por Marcelo Seabra
Bradley Cooper está se firmando como um ator versátil e competente, e seu novo trabalho só reforça essa imagem. Com estréia marcada para sexta-feira, Sem Limites (Limitless, 2011), é um filme divertido, com certa dose de suspense e uma premissa bem interessante: e se uma droga nos permitisse usar mais o nosso cérebro? Em quais armadilhas iríamos inevitavelmente cair? As situações apresentadas são bem encadeadas e propõem boas respostas para essas perguntas.
Uma coisa muito irritante que pode acontecer com um filme é forçar seu protagonista a fazer escolhas burras apenas para sustentar um roteiro safado. Não é o que vemos aqui. Eddie Morra (Cooper – ao lado) tem um contrato para escrever um livro, mas não sai nada e seu prazo está estourando. Sua namorada (Abbie Cornish, de O Brilho de uma Paixão, de 2009) se cansou de acompanhar um carismático perdedor e o deixa. De repente, ele encontra um ex-cunhado e recebe um presente: uma droga sintética que aumenta a performance do cérebro, melhorando a percepção, raciocínio, memória e disposição física.
Enquanto vai conhecendo os efeitos da droga e tendo dimensão do poder que passa a ter, Eddie começa a pensar grande e logo desiste de ser um escritor, chegando a ser o novo prodígio de Wall Street. É nesse momento em que ele cruza o caminho de Carl Van Loon (Robert De Niro, que dispensa apresentações – ao lado), um milionário que está prestes a promover uma grande fusão de empresas. Eddie se torna então peça do jogo de Van Loon, mas depende totalmente da manutenção do seu estoque da droga.
É possível observar em Sem Limites algumas referências a novos clássicos, principalmente Clube da Luta (Fight Club, 1999) e The Matrix (1999). O segundo chega até a ser citado em um diálogo cômico. O livro que deu origem ao filme, The Dark Fields, de Alan Glynn, foi lançado pouco depois do lançamento desses filmes, o que pode explicar algum traço em comum. Mas ele é original o suficiente para se sustentar sozinho.
Outro trunfo é o elenco. Bradley Cooper já participou de muitas séries (como Alias, 2003, e Nip/Tuck, 2007) e teve pequenos papéis no cinema (como em Sim, Senhor, de 2008, e Ele Não Está Tão a Fim de Você, de 2009). A grande virada veio com Se Beber, Não Case (título que alguma mente criativa extraiu de The Hangover, 2009). E seu principal coadjuvante, Robert De Niro, consegue sair um pouco do piloto automático que o tem conduzido há alguns anos, mesmo que seu personagem não tenha muita profundidade.
Situações e personagens vão envolvendo o protagonista de forma bem natural, empurrando-o a certas reações que parecem fugir ao seu controle. Tenho que concordar que há subtramas desnecessárias e/ou mal resolvidas, um buraco ou outro de roteiro que podem ser encontrados após as luzes se acenderem, mas nada que comprometa. A edição ágil é determinante para o resultado. Um recurso visual bem interessante é utilizado para mostrar como Eddie vê o mundo sob o efeito da droga, com cenas aceleradas e editadas com precisão.
Essas duas parecem ser exatamente as características mais óbvias nos principais trabalhos do diretor Neil Burger: um roteiro não muito cuidado e um visual instigante. Ele é também responsável por O Ilusionista (The Illusionist), que deixou muito a desejar nos idos de 2006. No entanto, aqui Burger atinge um resultado muito superior, oferecendo uma história mais original e bem amarrada que o drama do mágico Eisenheim (Edward Norton – abaixo), que tinha personagens que beiravam o ridículo e que nunca chega a explicar seu maior trunfo, o número que trazia de volta os mortos.
Aguardo ansiosamente o lançamento! Não, não do filme. Mas das pílulas de NZT!!! =D
Marquei a dica! =D
Ahhhhhh eu adorei o Ilusionista =O
Então, você deve gostar mais ainda deste. O Ilusionista me decepcionou bastante…
Abraço!