Culpado, conforme minha própria acusação

Abaixo, segue uma confissão de culpa. Nada de mais, nada diferente de vocês. Apenas um incontrolável desejo de lhes dizer: assumam suas imperfeições

Culpado da acusação. Mas quem não é?

Interessante. Todos nós manipulamos alguém. Diariamente. Pais, filhos, amigos, cônjuges. Por “bem”, quase sem querer, na maioria das vezes, sem grandes consequências para as “vítimas”. Por mal, de propósito, no caso dos maus-caráteres, aí, sim, com danos irreparáveis muitas das vezes. Manipulação é praticamente uma necessidade humana. Ou melhor, é inerente, quase natural. Parece que nascemos com este dom — ou seria com este vício?

Manipula-se na política e não gostamos. Condenamos os crápulas. Manipula-se nos negócios e chamamos a quem se dá bem de ganancioso. Mas seríamos realmente assim tão diferentes? Digo: se cada um de nós, nas nossas atividades diárias exercêssemos papeis de destaque, de liderança, de influência, não faríamos todos o mesmo jogo de sedução, ou melhor, manipulação? Sim, meus caros, seduzir nada mais é que manipular.

O melhor das Artes é nos fazer refletir. É conseguir que nos enxerguemos nos quadros, nos livros, nas músicas, nos filmes, como personagens de nós mesmos. Ou parte — qualquer parte que seja — de nós. Esta é a beleza do trabalho de quem possui criatividade para criar. Seres humanos são dotados de razão e sentimento, e fazer a ponte entre esses dois extremos é a verdadeira arte.

Putz, como eu admiro os artistas! E entendam como “artista” qualquer sujeito que nos entretenha por mais de 15 minutos seguidos (futebol não vale! Futebol é apenas paixão).

Não sou expert em nada. Leio alguns livros, mas nem sei quem são os autores após alguns meses. Adoro música. Ouço-as com tremenda paixão. Conheço cantores e bandas, mas só. Não sei qual o baterista, o baixista ou mesmo quando ou por quê foram compostas. O mesmo com quadros e obras de arte. Olho e acho bonito. Ou feio! Não tenho profundidade alguma para analisar nada, muito menos para apreciar algo além daquilo que vejo. Apenas gosto da sensação do aprendizado. Gosto de ser capaz de compreender as mensagens — implícitas ou explícitas. E gosto mais ainda quando me servem como luz na escuridão. É o que me diferencia dos, sei lá!, jabutis.

Pois bem. Como se eu estivesse numa sessão de terapia em grupo, me apresento a vocês: me chamo Ricardo Kertzman, tenho 50 anos e, sim, sou um manipulador. Minha atenuante? Também vivo sendo manipulado. E você? Terá coragem para atirar a primeira pedra?

Um brinde às artes!

Leia também.

10 thoughts to “Culpado, conforme minha própria acusação”

  1. Blogueiro, eu agito a primeira pedra.
    Ao contrário do que você defende, nada há de tolerável e admirável em um indivíduo manipulador.
    Normalmente ele usa como instrumento da manipulação a mentira e a desinformação e fraqueza intelectual ou psicológica do interlocutor.
    Quando o manipulador não possuí grande poder ou instrumentos, o prejuízo causado será sobre uma ou outra pessoa. Prejuízo menor.
    Quando, como no seu caso, possui a ferramenta de um forte instrumento de comunicação, o prejuízo será sobre muitos.
    Não se compare com artistas. Arte produz contraponto e reflexão.
    Você e suas idéias são o oposto disso.
    Sua conduta diária e da empresa de comunicação que o hospeda transita muito próximo de ação criminosa.
    As suas postagens constituem provas de divulgação de intolerância e preconceito. Ataques a direitos e instituições.
    Ainda bem que tais provas, por suas características, não podem sumir.

    1. isso mesmo! agite, hehe — em tempos de autoanálise chamariam isto de ato-falho

      Ah, aproveite, reúna suas provas e me processe. Que tal? Topa encarar ou vai ficar neste blá blá blá bundão de sempre?

    2. O problema meu caro Marcelo , como você abordou muito bem , é quando o manipulador possui um grande poder e usa como instrumento a mentira , a desinformação e a fraqueza intelectual ou psicológica do interlocutor . Aí o estrago é assustadoramente abismal , atingindo e condenando um país inteiro à pobreza essencialmente moral . Estou me referindo ao manipulador mor Luís Inácio Lula da Silva , seu ídolo .

  2. Tem razão. Todo ser humano tem o bem e o mal dentro de si, se alguns tem mais ou menos, não tem como medir. O que determina qual dessas porções será utilizada por cada um, em cada momento da vida, são as circunstâncias. Em apenas um dia, podemos ter a necessidade de manipular tanto para o bem, quanto para o mal. É uma ferramenta do ser humano. Agora, a intensidade do mal ou do bem que uma manipulação pode atingir, essa sim, depende da ética de cada pessoa.

  3. Pois é meu caro, quem na vida não é artista? Quem não é político? Todos somos! Desde a criação! Lembra do Adao? Da Eva? E da serpente???????
    Abraços

  4. Ricardo, você “possui a ferramenta de um forte instrumento de comunicação, o prejuízo será sobre muitos.”

    Estou prejudicada, penso igualzinho a ti.

  5. Ricardo: Normalmente leio seus textos. Pessoalmente creio que alguns são fantásticos, alguns uma babaquice outros meramente proselitismo ideológico. Tudo bem, mas você está se desculpando de que?

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *