Penny Dreadful explora na TV temas batidos

por Rodrigo “Piolho” Monteiro

Penny Dreadful

Muito populares na Inglaterra no final do século XIX, Penny Dreadfuls eram histórias lúgubres, com temática sobrenatural e terror gótico, publicadas de maneira serial ao longo de diversas semanas ao preço de um centavo (um penny), principalmente em Londres. Esse tipo de publicação foi o que inspirou o produtor e roteirista John Logan (que escreveu filmes como Skyfall, 2012, e A Invenção de Hugo Cabret, 2011) a desenvolver a série homônima para o canal americano Showtime.

A exemplo das histórias que lhe inspiraram, Penny Dreadful se passa na Inglaterra no final do século XIX. A história tem início quando a filha de um famoso explorador, Sir Malcolm Murray (Timothy Dalton, de O Turista, 2010), é abduzida por uma estranha criatura que é tão antiga quanto o tempo. Um predador voraz, que aparentemente objetiva se apoderar da outra filha de Malcolm, Vanessa Ives (Eva Green, de 300: A Ascensão do Império, 2014), uma jovem com poderes paranormais que pode se tornar uma ameaça, usando sua irmã como isca.

Episode 1

Para resgatar Mina das garras da criatura, Sir Malcolm recruta a ajuda de um ator de shows de faroeste, um excelente atirador que atende pelo nome de Ethan Chandler (Josh Hartnett, de 30 Dias de Noite, 2007) e que procura fugir de seu passado, e do doutor Victor Frankenstein (Harry Treadaway, de O Cavaleiro Solitário, 2013), um cientista fascinado por experimentos envolvendo a vida e a morte e uma certa busca pela imortalidade.

A exemplo de diversos filmes, livros e quadrinhos anteriores (sendo o mais famoso deles A Liga Extraordinária, de Alan Moore, que gerou um terrível filme homônimo em 2003), Penny Dreadful procura combinar personagens consagrados da literatura inglesa do século XIX com outros originais em uma mesma história. A série tenta criar a ambientação de histórias consagradas naquele período, trazendo um pouco da modernidade que caracteriza boa parte das produções para TV atualmente, especialmente no que diz respeito ao erotismo e violência. Nudez e corpos desmembrados são coisas quase rotineiras aqui.

Mesmo com a boa recriação quase fiel da Londres do fim do século XIX, uma cidade que pouco antes havia passado pelo trauma de Jack, o Estripador, e da presença sempre competente de Eva Green, a série promete mais do que entrega. A história principal, apesar de interessante, não parece muito coesa, os roteiristas querem incluir o maior número de referências vitorianas possível (o monstro de Frankenstein, o Dorian Gray de Oscar Wilde e o dr. Van Helsing de Bram Stoker são personagens que aparecem e se integram à história ao longo da série), sendo que algumas dessas participações parecem relativamente forçadas. Essas aparições, ao contrário de agregar valor à trama, acabam tendo o efeito contrário. Talvez, investir em uma história completamente original, com menções pontuais sobre a presença desses personagens na Londres da época, fosse uma jogada mais inteligente.

Apesar desses pontos negativos, Penny Dreadful, cuja primeira temporada foi programada para oito episódios, conseguiu ser chamativa o suficiente para ter sido renovada para uma segunda temporada. Esperemos que até lá seus roteiristas acertem o passo e dêem à trama mais atenção do que à necessidade de incluir participações especiais. A estréia por aqui está programada para o dia 13 de junho, na HBO.

O Dr. Frankenstein investiga criaturas estranhas

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Sobre Marcelo Seabra

Jornalista e especialista em História da Cultura e da Arte, é atualmente mestrando em Design na UEMG. Criador e editor de O Pipoqueiro, site com críticas e informações sobre cinema e séries, também tem matérias publicadas esporadicamente em outros sites, revistas e jornais. Foi redator e colunista do site Cinema em Cena por dois anos e colaborador de sites como O Binóculo, Cronópios e Cinema de Buteco, escrevendo sobre cultura em geral. Pode ser ouvido no Programa do Pipoqueiro, no Rock Master e nos arquivos do podcast da equipe do Cinema em Cena.
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