“Olá, Dr. Douglas Amorim. Espero que possa me ajudar. Vou tentar resumir. Conheci um cara, digamos, um pouco mais velho que eu. Ele está próximo dos 40 e eu tenho 23. Desde que nos conhecemos, me elogia muito, diz que me acha linda e que ficou encantado comigo. Eu, muito carente, me deixei levar. O resultado é que estamos ficando há um tempinho. Ele afirma estar apaixonado por mim, porém, é muito superficial. Nossas conversas são básicas e, às vezes, parece que ele não se interessa em saber mais sobre mim. Ele sempre fala o quão me acha bonita e o quanto gosta de mim. No entanto, parece que é só isso. A impressão que tenho é a de que ele só gosta do que sou por fora, além de desejar fazer sexo comigo. Ele sempre tenta me agradar mas nunca se aprofunda. Será que ele gosta mesmo de mim? Beijos e adoro seu blog”.
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Resposta:
Querida leitora, quando meus leitores e paciente me perguntam o que penso sobre a diferença de idade dentro de um relacionamento, respondo que isso é muito relativo. Penso que muito mais importante que a discrepância das faixas etárias entre os parceiros, seja o nível de maturidade que cada um apresenta, assim como, quais são as propostas que ambos têm um para o outro. Já atendi pessoas que tinham grande diferença de idade e a relação caminhava muito bem, ao passo que, já tive contato com muitos casais que nasceram no mesmo ano, mas que, por vários motivos, não seguiram adiante. Portanto, considero muito simplista avaliar qual será o prognóstico de um namoro ou casamento, somente pela questão etária. A princípio, o fato de você ter vinte e três anos, e ele estar perto de quarenta, não me traz nenhum pensamento sobre a inviabilidade da relação de vocês.
Entretanto, na sequência da sua mensagem, surgiram informações que, aí sim, penso serem importantes para se avaliar o caminho que será escolhido. Em primeiro lugar, você disse que estão ficando há um tempinho e que se deixou levar pela carência. Não podemos condenar ninguém por se sentir carente em determinada fase da vida porque, cá entre nós, todos nós já o estivemos em algum momento. Agora, o que preocupa, é o que você vem fazendo com este sentimento de carência. Se estão na condição de ficantes, isso significa que o próximo estágio – que significaria um patamar mais sério de relação – ainda não foi atingido. Ou seja, estamos falando de namoro. Daí eu começo a me perguntar: se vocês já estão ficando há um tempo e ele diz que está apaixonado por você, por que ainda estão na condição de ficantes?
Apesar de você não ter dito a palavra namoro, o que eu entendo é que, a superficialidade dele te incomoda e muito. Em síntese, você deseja um maior aprofundamento que ele, até o momento, não demonstrou, certo? Aliada a essa ausência de envolvimento, foram mencionados dois aspectos que também me chamaram a atenção. O primeiro, o fato das conversas serem básicas e dele não querer saber muito sobre sua vida. Ou seja, essa postura superficial te faz ficar insegura e ansiosa. E, o segundo ponto, o dele falar constantemente da sua beleza física e gostar de fazer sexo com você. Não há nenhum problema em achar a parceira bonita, boa de cama etc. Aliás, muito pelo contrário. São elogios que qualquer pessoa gostaria de receber. A grande questão é ficar apenas nisso e nada mais, não é mesmo?
Dicas pra você: o primeiro passo é não deixar a carência de dominar. Você é uma mulher jovem que, ao que tudo indica, sabe bem o que deseja em um relacionamento. Não deixe o medo de ficar sozinha ou, de repente, uma autoestima baixa, fazer com que você se não se relacione da forma como realmente gostaria. É nítido que você está numa posição desconfortável e, por consequência, insatisfeita. A partir daí, penso que você tenha dois caminhos a seguir: o primeiro, seria dar mais um tempinho para ver se o discurso e as atitudes dele mudam. Em síntese, averiguar se o envolvimento dele aumenta e se as conversas deixam de ser tão superficiais como você mencionou. Porém, fique atenta para não transformar esse tempinho em um tempão. A segunda alternativa, seria falar tudo que está observando e dizer sobre sua insatisfação e seus reais desejos com ele. Alguns leitores – sobretudo homens – poderiam me interpelar aqui e dizer que, se você forçar a barra, o cara irá acabar indo embora. Pode ser verdade, sim. Mas, querida leitora, ele somente o fará se realmente não quiser nada sério com você. E, mesmo que isso ocorra, pelo menos você estará sendo honesta consigo mesma e não ficará na mediocridade afetiva. Agora é com você! Boa sorte!
Um abraço do
Douglas Amorim
Psicólogo clínico, pós-graduado em Psicologia Médica, mestre em Educação, Cultura e Sociedade
Consultório: (31)3234-3244
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