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Psicólogo graduado pela Universidade FUMEC, Pós-graduado em Psicologia Médica pelo departamento de Psiquiatria e Neurologia da Faculdade de Medicina da UFMG e Mestre em Educação, Cultura e Sociedade pela UEMG, tendo desenvolvido dissertação na área de Violência Contra a Mulher.

Continuo na Arquitetura ou tento fazer Medicina?

arquiteta

“Olá, Dr. Douglas Amorim. Tenho 33 anos e sou arquiteta. No fim do ano passado, fiquei desempregada e decidi fazer Medicina, um sonho antigo. Tirei o ano de 2016 para estudar para o ENEM, pois não tenho condições financeiras para arcar com os custos do curso. Fiz uma boa pontuação, porém, não sei se conseguirei passar esse ano. Agora, sinto-me perdida. “Perco” mais um ano da vida para estudar, faço uma pós ou tento um emprego qualquer? O maior problema é a idade. Quero casar, ter filhos e acho que isso pode ser um empecilho gigante. Meu namorado me apoia muito e disse que podemos tentar ter um filho, no meio do curso, por exemplo. A dúvida é cruel! Por favor, me ajude”.

 

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Resposta:

Querida leitora, a primeira coisa que acho que você tem de pensar, na minha humilde opinião, é: se não tivesse ficado desempregada, você iria pedir demissão e ficar por conta dos estudos para uma nova graduação? Se a resposta for sim, seu desejo de fazer Medicina realmente é algo muito forte e que deveria ser tentado. Agora, se a resposta for não, eu poderia pensar que este é um desejo, mas que não teria a força de te mobilizar para buscar uma mudança de carreira. Todos nós podemos ter vontade de mudar nosso curso profissional e, efetivamente, fazê-lo. No entanto, gosto de chamar a atenção para até que ponto você realmente estaria disposta a abrir mão de determinadas coisas para realizar esse sonho antigo. Obviamente, muitos leitores irão discordar da minha opinião. Aliás, têm todo o direito de fazê-lo, porque ninguém é dono da verdade.

Nosso país passa por uma severa crise econômica e milhões de brasileiros estão perdendo seus postos de trabalho. Você, infelizmente, é mais uma pessoa que faz parte desta triste estatística. Pela sua idade, penso que já tenha uma razoável experiência como arquiteta e sabe bem como as coisas funcionam no seu campo de trabalho. O Brasil não ficará em uma crise eterna, do ponto de vista financeiro, porque isso não acontece em nenhum país. O capitalismo, muitas vezes entra em colapso (como pode ser atestado em várias épocas da história da humanidade) e, ele próprio, cria alternativas de superação. Portanto, daqui a algum tempo, o mercado se aquecerá novamente e, novas oportunidades de trabalho surgirão, inclusive na sua área, que é fundamental nos campos de construção e infra-estrutura. Portanto, o momento atual não serve de parâmetro para determinar o sucesso futuro de sua profissão, nem de qualquer outra.

Nesta esteira de raciocínio, creio que qualquer uma das escolhas seja válida. No entanto, alguns aspectos precisam ser analisados. Se você conseguir entrar em um curso de Medicina, no ano de 2017, irá se formar em 2023. Se ainda fizer uma residência  – isso contando que você passaria logo após finalizar a graduação – de mais dois anos, você concluiria tudo em 2025. Ou seja, daqui a oito anos. Se sua idade hoje é de trinta e três, você estaria disponível para o mercado de trabalho, na condição de profissional, e não, de estudante, com quarenta e um anos. Isso é algo aceitável pra você? E como ficaria a questão do ponto de vista financeiro? Você teria uma família que iria te amparar nesse sentido? Seu namorado, candidato a futuro marido, teria tais condições? Estou fazendo essas indagações porque, a faculdade de Medicina, necessita de dedicação integral. Ou seja, não dá pra estudar e trabalhar.

Dicas pra você: além de todas as questões profissionais que foram colocadas, você ainda mencionou o desejo de ser mãe. O relógio biológico da mulher é uma realidade contra a qual não temos como questionar. Claro que você ainda pode esperar algum tempo para engravidar. Porém, não são tantos anos assim. Ter um filho no meio do curso, por exemplo, é algo inteiramente possível de ser feito, assim como, seu namorado sugeriu. Entretanto, isso iria atrasar mais ainda sua graduação, percebe? Pra fazer este curso, você teria de estar em paz com todas essas questões: tempo, dinheiro e disponibilidade física e mental. Medicina pode ser um sonho que pode ser realizado, ou não. Todos nós temos sonhos que serão realizados e outros que ficarão apenas no plano do desejo, sem ser concretizados por motivos diversos. Volto a dizer. Se você tiver paz com relação às variáveis que falei, vá em frente e continue tentando. Se isso trouxer tormenta e/ou adoecimento físico/emocional, buscar se qualificar mais dentro da própria arquitetura e tentar trabalho dentro da área na qual se graduou, é o mais sensato, ao meu ver. Boa sorte em seu caminhar!

Um abraço do

Douglas Amorim

Psicólogo clínico, pós-graduado em Psicologia Médica, mestre em Educação, Cultura e Sociedade

Consultório: (31)3234-3244

www.douglasamorim.com.br

Instagram:@douglasamorimpsicologo

Canal no youtube: https://www.youtube.com/user/douglasdanielamorim

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