Lembranças de um sexagenário

Time campeão de 1981 (Crédito: UAI/EM)

É um jogo que mexe com todos os apaixonados pelo esporte nacional mais apreciado. É o grande clássico de Minas Gerais. Anos atrás, Villa Nova duelava com o Galo, depois, o América assumiu o posto, agora, o espaço pertence ao lado de lá. Sempre fomos protagonistas deste espetáculo.

O novo Mineirão, conhecido como nosso salão de festas, já recebeu grandes públicos. Atualmente, a situação não se repete. As atuais normas de segurança, obrigatoriedade de instalação de cadeiras, entre outras mudanças impostas pelo padrão FIFA, diminuíram drasticamente a capacidade do estádio da Pampulha. Já fui a jogos com mais de 120 mil pagantes. Nunca mais veremos isso. Infelizmente.

O Galo é responsável pelos maiores públicos do estádio, embora exista um discutível borderô sobre essa questão. Numa decisão em que o Atlético não participou, foram registradas 130 mil pessoas presentes. Ao que consta, crianças e mulheres não pagaram ingressos e a ordem era “rodar a roleta” para alcançar um número virtual. Na oportunidade, segundo os registros, pagaram ingresso 74.857 torcedores. Coisa muito parecida com fatos recentes e até do passado, né, Benecy?

Já tive o privilégio de ver grandes decisões, como aquela de 1977, quando o Galo encantou o mundo com um time basicamente formado nas categorias de base.  Vencemos os dois jogos por dois a zero. No primeiro, gols de Reinaldo e Marcelo. No segundo, a dupla que infernizava os adversários e tirava o sono de nossos desafetos balançou as redes: Reinaldo e Marcelo. Partida esta que teve direito a goleiro de camisa amarela ser fotografado desolado depois de levar um gol Atleticano.

Em se tratando de importantes decisões, vale registrar o hexacampeonato (1978-1983), ocasião em que o Galo colocava quatro Torcedores por um do adversário nos clássicos do Mineirão. No ano de 1977, na decisão Revétria/Ortiz, o Atlético perdeu o título por lambança de um bandeirinha de Minas Gerais. O auxiliar assinalou um impedimento inexistente de um gol que culminaria no troféu. O túnel do adversário ficava em cima dele e a pressão foi decisiva ao “erro”. São Tiago que o perdoe!

São muitas lembranças. No Brasileiro de 1999, época de mata-mata na fase final, em sétimo lugar, o Galo pegou o segundo colocado geral. Qual era o time? Acertou. As quatro chaves das quartas de final previam até três jogos para decidir quem avançava. As duas partidas do clássico mineiro registraram os placares de quatro a dois e três a dois. Lembro-me que Levir Culpi era o treinador do lado de lá. Quando definiu os adversários, ele tremeu e avisou que havia perdido a vantagem da tabela de classificação.

Crédito: Google

Nossa hegemonia no Mineirão permanece, mesmo depois da reforma. Desde a reinauguração, o Galo venceu dois dos quatro títulos disputados no estádio. Entre todas as grandes decisões no Gigante da Pampulha, uma teve sabor diferenciado. Na única oportunidade de dois clubes mineiros decidirem um título nacional, deu Galo. Depois de vencer a primeira partida no Horto, fomos para o último jogo – anunciado por Goulart como “quarta-feira tem mais”. E teve mesmo. Se na primeira foi dois a zero, desta vez o placar foi mais magro. Um a zero. Galo campeão em cima do rival.

Noutra ocasião, caprichosamente, perdemos excelente oportunidade de fazer uma grande decisão mineira. Foi em 1987, quando o futebol brasileiro ensaiou moralizar com a criação do “Clube dos 13”, que deixaria a CBF à deriva com o torneio denominado Copa União. Mais à frente, alguns clubes cederam à pressão da entidade. Teve presidente de time mineiro que ajudou a instituição na manobra, devolvendo a organização a quem sempre defendeu o eixo Rio-São Paulo.

Mas vamos ao que interessa: a quase final mineira. Pelo regulamento, embora tenha vencido os dois turnos, o Galo deveria fazer uma semifinal com o segundo colocado da segunda fase. Era o Flamengo. Na outra chave, o Internacional venceu o primeiro turno, pegou o outro de Minas, que liderou o returno. Fomos eliminados na véspera, num resultado inesperado, frente aos cariocas. Foi aquele foguetório dos não Atleticanos. No dia seguinte, eles consideravam-se vitoriosos. Porém, ainda restava o Internacional, em Belo Horizonte.

Como o castigo anda de mãos dadas com os precipitados, a final acabou sendo entre cariocas e gaúchos. Perdeu, de certa forma, o futebol mineiro. Não fizemos a final mineira de campeonato nacional. Trata-se daquele título que o Flamengo reivindica nos tribunais, uma vez que ambos se recusaram a fazer o cruzamento com Sport e Guarani.

Para finalizar, agradeço ao povo de Divinópolis que abraçou a biografia e o livro infantil sobre nosso ídolo Reinaldo. Receptividade muito boa. Não posso deixar de repudiar os lamentáveis fatos que ocorreram na manhã de ontem, na Cidade do Galo. Tem Torcedor confundindo as coisas, balizando as ações com violência e agressão. Nossa briga deve dentro de campo, com suor e dedicação. Sem mais.

Blogueiro

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  • Bom dia Eduardo. Sou do tempo em que chegávamos no Mineirão e éramos embalados pela charanga do Julio o mais amigo. Hoje depois da invasão destas Torcidas Marginalizadas não sou muito de ir ao mineirão, devido ao perigo de assistir a embates entre as mesmas. Com relação aos incidentes de sábado à polícia devia prender os dirigentes da torcida, tendo em vista que os marginais fora levados por eles, e não adianta soltar notas tentando justificar. Já passou da hora destas figuras serem proibidas de frequentarem estádios.

  • Foi sofrido demais. Jogamos com o regulamento debaixo do braço. Mesmo assim, achei o time sem pegada. Robinho, Marlone e Maicosuel foram uma decepção, praticamente jogamos com três a menos. Mas contudo, gostei do desempenho defensivo da Equipe, principalmente se levarmos em conta o desgaste físico no jogo do meio da semana e dos protestos de sábado.
    Vale a pena ressaltar o apoio dos VERDADEIROS ATLETICANOS que estiveram no CT hoje, incentivando os nossos atletas na saída para o Mineirão.
    Estamos contudo para comemorar o 44o. título Mineiro e ganhar confiança para a temporada.

  • Enquanto os dirigentes forem reféns das organizadas teremos isso, tem de banir organizadas do futebol, torcedor que leva familia, amigos e vai torcer e quando perder vaiar e cobrar dentro do estadio, este sim é benéfico para o futebol.

  • O protesto é válido sim e grande parte da torcida em algum momento até pediu isso. Só não concordo com vandalismo. Hoje não podemos perder! Joguem a vida. Chega de perder pras Marias ...

    • Protesto válido é no estádio. Ninguém tem o direito de ir no local de trabalho do jogador e quebrar carro, meter o dedo na cara de jogador. Ainda mais num momento em que o time vem crescendo. Reafirmo meu comentário anterior: isso para mim é coisa de cruzeirense, querendo tumultuar o ambiente. Aliás, a Galoucura há muito tempo mais atrapalha do que ajuda. Verdadeiros atleticanos são os Galo na Veia Preto, Prata e Branco e os outros torcedores que pagam seus ingressos e apoiam o time. "Torcedor" de organizada torce mais pela própria torcida organizada do que pelo clube.

  • Recordar é viver. Eduardo, aguce nossa memória, como é bom pensar e relembrar o passado. Recooorrrdarrr é viiivvveeerr....

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