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Psicólogo graduado pela Universidade FUMEC, Pós-graduado em Psicologia Médica pelo departamento de Psiquiatria e Neurologia da Faculdade de Medicina da UFMG e Mestre em Educação, Cultura e Sociedade pela UEMG, tendo desenvolvido dissertação na área de Violência Contra a Mulher.

Tenho 36 anos. Ainda dá tempo de ser feliz?

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“Olá, Dr. Douglas Amorim, acompanho seu trabalho há muito tempo. Tenho 36 anos e moro em Belo Horizonte. Sempre fui uma pessoa muito tímida e fechada. Eu tinha medo das pessoas; medo de conhecer e conversar. Exemplificando:  na época de escola eu “fazia parte da turma”, porque sempre fui muito certinho e aceitava um ou outro no grupo de trabalho, para ter “amigos e amigas”. Por ter uma criação rígida – meu pai era muito enérgico e, sempre que me batia, mandava ” que eu engolisse o choro”. Com isso, até hoje, nunca consegui expor minha opinião. Fui guardando mágoa dele e nossa relação durante anos, não teve aqueles momentos de carinho e liberdade entre pai e filho. Tanto é que, depois que ele faleceu,  percebi que muitas coisas  que ele fazia, foi por mania do ser humano e não para me provocar, como eu pensava. Esta questão de eu não conseguir dizer não, assim como não emitir minhas opiniões, me prejudica muito. Sinto-me uma pessoa frustrada, que faz um curso de logística por trabalhar na área e não por ser algo que sempre gostei; que não tem coragem de ligar para a irmã que não vejo desde os meus 06 anos. Que deixei de me declarar para uma mulher com a qual sempre fui apaixonado e que, até hoje, quando a vejo, fico bobo. Namoro uma mulher há 4 anos e, quando discordamos em algo, eu me calo porque não consigo falar. As palavras “ficam presas” na garganta. Exemplo: eu já não tenho mais paciência com ela, estou desinteressado do namoro e não consigo dizer que meu desejo é terminar. Hoje eu quero viver o que eu não vivi e fazer coisas que antes não fiz, por medo de ser julgado. Quero tentar conquistar coisas que eu desisti porque fracassei na primeira oportunidade. Sempre tive a imagem de que não sou merecedor de algo. Desculpe-me se estou sendo confuso ou um tanto quanto desordenado, mas, preciso de ajuda.  É errado, o fato de estar com 36 anos de idade e querer tentar fazer algo que não fiz antes? É errado querer viver bem  e, não mais, em função dos outros ou por conveniência”? 

 

Envie sua dúvida para perguntaUAI@gmail.com  Não identificamos os autores das perguntas

 

Resposta:

Querido leitor, eu não gosto de passar a imagem de quem está fazendo uma “caça às bruxas”, principalmente quando estamos falando de pai e mãe. A intenção de dizer que muitos pais falharam da educação e na formação dos seus filhos não tem a ver com a realização de alguma espécie de julgamento, mas, sim, de constatação. Ao longo destes mais de vinte anos de Psicologia, pude constatar inúmeras vezes, como algumas atitudes dos pais, em relação aos filhos, têm o poder de arruinar sua vidas. Alguns comportamentos inadequados, aliados a palavras que nunca deveriam ter sido ditas a uma criança promovem um estrago, por vezes, difícil de ser consertado. Volto a dizer: não estou aqui fazendo julgamento pois, todo ser humano é passível de falhas e, seu pai, não foi diferente. O ponto de partida da análise da sua pergunta, parece-se ser a sua relação com ele que, alguns aspectos, foi bastante prejudicada.

Quando somos crianças, o aprendizado da nossa forma de nos relacionarmos com o mundo e com as pessoas, começa dentro de casa. A partir do momento em que você não tinha os momentos de carinho e liberdade entre pai e filho, você passou a ficar “isolado” em seu mundo o que, nitidamente, passou a ser reproduzido na escolinha e, mais tarde, nos mais variados campos da vida. Além disso, o fato de você não poder expressar o que pensava e sentia, fez com que você se calasse e passasse a aceitar a verdade dele, como a única e inquestionável forma de ser. Percebe como você também continuou a replicar isso ao longo dos tempos? Basta ver sua relação com a atual namorada. Não reivindica nada e fica calado com as palavras presas na garganta. E a situação com a sua irmã? Está há anos sem falar com ela e não tem coragem de dar um telefonema, dizer que está com saudades e que gostaria de retomar o contato. Tudo isso foi fazendo você ficar cada vez mais insatisfeito com a vida e passasse a aceitar qualquer coisa. Qualquer mulher, qualquer curso, qualquer emprego, qualquer salário e daí em diante. É apaixonado por uma mulher e nunca disse nada pelo medo de se expressar. Felizmente, você chegou a um questionamento bem incisivo sobre estas questões e isso é algo que considero muito valioso.

Dicas pra você: não achei seu relato confuso. Aliás, muito pelo contrário. Deu pra entender perfeitamente o que você vem passando ao longo dos anos. Fato é, querido leitor, que a capacidade de se comunicar adequadamente, é uma das principais ferramentas que o ser humano pode utilizar pra viver bem. Está na hora de você se recusar a ser uma pessoa tolhida de dizer o que pensa e de se submeter a situações que te fazem mal. Está na hora de passar a escolher o que gosta de verdade. Se este relacionamento não está bem, ouse dizer o que pensa. Se o curso que está fazendo não é o que realmente deseja, repense a sua continuidade. Se você ama muito uma mulher, lute por ela. São essas coisas que verdadeiramente dão sentido à vida de todos nós, sabe.

Seu pai te prejudicou na questão da comunicação e da emissão de suas opiniões. Ok, isso está constatado. Mas, a boa notícia, é que isso não tem de ser uma espécie de profecia, na qual você está condenado a ser uma pessoa submissa e calada.  A tomada de consciência da origem de tudo isso e a sua recusa a permanecer nesta situação é que serão as molas propulsoras para que sua vida comece a ser diferente. Você me perguntou se eu acho errado um homem com trinta e seis anos desejar fazer, a partir de agora, as coisas que sempre quis realizar, mas que, por vários motivos, não teve força e/ou coragem. Sabe qual é a minha resposta pra você? É a de que, errado, é permanecer como viveu ao longo de todos estes anos. Errado é viver calado, sem expor seus pensamentos e sentimentos, vivendo de forma medíocre. Isso sim está errado.

Portanto, está na hora de arregaçar as mangas e ser mais ambicioso com a vida. É querer mais. É querer ser mais feliz, trabalhar no que gosta, estuda coisas com as quais se identifica, é ter amigos e relacionamentos que agreguem. Já atendi pessoas com mais de setenta anos que fizeram verdadeiras revoluções em suas vidas. E isto não é clichê. Realmente, os tempos atuais, nos oferecem muitas possibilidade de vivermos de forma mais satisfatória, coisa que, num passado não muito distante, era algo extremamente limitado. Portanto, querido leitor, hora de arregaçar as mangas. Vamos fazer deste dia – 16/01/2017, o dia do seu renascimento? Aposto minhas fichas que você, pensando desta forma, passará a viver muito melhor! Mãos à obra!

Um abraço do

Douglas Amorim

Psicólogo clínico, pós-graduado em Psicologia Médica, mestre em Educação, Cultura e Sociedade

Consultório: (31)3234-3244

www.douglasamorim.com.br

Instagram:@douglasamorimpsicologo

Canal no youtube: https://www.youtube.com/user/douglasdanielamorim

 

 

 

8 thoughts to “Tenho 36 anos. Ainda dá tempo de ser feliz?”

  1. Olá leitor, li o que escreveu voce não está velho para começar a ser feliz. Tem pessoas com mais de 70 anos casando novamente, em busca de uma outra relacao. Concordo com o DR. Douglas. Não existe idade para começar a ser feliz. Se se você está vendo que seu namoro está ruim, que não deve continuar. Melhor terminar e partir para outro. Vai ser feliz o que não dá é vc ficar namorando, casar e ser infeliz. Outro ponto é que você não mantém contato com sua irmã. Liga para ela. Procure. Família é muito importante e bom. Não fique remoendo o passado, viva o presente. Tbm sou timida e tenho dificuldades de relacionar. Hoje já sou mais aberta. Quando tenho que falar, falo mesmo. Não costumo guardar nada. Referente a sua profissao, bom repensar o que realmente tem haver com voce. Se for comecar do zero que comece, chute o balde. So nao demore muito, porque o ano esta passando rapido. Boa sorte.

  2. SÓ NÃO ENTENDO COMO O PSOCÓLOGO FALA FALA FALA E NÃO FALA NADA DOQ EU O CARA TEM QUE FAZER PRA MUDAR A SITUAÇÃO.SOBRE O PAI DELE-TENTAR ESQUECER, PASSAR UMA BORRACHA NO QUE ACONTECEU,ORA, ISSO ME PARECE IMPOSSÍVEL.SOBRE O CURSO, ELE DEVE DESISTIR DELE?SOBRE A IRMÂ, ELE DEVE LIGAR PRA ELA?SOBREA A NAOMARAD, ELE DEVE PARTIR PRA OUTRA?ENFIM ESSAS RESPOSTAS DOS PSICÓLOG, COM TODO O RESPEITO SÃO MEIO VAGAS, NO MEU MODESTO PENSAR.

  3. Dr. Douglas, sou leitor assíduo da sua coluna e, com frequência, me identifico com os casos relatados pelos leitores. Hoje, particularmente, me vi completamente dentro da história relatada. Tenho 44 anos e ainda estou à procura do que vai preencher as lacunas que ficaram, do passado. Então, caro leitor, do meu ponto de vista, você ainda está novo e merece preencher as suas lacunas, merece ser feliz. Não espere chegar aos 44 para isso. Eu gostaria muito de voltar aos meus 36, para recuperar um pouco do tempo perdido. Um grande abraço.

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