claro! Mesmo que seja, somente e só, um ato notável, de êxito. Extraordinário. Onde a sociedade se mostrou. Divino. Que ficará na história para sempre, para o início de um horizonte progressista do Brasil, na vida cultural, na artística, na esfera política, e na econômica.
Que jamais será esquecido tal nascer dos anos a partir de 2016, apontando para frente. Ano em orientação à alta-cultura. Acontecimento esse verdadeiramente um marco histórico prodigioso. Incrementando sim o Brasil em direção a modernidade, a reformas e mudanças positivas e progressistas. Enfim: admirável.
Tal fato luminoso e sui-generis foi o:
— «Tchau querida!»
Eis aí um momento progressista, no ano de 2016. Sem PeTê.
Puxa vida, temos algo de semelhante. Me deparei por um instante enquanto lia, pensando nos momentos em que me deliciava com uma dose de whisky enquanto ouvia Pink Floyd e pensava na brevidade de tudo. Essas lembranças de fatos que aconteceram , se me recordo bem, há uns bons quinze bem medidos anos. Não perdi o gosto pela música boa, aliás acredito que refinei ele mais, mas a imagem ficou para sempre eternizada. Mas “toca pra frente” pois 2016 já está no fim e 17 bate à nossa porta. De que forma for, seja bem vindo e vamos vivê-lo cheio de esperança de que cada dia seja melhor.
Só o esforço que fizemos para tirar a Indesejada de cena, já valeu 2016!!!!