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Eduardo de Ávila
Defender, comentar e resenhar sobre a paixão do Atleticano é o desafio proposto. Seria difícil explicar, fosse outro o time de coração do blogueiro. Falar sobre o Clube Atlético Mineiro, sua saga e conquistas, torna-se leve e divertido para quem acompanha o Galo tem mais de meio século. Quem viveu e não se entregou diante de raros momentos de entressafra, tem razões de sobra para comentar sobre a rica e invejável história de mais de cem anos, com o mesmo nome e as mesmas cores. Afinal, Belo Horizonte é Galo! Minas Gerais é Galo! O Brasil, as três Américas e o mundo também se rendem ao Galo.

A fome de bola da juventude nem sempre basta

Paulo Peixoto

As partidas do CAM nesse campeonato Mineiro 2022 tem nos proporcionado ver dois Galos em campo: o time titular herdado por Antonio Mohamed e os times alternativos montados por ele para jogar as partidas disputadas fora de Belo Horizonte.

É claro que existe uma discrepância enorme entre os dois times e nem sequer é possível cogitar algum tipo de comparação entre eles. Então, o que chamou a minha atenção foi o desempenho destoante de alguns jovens jogadores nas partidas contra Villa Nova e Uberlândia, muito aquém do que nos acostumamos a ver do Galo de 2020 e 2021, com a prevalência do jogo coletivo e muito toque de bola.

Tenho notado há um bom tempo que falta às divisões de base uma organização tática coletiva, mais afeita ao futebol praticado atualmente mundo afora. Ainda vemos times da base correndo desnecessariamente, jovens jogadores prendendo e correndo demais com a bola nos pés, dando a impressão de que estão competindo não apenas com o adversário do jogo, mas também com os companheiros de time.

Sempre ouvi a voz popular dizendo que a garotada tem que jogar solta mesmo, mostrar sua fome de bola, seu talento etc. e tal. A questão é que o jogo é coletivo e não pode ser cada um querendo mostrar o seu talento individual. Isso tem que se dar naturalmente dentro do jogo tático, para o qual devem ser preparados.

O primeiro tempo da partida contra o Villa Nova foi de total desencontro do time em campo. Esse desencontro teria sido pelo fato de Mohamed ter escalado quatro atacantes, como muitos apontaram? Eu não sei. Mas eu achei que boa parcela do desacerto esteve no lado do campo em que estavam os jovens Echaporã, meia-atacante, e o meio-campista Castilho. Tive a impressão de que eles não se acharam em campo, eram figuras isoladas em um time já bastante desequilibrado.

Aí veio o jogo contra o Uberlândia, quando essa impressão foi reforçada no segundo tempo da partida contra o fraco time do Triângulo. O Galo vencia e a molecada foi entrando em campo:  Neto, Castilho, Micael e Echaporã. Achei que o time perdeu o pouco do conjunto que existia. Com a garotada prevaleceu a correria com a bola, a posse individual, o passe esticado em demasia. Outro tipo de jogo.

A juventude é um período muito bom da vida. É quando estamos mais abertos para experimentar e conhecer. Os passos são muitos, por isso acertamos e também erramos demais. Então, esses jovens jogadores estão aí para acertar e errar. E para aprender com tudo isso. Cabe aos seus experientes instrutores e técnicos orientá-los bem quando estão em um esporte coletivo, no caso o futebol.

Quero aqui fazer distinção a um outro jovem meio-atacante atleticano, o colombiano Dylan Borrero, que chegou ao Galo com 18 anos e, ao invés de ir para as divisões de base, se manteve no grupo profissional principal do CAM, sob o comando de Jorge Sampaoli e, depois, sob Cuca.

Talento à parte, a entrada desse jovem jogador nas quatro partidas jogadas até agora pelo Galo no Mineiro 2022 mostra uma evolução tática muito boa conquistada por ele. E jogando pela esquerda, pela direita e também às vezes centralizando as suas jogadas. Tem muito ainda a oferecer, mas a cada entrada em campo ele conquista mais espaço e ganha credibilidade.

Borrero esteve presente no banco de reservas quase sempre com Cuca e Sampaoli, o que significa que ele participou ativamente de toda a preparação com os titulares para o jogo seguinte –concentração, preleções, vestiário, pressão, vibração, treinos, cobranças… Em 2020, Borrero participou de dez partidas e deu uma assistência para gol. Em 2021, foram 26 partidas jogadas. Ele marcou dois gols e deu três assistências.

O caso de Borrero mostra o quanto é importante o garoto estar bem preparado. Por isso é necessário ter nas categorias de base treinadores de ponta, e cabe ao clube dar assistência a esses garotos digna de grupos de jogadores profissionais. É na base que se forma. Poucos têm e terão a chance de ter a formação que Borrero está tendo entre os profissionais. Faltariam novos Barbatanas ao Galo, não só para olhar para os jovens talentos, mas principalmente prepará-los?

Eu nunca tive a oportunidade de ver uma boa atuação do jovem Savinho. Tudo o que sei dele é o que dizem sobre ele: que é uma joia, um talento. As poucas vezes que o vi em campo com Sampaoli, principalmente, pouco correspondeu. É claro que ele precisa de mais chances, muitas chances, mas talvez precise também de mais assistência. Muitas vezes os talentos também precisam de impulso.

Assim como o jovem colombiano, Savinho integra o grupo principal dos profissionais desde Sampaoli. Mas, diferentemente de Borrero, ainda não se destacou como joia promissora. Seu melhor momento foi no Brasileiro de 2020, quando participou de oito jogos, mas sem marcar gols ou dar assistências para gol. No Mineiro de 2021, ele jogou em sete partidas e marcou um gol.

Enquanto a atuação de Borrero em jogos do Campeonato Brasileiro saltou de 6 para 15 , na comparação de 2020 com 2021, a participação de Savinho caiu de 8 para apenas 4 partidas, também na comparação entre o Brasileirão de 2020 e 2021.

Temos aí uma questão: se o garoto não está tendo chance de evoluir em número de participações, não seria o caso de devolvê-lo para a base para ele se manter em plena atividade? Devo lembrar que Savinho é dois anos e três meses mais jovem do que Borrero. Isso faz diferença, inclusive fisicamente. Tem muito a evoluir.

Agora que Savinho poderia ter mais chances de jogar nessa pré-temporada 2022, o garoto contraiu Covid e ficou fora do início dessa “peneirada” no profissional. Mas como sorte vai e vem, talvez amanhã, contra a URT, ele possa ter a sua primeira chance sob Antonio Mohamed para mostrar o seu talento e a sua determinação.

Com o elenco que o Galo tem atualmente não vai ser fácil para a meninada encontrar seu espaço. Por isso cada um deles terá que se desdobrar e agarrar com toda força as poucas oportunidades que aparecerem, com personalidade e espírito de grupo.

Já os comandantes da base do Galo têm grande responsabilidade na formação dos garotos. E tão importante quanto a responsabilidade, eles têm que ter competência e capacidade para lidar com esses jovens. Há muito tempo a base do Galo precisa de uma boa sacolejada. Vai nessa, CAM!

11 thoughts to “A fome de bola da juventude nem sempre basta”

  1. Boa Tarde,

    Antes de iniciar, minhas palavras serão para parabenizar pelo texto de hoje.
    Excelente, disse tudo.
    Minha visão é igualmente ao texto, enquanto um aproveitou o fato de estar sendo treinado por excelentes treinadores, outro parece não ter tido o mesmo proveito.
    Daí, o que estamos vendo é um subindo de produção e aparecendo e o outro sumindo.
    Quanto ao comportamento do empresário do Sávio, creio que é jogo de cena para antecipar a prorrogação do contrato e com um aumento “injustificado”.
    Quero lembrar que o Endrick do Palmeiras que com 15 anos e jogando entre jogadores de 21 anos na Copa SP de Juniores se destacou, marcou gol, deu assistências e demonstrou futebol diferenciado.
    Exatamente o que todos nós atleticanos estamos esperando ver no Sávio, isso faz 3 anos.
    Não concordo com aqueles que dizem que ele não teve oportunidades, teve, apenas não aproveitou nenhuma.
    Acredito muito que ele deslumbrou, uma segunda hipótese seria ser ele um bom jogador, de habilidade destacada entre os demais da sua idade e que querem fazer dele uma “jóia” fabricada por DVD.
    Falando em DVD, antes de vê-lo jogando, quantos de nós já tinha visto ele bater aquelas faltas perfeitas em treinos e quando teve oportunidade no jogo, faiou…mascou…
    Se querem falar em oportunidades, menciono aqui outros que demonstraram valor e não tiveram as oportunidade que ele teve: Alessandro Vinícius, Júlio César, Luiz Felipe, Guilherme Santos e até mesmo o Felipe Felício que só entra em final de jogo quando o placar já está definido.
    Para mim o Sávio juntamente com outros devem ser emprestados ao final do mineiro, assim poderão se preparar melhor para jogar no profissional do Galo.
    Lembro bem o Paulo Autiori que quando foi técnico do Galo falou e exigiu que as categorias de base jogassem no mesmo esquema do profissional, porque viu que existia um déficit na formação de laterais motivado pelos técnico da base preferir jogar no 3-5-2, isso é incabível, é mudar o objetivo da base, que seria revelar atletas para o profissional.
    Hoje estamos vendo jogadores como Calebe, Guilherme Castilho, Vitor Mendes, Nathan Silva, Matheus Mendes e o próprio Borrero que já são realidade, então não podemos dizer que no Galo não existe oportunidades.
    Não importa o caminho, o que importa é o jogador encarar com vontade e não esperar que as coisas caem do céu no seu colo.

  2. Prezados Ávila, atleticanas e atleticanos!
    Não sei porque tanta implicância com os garotos! Até agora, nenhum comprometeu. Todos jogaram bem. Vamos abraçar os garotos da base, porque somente eles podem ser a redenção financeira do Galo. Com os medalhões temos paciência, mesmo quando erram e com os garotos uma cobrança, para mim, exagerada. Vamos prestigiar a base! Sou defensor dos garotos porque o melhor time do galo foi formado na sua base.
    Toda vez que há uma cobrança exagerada dos garotos, estamos amputando o seu desenvolvimento.
    Vamos aguardar! Ainda é muito cedo para desacreditar da evolução dos moleques.

  3. Nada de novo no front , a mesma “aí, a base” .

    Categorias infantis não FORMAM jogadores , REVELAM atletas .

    Zé das Camisas é INSUPERÁVEL na história do Atlético .

    Nacional de Manaus era o estágio que a garotada precisava para NÃO DEIXAR de DISPUTAR , condição necessária para o desenvolvimento do atleta .

    Além do Campeonato de Aspirantes, onde de dava “cancha” para o jogador aparecer .

    Esquemas são feitos para se aproveitar as CARACTERÍSTICAS de cada jogador , e NÃO para engessá-lo , vide o caso do Nacho a jogar em um QUADRADO que NÃO aproveita o seu futebol REDONDO .

    Porém, cada um entenda como bem quiser .

    Gostei foi do TEOBALDO a lembrar o “o coletivo-apronto” :
    reportei-me aos tempos do Deca, quando , ao lado do Cássio e o Batata, éramos chamados para participar do treinamento com os “profissa” e a gente partia pra cima dos titulares com vontade, tomando porrada até aprender a se safar .

    Era simples assim : sem “professor”, sem “comissão tecnica” , sem “esquema” , sem p@@@ nenhuma, apenas uma BOLA e vontade de jogar futebol .

  4. Olá amigos da bola!

    Num clube como o Galo, é preciso a unidade das coisas, nada pode ser fragmentado!

    Portanto, o estilo de jogo praticado no profissional, tem que ser desenvolvido na base também!

    Hoje, temos no profissional treinador estrategista/ofensivo! Ótimo!…

    E na base?

    Infelizmente só tem retranqueiro. Filosofia ridícula de jogo!

    Acho que é por isso também, que raramente Galo revela bons atacantes.

    A prioridade dos caras, é “somente” defender.

  5. Bom dia! É muito pessimismo e pré rejeição aos atletas jovens viu!! Ê torcida antipática viu!! Disse aqui semanas atrás que o Gabriel Jesus levou 17 jogos pra marcar o primeiro gol pelo Palmeiras, isto é impossível de acontecer aqui, já estaria queimado na terceira ou quarta partida, aqui querem que surja alguém no mínimo como Reinaldo ou Cerezo, vide também o que fizeram com Alan, Everson, Mariano, e outros vários.
    Eu só irei atestar que este ou aquele atleta contratado ou revelado não tem potencial pra vestir a camisa do CAM se este tiver uma boa sequência e ou oportunidades seguidas no elenco titular, pois estará atuando num time acertado. Vamos ver a escalação amanhã, se for como alguns desejam, dará pra observar alguns dos criticados acima no blog. Ainda insisto que deveríamos ter um time disputando a série B do Ruralzão pra sim ver estes atletas jovens e aqueles com poucas chances no elenco principal disputando jogos “pegados”, valendo três pontos; até porque nossa camisa está muito distante de várias regiões do interior de MG.

  6. O Barcelona faz extamente isso, todas as categorias jogam no mesmo esquema do profissional, exatamente para formar e preparar jogadores para subirem e reforçar o time principal.

  7. Post impecável esse de hoje. Não sei se atualmente, com tantas modernagens, ainda há espaços para aquele tipo de treinamento chamado “coletivo-apronto”, muito comum até a década de 1990, quando os titulares jogavam contra os reservas (hoje são os alternativos – putz!!!), mas seria bom ver esse embate no plantel do Atlético. Em relação ao Savinho, ainda tenho fé nesse cara! Recuso-me a acreditar que um jogador como ele, que frequentou todas as seleções de base do país, que ascendeu ao time profissional com 16 anos e por lá ficou sob a batuta de dos técnicos experientes E QUE RECEBE TANTOS ELOGIOS DE TODOS QUE O VIRAM JOGAR COM FREQUÊNCIA NAS DIVISÕES INFERIORES, seja um enganador desprovido de talento. Além do exposto, o cara só tem 18 anos e não atingiu o ápice do desenvolvimento físico. Desse modo acho que o investimento nele ainda será recompensado no longo prazo. Assim sendo, descartá-lo ou negociá-lo por algo ínfimo poderá ser um grande prejuízo.

    1. Bom dia Savinho. O contrato do Savinho termina em setembro de 2023. É obvio, que ele e seu empresário, podem esperar o tempo passar e sair livre para outro time. Eu até acredito que a estratégia de jogar só na seleção faz parte dessa estratégia. Morcega no Galo, joga bem na seleção. Com 19 anos estará livre para ir para o Arsenal . Então galo, vende esse cara agora….Aqui ele vai fazer corpo mole. O empresário já deve ter um contrato de gaveta com algum clube do exterior ….Acorda gente! Savinho e seu empresário já decidiram isto. Basta o galo fazer a proposta de renovação e vai ganhar um sonoro nao. E se colocar para jogar ele vai continuar morcegando e na seleção atuando bem….

  8. Boa dia Massa, PP e Guru.

    É histórico que a base do clube não revela jogadores e a pergunta é uma só: porque, se temos a melhor estrutura física e administrativa do Brasil?
    Confesso que por mais opiniões que ouço ou leio sobre o assunto, não consigo achar argumentos convincentes.

    Santos, Florminen C e o próprio melequinha, são clubes que lançam jogadores às pencas porque não têm dinheiro para contratar e se vêm obrigados a buscar a base para reforçar.

    Em contrapartida Palmeiras e Grêmio, são times onde não falta grana e eles sempre têm revelado jogadores.

    O segredo, talvez nos dois casos seja a paciência da torcida que não cobra dos jogadores o retorno imediato quando entram nas partidas, ao contrário da nossa, que simplesmente no primeiro erro já crucificam a garotada.

    Sinceramente vejo como única saída o que vem sendo praticado pelo clube, o empréstimo de jogadores Afinal de contas, nos últimos 10 anos que me lembro, nenhum jogador que tenha saído da base sem antes passar por outro time, vingou.

    Então meus caros, vamos parar de nos iludir e aceitar que o empréstimo de Savinho, Echapoã, Felipe Felício, Neto e qualquer outro jogador que vier da base é a única saída, porque a chance deles serem aproveitados no elenco que temos hoje é simplesmente zero.

    E pelo amor de Deus vamos parar com esta história de Joia. Já deu!

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