Chico Xavier volta aos cinemas em nova produção nacional

por Marcelo Seabra

Depois de uma maratona de pré-estréias pelo país, o longa As Mães de Chico Xavier (2011) chega ao circuito comercial nesta sexta-feira. Mais um exemplar do chamado cinema transcendental, o filme traz novamente o médium Chico Xavier como personagem, assim como foi no filme homônimo lançado no ano passado. E, mais uma vez, com o ator Nelson Xavier no papel.

Apesar de o espiritismo estar em alta no cinema e de o famoso médium ter grande importância na história, a equipe de produção alega não tratar-se de um filme religioso. “É um filme para todo mundo. É um filme para espíritas, mas não só para eles”, conta um dos diretores, Glauber Filho, ao Portal G1. Ele repete a parceira de Bezerra de Menezes (2008), co-assinando com Halder Gomes. Segundo a própria equipe, eles têm tido boa aceitação por onde passam, recebendo cumprimentos diretamente do público.

Baseado no livro Por Trás do Véu de Ísis, do jornalista Marcel Souto Maior, o longa acompanha o drama de três mães que enfrentam dificuldades: a jovem Lara (Tainá Müller) se descobre grávida do namorado; o filho de Ruth (Via Negromonte) tem problemas com drogas; e o garotinho de Elisa (Vanessa Gerbelli) é tudo que ela tem, já que o marido é ausente, e ela desmorona quando ele tem a saúde abalada.

Tainá, Via e Vanessa

Sou simpático ao tema e gostei bastante dos dois grandes exemplares do filão lançados anteriormente, em 2010: Chico Xavier e Nosso Lar. Mas As Mães de Chico Xavier não repete o bom resultado de seus “irmãos”, sendo mais cansativo e previsível. Afinal, podemos presumir que todas as personagens sofrerão grandes perdas e, após conhecerem Chico Xavier, serão confortadas por mensagens de seus entes queridos. Não deixa de ser interessante, já que se baseia em fatos e traz supostas provas do contato do médium com os desencarnados. Mas a forma como a trama é conduzida é arrastada, demorando a chegar no ponto que todos esperam. E a trilha irritante do mineiro Flávio Venturini não ajuda, é repetitiva e não remete à maestria com a qual estamos acostumados quando trata-se do cantor e compositor.

No elenco, além das três atrizes já citadas e de Nelson Xavier (ao lado), temos também Herson Capri (em cartaz na novela das nove), Gustavo Falcão (de A Máquina, 2005) e Caio Blat, que emplacou três projetos em 2010: As Melhores Coisas do Mundo, o Bem Amado e Bróder. Na pré-estréia de Belo Horizonte, estavam presentes Xavier, Via Negromonte, Falcão, Célia Diniz, Venturini, o diretor Glauber Filho e o produtor Eduardo Girão.

Apesar das observações levantadas acima, As Mães de Chico Xavier tem uma produção bem cuidada e boas atuações, o que traz ao projeto alguns pontos positivos. Os seguidores da doutrina espírita provavelmente vão gostar, mas não deve atingir o grande público como fez o longa de Daniel Filho em 2010, que encantou o Brasil com a bela história de vida de Chico Xavier.

Sobre Marcelo Seabra

Jornalista e especialista em História da Cultura e da Arte, é atualmente mestrando em Design na UEMG. Criador e editor de O Pipoqueiro, site com críticas e informações sobre cinema e séries, também tem matérias publicadas esporadicamente em outros sites, revistas e jornais. Foi redator e colunista do site Cinema em Cena por dois anos e colaborador de sites como O Binóculo, Cronópios e Cinema de Buteco, escrevendo sobre cultura em geral. Pode ser ouvido no Programa do Pipoqueiro, no Rock Master e nos arquivos do podcast da equipe do Cinema em Cena.
Esta entrada foi publicada em Adaptação, Estréias, Filmes e marcada com a tag , , , , , . Adicione o link permanente aos seus favoritos.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *