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Psicólogo graduado pela Universidade FUMEC, Pós-graduado em Psicologia Médica pelo departamento de Psiquiatria e Neurologia da Faculdade de Medicina da UFMG e Mestre em Educação, Cultura e Sociedade pela UEMG, tendo desenvolvido dissertação na área de Violência Contra a Mulher.

Meu irmão me abusou sexualmente com a permissão da minha mãe

abuso sexual infantil

“Caro Dr. Douglas Amorim, meus sinceros parabéns pelo maravilhoso trabalho! Tenho uma cicatriz que não sara com relação à minha mãe. Desde os sete anos fui molestada pelo meu irmão. Ela sabia e dizia que era assim mesmo. Aos nove anos fui abusada sexualmente por ele e perdi minha virgindade (ele estava com 15 anos). Ao contar para minha mãe, ela falou que isso era normal e que os irmãos aprendiam isso com as irmãs. Na escola, durante a aula de ciências, perguntei ao professor como os meninos que não tinham irmãs aprendiam sobre sexualidade, como meu irmão havia aprendido comigo. Resumo: minha mãe negou para o diretor da escola e tive que mudar de colégio por vergonha e chacota dos colegas. Essa foi a última vez que ele encostou em mim. Durante anos, vi minha mãe  dizer claramente que os filhos homens são os que “podem tudo e que nunca quis ter filha mulher porque isso só dava trabalho”. Sempre me senti rejeitada, pois meu pai trabalhava viajando e vinha em casa de vinte em vinte dias. Eu não podia nem pensar em levar problema de casa para ele. Depois destes episódios, minha juventude foi um inferno, em relação às brigas com minha mãe e meu irmão. Aos dezenove anos saí de casa, logo quando arrumei um emprego (no qual estou até hoje com excelente cargo). Minha infância sempre foi reprimida no tocante ao amor de mãe. Nunca ouvi dela um “eu te amo”, por exemplo.  Hoje estou com trinta e quatro anos e vejo que, devido às grandes marcas de falta de afeto, amor e proteção materna, não consigo olhar para ela com tanto amor, como  gostaria. Não consigo tratá-la com carinho.  Hoje ela está idosa;  ainda independente, mas, daqui a pouco,  irá precisar de cuidados. Isso me gera uma ansiedade enorme, pois penso que terei de cuidar dela. Fico imaginando como será isso, porque não consigo vê-la com amor e dedicação. Tais pensamentos me assombram e fico pensando: será que o problema é comigo, uma vez que não consigo superar esses fatos passados?  Ou será que realmente não consigo superá-los  porque a mágoa e as cicatrizes da alma ainda estão tão doloridas, mesmo depois de tantos anos? Por favor, me ajude”.

 

Envie sua dúvida para perguntaUAI@gmail.com     Não identificamos os autores das perguntas

 

Resposta:

Querida leitora, sua história apresenta algumas das coisas que eu mais repudio no comportamento no comportamento de algumas pessoas. A primeira delas, a questão do abuso sexual. A segunda, a conduta omissa e doentia por parte de mãe e/ou pai. Mas, vamos por partes. O que você contou é absurdo, triste e deplorável. Ter um irmão que ficou te molestando durante anos, a ponto de ter feito com que você inclusive perdesse a virgindade, é ter convivido com um monstro durante muito tempo. Puxa vida. Este ato deplorável tirou a oportunidade de você ter dado início à sua vida sexual com quem escolhesse, o que é algo muito importante na vida de uma mulher. Chega a ser constrangedor imaginar este tipo de ato sexual incestuoso, ainda por cima, chancelado pela própria mãe.

Colocar o sexo entre irmãos como algo normal, justificando a conduta do filho em relação à irmã, denuncia o mais alto grau de deturpação da realidade. Foi isso que sua mãe fez. Colocou que é uma obrigação da irmã, satisfazer aos desejos sexuais do irmão, porque é assim que os homens aprendem. Honestamente, eu diria pra essa mãe que os homens não aprendem dessa forma. Isso é doentio e intolerável. Daí, você na mais pura ingenuidade perguntou, durante uma aula de ciências, como os filhos que não tinham irmãs aprendiam a fazer sexo, uma vez que, na sua casa, seu irmão havia aprendido com você. Pronto. A bomba estourou. A aberração que estava restrita às paredes de sua casa havia sido exposta publicamente pela primeira vez. A atitude do diretor foi mais que correta. Chamou sua mãe pra conversar. E ela, do alto de toda a sua covardia e perversidade, negou o que acontecia e, mais que depressa, te transferiu de colégio. Afinal de contas, além de ter te exposto ao ridículo, perante seus colegas, havia sido denunciada por você, de forma inocente.

Duvido muito que ela permitia que isso acontecesse por achar normal. Pra mim, o estado de desajuste psicológico dela, que demonstra um nível de perversidade sem tamanho, apresenta-se no quanto ela não gostava de você e talvez ainda não goste. O que ela considera ideal e concebível é ter filhos do sexo masculino. Meninas só dão trabalho e, por isso, ela nunca queria ter tido uma filha. Ufa! Não bastava só a rejeição? Além disso, tinha de acobertar e chancelar os abusos sexuais sofridos por você, rotineiramente? Que pena que você não teve forças para levar tudo isso ao conhecimento do seu pai. Possivelmente a história teria sido diferente, caso o fizesse. Com a ausência dele, ficava muito mais fácil para seu irmão continuar te molestando e sua mãe permanecer se omitindo. Creio que não ter contato tudo para seu pai – para não trazer problemas pra ele, uma vez que sua permanência em casa era curta – também tenha partido de sua mãe. Ou seja, você tinha de ser estuprada por seu irmão e ficar em silêncio ainda por cima. Não há como utilizar outra expressão. Foi estupro, mesmo.

Dicas pra você: felizmente você saiu de casa assim que te foi possível. Que bom que você fez assim. Permanecer nesta casa seria ainda mais infernal do que já fôra por tanto tempo. Ter encontrado uma boa colocação profissional, na qual está até hoje, foi uma benção, para uma pessoa que passou por tamanho sofrimento. Você nunca ouviu um “eu te amo” por parte da sua mãe e nunca ouviria mesmo. Uma mãe que ama uma filha, não faz o que ela fez. Isso foi uma barbárie totalmente patrocinada por ela. Não há como se discutir isso.  Fico feliz por você ter tido forças pra sair de casa e construir uma carreira de sucesso. Isso mostra que você teve uma estrutura psicológica bastante robusta pra conseguir seguir em frente. Já vi  muitas pessoas passarem por abusos sexuais que, simplesmente, emperraram suas vidas em vários aspectos.

Por outro lado, seu questionamento sobre não conseguir amar a sua mãe como gostaria, te traz tormentas emocionais que, no meu humilde modo de entender, deveriam ser deixados de lado. Eu sei que não é fácil, mas, como você pode cobrar de si mesma, amar uma pessoa que nunca expressou o menor sentimento por você? Aliás, ao contrário. Te inferiorizou o tempo todo patrocinou seu estupro diariamente. É isso mesmo que aconteceu. Você foi estuprada por seu irmão, com o consentimento dela. Desculpe-me pela sinceridade, mas, penso que seja demais cobrar de si mesma, amar, ter carinho e proteger alguém que te fez tanto mal. Não estou aqui, em hipótese alguma, fazendo apologia à vingança. O que estou querendo dizer é que você já foi desrespeitada demais, pra fazer isso consigo mesma. O amor é um sentimento da fluidez e não, da obrigatoriedade. Sentimos ou não sentimos e ponto final. Não se cobre por isso, por favor. O fato de ser sua mãe, pura e simplesmente, não representa uma espécie de obrigatoriedade afetiva. Sei que muitos leitores poderão discordar de mim e têm todo o direito de fazê-lo. No entanto, penso que laços consanguíneos não sejam motivo suficiente para determinar o modo como as pessoas devem se comportar. Com relação ao envelhecimento dela, penso que, caso queira ajudar de alguma forma, não precisa ser necessariamente de corpo presente. Seu irmão pode fazê-lo muito bem, uma vez que é o queridinho dela.Procure viver em paz consigo mesma e construa sua vida sendo feliz da melhor maneira possível, querida leitora. Sua “cota de sofrimento” já está mais do que esgotada. Não carregue nenhum tipo de culpa. A errada, nisso tudo, não é você. Cuide bem de si mesma e respeite-se acima de tudo.

Um abraço do

Douglas Amorim

Psicólogo clínico, pós-graduado em Psicologia Médica, mestre em Educação, Cultura e Sociedade

Consultório: (31)3234-3244

www.douglasamorim.com.br

Instagram:@douglasamorimpsicologo

Canal no youtube: https://www.youtube.com/user/douglasdanielamorim

 

29 thoughts to “Meu irmão me abusou sexualmente com a permissão da minha mãe”

  1. Exatamente, Francisca. Perdoar é um processo. Está muito além de um mero conselho. Requer muita muita muita reflexão, pra se chegar a alguma compreensão do fato e, quem sabe, minimizar a intensidade do trauma. A base de todo estudo que busca o auto conhecimento é aprender a perdoar. Muitos pregam o perdão como discurso religioso decorado, mas ninguém ensina como perdoar. As mesmas pessoas que aconselham o perdão muitas vezes carregam dentro de si o caminhão de ódio, mágoas e ressentimento. Busquemos todos aprender a perdoar, não é fácil, é dolorido, mas a dor é menor do que a dor causada pela trauma. Existem mil e uma técnicas, livros, cursos, mas o principal é o desejo de soltar….e isto requer amadurecimento e tempo.

  2. Amigo, não é porque é pai ou mãe que se deve respeitar ou amar.
    O amor é construído. O perdão não é obrigatório. E não deve ser mesmo.
    Olha o que essa moça passou????

    Chega de juízo de valor. Ela não tem obrigação moral nenhuma nem de amar e nem de respeitar alguém que permitiu que alguém fizesse isso com ela.

    Pesquisa na internet coisas sobre o tema “mães narcisistas”. Você vai descobrir que tem gente que não nasceu para ser mãe, e faz da vida dos filhos um inferno por isso.

  3. Perdoar não é algo que se faça de maneira mecânica. Existe um processo dentro de nós que pode vir o perdão ou não. Ninguém pode dizer que perdoa pra ser considerado bom e sim se acontecer de verdade. E se não conseguir perdoar, não carregue nenhum remorso por isso, afinal pedia não é uma obrigação.

  4. Douglas Amorin concordo plenamente com o que escreveste : “O fato de ser sua mãe, pura e simplesmente, não representa uma espécie de obrigatoriedade afetiva.” Como nutrir amor por uma mãe que agiu desta maneira,sendo cúmplice do filho,deixando abusar da irmã. Lastimo muito você ter passado por isso… É uma cicatriz permanente na alma.
    Parabéns por ter este espaço Douglas,ajudando as pessoas de uma maneira responsável e altruísta.

  5. Olha sem.comentario,ja disseram tudo, sua mae nao gosta de voce, ajude a se puder mas de longe , a obrigação é do lixo do seu irmao, com aquela idade, ja sabe o que faz , porco , lixo.

  6. Tenha sua própria família e seja feliz, é jogue na cara da sua mãe o que significa ser mãe de verdade . É depois mande ela ir para o inferno!

  7. Você é louca e nojenta como a mãe dela! Ela foi estrupada pelo irmão com o consentimento da mãe!!!!!! Você leu direito?????? Quem tem que pedir perdão é a mãe dela pra ela. E não ao contrário. EMPATIA. Imagina se sua mãe tivesse feito isso com você…

  8. Voce foi estuprada pelo seu irmao mais velho com consentimento de sua mae e esta muito bem psicologicamente parabens e ainda pensa em pelo menos ajudar sua mae isto eh muito forte e eu que fui abusado sexualmente aos 5 e ele com uns 18 ainda lembro e eu to praticamente travado aos 31 senttimento indescritivel de medo e odio do meu meio irmao mais velho depois dos meus 5 anos minha mae separou do meu pai e assim como voce nao me lembro de escutar um eu te amo se nao fosse pela minha madrinha acho que teria sido pior minha infancia ja fiz muita coisa errada tentando esquecer e depois de adulto ainda tentando confiar no meio irmao mais velho ainda ajudei com dinheiro fui preso por assassinato solto confiei em morar junto usei drogas para pelo menos tentar esquecer do passado fui envenenado hoje estou com mais de um palmo de cicatriz na barriga meu corpo esta estranho sinto dores nos genitais meu pai esta com problema no coraçao meu irmao do meio com esquizofrenia minha irma morreu ha alguns meses atras e tenho certe que estamos sendo envenenados fora as ameaças que eu recebi e meu pai e meu irmao nao acreditam e meu meio irmao mais velho ainda diz perdoar e esquecer mas nos envenenando ? nao so perfeito e nunca envenenei ninguem com veneno nem meus irmao e nao sei quanto tempo vamos aguenta ta mo inferno aqui nem sair de casa nao saio mais nao confio em nenhuma letra do que eles dizem e ainda disseraam outro dia vai morre na avenida e pedi ajuda a quem ?

  9. Parabens Juliana, nunca devemos pagar o mal com o mal, por mais doloroso que é para essa pessoa, o Perdão será a paz para ela. E perdoar não significa que ela deva ter a mãe e seu irmão dentro de seu lar, ela tirando a magoa de seu coração, Deus a amparará confortando-a.

  10. Concordo com a frase do Dr. Douglas
    “O fato de ser sua mãe, pura e simplesmente, não representa uma espécie de obrigatoriedade afetiva”
    E ele disse isto justamente por ter conhecimento. A partir do momento que ela entender que não tem obrigações afetivas com a mãe à cicatriz dela vai curar. Como você mesmo disse perdoar é para poucos, ela não perdoou, eu não perdoaria e você seria capaz de perdoar se você com você que tivesse acontecido?

  11. Douglas mil vezes parabéns..a mãe, não olhar p própria filha, aceitar e fazer parte disso realmente é desumano….sofri abuso de meu padrasto aos 7 anos por umas 3 vezes. Contei p minha mãe e ela reuniu a família e ele e antes tbm me perguntou o q eu queria, ele ficou a espera de minha decisão em outro lugar,sem fugir, mesmo na época tendo sido oferecido a ele essa chance…na época eu decidi fazer deixar p lá e seguirmos por vários motivos..cidade pequena, perdão, medo, vergonha, e outros sentimentos que não lembro bem, mas minha mãe em nenhum momento ficou contra mim, me disse q estava doendo demais, chorou meses escondida de todos, mas disse que Tudo seria como eu me sentisse melhor, mesmo ela tendo um bebê de apenas 2 meses com.ele…comecei a ficar na casa de meus avós paternos, mas indo na minha mãe normalmente, até tudo amenizar e eu ter certeza da decisão… minha mãe e eu ficamos mais grudadas e parceiras e ela sempre me deixando sempre segura de que minha decisão ela sempre apoiaria. Meu padrasto se mostrou arrependido e disposto a ser outra pessoa e foi mesmo o q ajudou muitoooo….tudo isso parece estranho mas nós só conseguimos entender ele prq minha mãe tinha sofrido abuso na infância por uma vizinhA e em reflexo feito o.mesmo.em uma menina anos depois em sua pré adolescência…e ela não era um.monstro e havia se perdoado e perdoado quem a abusou tbm daquele passado. dessa forma hoje vejo que essas pessoas têm q ser tratadas, quando arrependidas pois muitas repetem o que já passou tbm….

  12. Sinceramente, mãe que é mãe não faz isso com uma filha. Logo, você não precisa fazer nada pela sua ‘mãe’. Nessa história, não vejo nenhum núcleo familiar. Siga sua vida e esqueça essas coisas para trás que não te acrescentam em nada. Aproveite que conseguiu seguir em frente sem que tudo isso te afetasse com traumas maiores.
    Parabenizo, também, o Dr. Douglas por ser humano e expressar sua opinião bem além de conceitos pré estabelecidos. Isso sim é uma grande ajuda para os leitores.

  13. Tento entender como pode ter mente tão perturbada e utópica quanto a dessa senhora que se intitula “mãe”. Não foi suficiente ferir o corpo, teve que ferir a alma. Quanto a alguns comentários sobre Perdão lembrem que perdoar não é esquecer, pelas palavras da leitora ficou claro para mim que ela já perdoou a “Mãe”(que não merece o titulo) quando ela tenta amar a “Mãe”.
    Fiquei imaginando três cenas
    1ª Cena: O estupro frequente pelo “Irmão” que sabia o que estava fazendo sim.
    2ª Cena : A vergonha que ela passou na aula ao fazer uma pergunta na maior inocência.
    3ª Cena: A procura do amor de uma Mãe

    Gostaria de aproveitar e parabenizar pelo blog. Ja li varias cartas, mas, esta me trouxe lagrimas aos olhos.

  14. Perdão??!! É isso mesmo, Gustavo? Uma menina que foi estuprada sistematicamente durante anos pelo irmão com a conivência da mãe, que teve sua vida transformada em um horror infinito que nem eu nem você podemos ter noção deve PEDOAR a desgraçada da mãe? Creio que essa opinião está totalmente fora da realidade, e duvido que você, no lugar dela, perdoaria as monstruosidades sofridas.

  15. Quero aqui parabenizar o Dr. Douglas por sua sinceridade, amor e profissionalismo. Vivi algo parecido com minha mãe e irmão, só não teve relações sexuais, sei exatamente o que essa leitora viveu e vive hoje, sua preocupação com o momento de cuidar dessa mãe e a culpa por não ter certos sentimentos é cruel muita coisa… também penso essas coisas. Tenho hoje 40 anos, tive dificuldades inúmeras na vida por conta da minha doentia relação com minha mãe e irmão. Tive síndrome do pânico e hoje tenho transtorno de ansiedade e me trato com psicólogo e psiquiatra. Essa leitora venceu ela é uma guerreira, conseguiu sair de perto deles logo e foi vitoriosa, graças a Deus por isso. Acho que as pessoas tem um medo muito grande de dizer e de admitir que a mãe, a pessoa que concebeu aquele filho, não o ama. Não ama e ponto final. Acho que é uma coisa até religiosa, as pessoas tem medo de histórias reais assim. Acho sinceramente que isso precisa ser mais relatado, as pessoas precisam abrir suas histórias para ajudar a outras pessoas. São situações de covardia, terríveis covardias, é escondido dentro de casa e mesmo as pessoas que frenquentam aquela casa, como pais, não sabem o que a filha está vivendo ali na mão daquela pessoa que é a cima de qualquer suspeita. “A mãe”.
    Parabéns mais uma vez Dr. Douglas e parabéns leitora pela iniciativa de contar sua triste, mas sua história.

  16. Essa foi uma das histórias mais tristes e chocantes que já li. Provocou sentimentos de muita revolta e repulsa em mim. Para você a autora da carta, só gostaria de dizer que você é uma vitoriosa e merece toda a felicidade do mundo. E para o Dr. Douglas, gostaria de dizer que concordo com tudo que você escreveu ” amor é um sentimento da fluidez e não, da obrigatoriedade”.

  17. Douglas, que bom que foi esta a sua resposta. Trata-se de uma questão muito polêmica, mas que a leitora (a filha) jamais pode se sentir culpada e obrigada a ama-la por ser sua mãe, a filha é vítima e não culpada. Só complementaria sua resposta, sugerindo que a leitora busque perdoar sua mãe dentro do seu coração ( não precisa ser olho no olho), com o intuito de se libertar desta prisão. Mas acredito que ela deva tocar sua vida independente, se for o caso ofereça ajuda financeira, mas não se obrigue a oferecer afeto.

  18. Manda o filho dela que pode tudo cuidar! q absurdo… mesmo sendo mae, nao tem como mesmo fugir dos sentimentos reais que vc tem… os padroes da sociedade nao podem te obrigar a fazer algo q vc nao sente a menor vontade em fazer.

  19. Sua mãe foi uma criminosa, mais culpada que seu irmão. Ele ainda era criança quando essa visão distorcida de laços familiares lhe foi apresentada. Talvez ainda carregue a culpa por todo mal que te fez. E seu pai, pela omissão, foi cúmplice. Mesmo passando pouco tempo em casa, ele teria sim condições de perceber anormalidades e buscar entendê-las (ou desvendá-las). Vejo que a maior vítima foi mesmo a criança, hoje mulher, abusada sexualmente com a cumplicidade da mãe. E acho que seja sim necessário falar em perdão. Ela precisa se perdoar por não ser capaz de dar à mãe o amor que ela nunca cativou; que ela nunca recebeu da mãe. Que bom que você tem hoje boas condições financeiras. Se lhe for possível, garanta a ela uma velhice digna, com alimento, remédios e a visite sempre que puder. Seja caridosa com ela e isso será agradável aos olhos de Deus. É mais que muitos de nós seríamos capazes de dar. Mas não exija mais ainda deste coração, já tão machucado pela vida. Dê a resposta sendo uma boa mãe e boa esposa (caso isso esteja em seus planos) e reze por ela e por seu irmão. Siga firme. E parabéns, Doutor Douglas, por sua análise – sempre muito equilibrada e proveitosa.

  20. Nossa, fiquei chocada com sua historia. É uma pena que ainda existem mães que sejam tão omissas. Mas você é vencedora, merece toda felicidade do mundo. Merece ter uma família feliz, amar e ser respeitada. Parabéns pelo seu sucesso. Quanto a sua mãe, ela não é responsabilidade sua. Claro que você não é como ela e não vai se vingar dela. Mas se ela precisar de você, pode ajudar indiretamente, pagando alguém para cuidar dela, fazendo algumas vistas e demonstrando sua preocupação e não seu amor, porque este não precisa existir se você não o sente.

  21. “O fato de ser sua mãe, pura e simplesmente, não representa uma espécie de obrigatoriedade afetiva” … QUE HORROR!!! Não acredito que li isso de um “estudioso”.

    Acredito que a única palavra que esta pessoa que tanto sofreu na sua infância gostaria de ouvir aqui, caro psicólogo, era PERDÃO. É por essas e outras que o mundo em que vivemos está se degradando, dissolvendo a cada dia, escorrendo entre os nossos dedos. Saber perdoar é pra poucos, e vejo que você, Douglas, também não sabe o que é isso. Essa mágoa que a leitora sente e carrega é justamente porque não perdoou a sua mãe. Entenda, não quero dizer que agora ela tem que doar sua vida por ela, se dedicar a esta mãe que inevitavelmente irá precisar de alguém, mas um “simples” gesto de amor que esta mãe não teve com ela, mas que esta filha pode sim ter com esta mãe, se chama perdoar. Com isso, este fardo que ela carrega deixará de existir, esta ferida que nunca cicatrizou ficará sã, e assim ela poderá viver sua vida em plena harmonia, apagando por completo esta mancha do passado.

  22. Meu Deus que história triste. Realmente te dou os parabéns por ter tido forças pra recomeçar e sair do norteio deles. Foi realmente muito cruel o que fizeram mas mesmo assim ainda mostra que vc é uma mulher de princípios pois se preocupa com sua mãe no dia em que ela precisará de vc. Vejo que vc não quer deixá-la na mão, ao contrário, se preocupa com seu comportamento devido as mágoas que realmente não tem como não te-las. Não se culpe pelo que sente, infelizmente ela plantou esse desamor no seu coração, deixou vc vulnerável, ou pior, permitiu que tais atos ocorressem sem ao menos intervir. Que Deus te der forças e espero que não precise cuidar dela. Peça ao filho querido dela pra cuidar caso for preciso. Felicidades pois vc merece!!!!!

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