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Psicólogo graduado pela Universidade FUMEC, Pós-graduado em Psicologia Médica pelo departamento de Psiquiatria e Neurologia da Faculdade de Medicina da UFMG e Mestre em Educação, Cultura e Sociedade pela UEMG, tendo desenvolvido dissertação na área de Violência Contra a Mulher.

Pergunta de leitora – Minha filha é constantemente agredida pelo namorado. O que devo fazer?

violencia contra a mulher

 

“Bom dia,  Dr. Douglas Amorim. Estou muito preocupada com o relacionamento da minha filha.  Ela tem agredido o rapaz que está namorando e, uma vez, ele a machucou. Eu acho o namoro deles muito doentio. Pedi a ela pra terminar e recebi um “não” como resposta. Sei que estão infelizes mas, o apego dela por ele, não a deixa terminar. O que eu faço? Por favor me ajude. Ela tem TOC em grau leve e o moço é doente de ciúme”.

 

 

Envie sua dúvida para perguntaUAI@gmail.com  Não identificamos os autores das perguntas

 

Resposta:

Querida leitora, entendo perfeitamente seu sofrimento. É muito difícil vermos um filho fazendo escolhas erradas, sobretudo, quando essas opções trazem intenso sofrimento. Você não mencionou a idade da sua filha. Portanto, pra escrever essa resposta, estou partindo do pressuposto de que ele seja maior de idade. Caso contrário, você e/ou o pai dela, devem intervir porque, enquanto menor de idade, a responsabilidade sobre a vida dela é dos pais. Você mencionou que ela tem agredido o rapaz. Como também não especificou os tipos de agressão, vou partir do princípio de que elas sejam físicas e/ou verbais.

Relacionamentos afetivos e escolhas profissionais, ao meu ver, são decisões totalmente pessoais e, cabe a cada um de nós, definirmos quais caminhos serão seguidos. Penso que ninguém tenha autoridade para dizer com o quê iremos ou não trabalhar, assim como, com quem iremos ou não, namorar e casar. Infelizmente, nem sempre as pessoas são coerentes em suas escolhas amorosas. Existem relacionamentos extremamente adoecidos que se sustentam às custas de brigas, xingamentos, ameaças e agressões diversas. Nossa mente é muito complexa e pode fazer com que tenhamos dificuldade em romper relações nestes moldes.

Por isso, sempre digo aos meus pacientes e leitores que, a competência em nossas vidas, é algo fundamental. É preciso sermos competentes pra escolher um bom parceiro (a). E, pra conseguirmos tal feito, não adianta basearmos nossas escolhas apenas no amor. É preciso que observemos as características do outro, porque elas são tão importantes quanto o afeto que sentimos por ela. De que adianta amar uma pessoa se ela é mal caráter, tem propensão à traição, é mal educado com os outros e não que quer trabalhar, por exemplo? Penso que não adianta nada. Essa pessoa hipotética que citei, seria uma fortíssima candidata a fazer o outro infeliz. Não sei o que se passa entre sua filha e o namorado, mas, tudo indica que, a agressão e o desrespeito fazem parte do dia a dia deles. Relações assim, geralmente, não têm bom prognóstico.

Dicas pra você: seu desejo de querer que sua filha termine esse relacionamento é totalmente compreensível. Porém, como disse no início desta resposta, cabe a cada um de nós escolher nossos pares. Creio que, sendo mãe, o máximo que você possa fazer seja orientar e tentar abrir os olhos dela para o que está acontecendo. Realmente, é um tipo de situação que está fazendo você se sentir impotente e, por vezes, a vida nos faz ficar nesta posição. Portanto, oriente-a dentro do que você puder e acrescente essa informação: a maior parte dos casos de violência contra a mulher, no Brasil, tem como justificativa por parte do agressor, o ciúme. Além disso, alerte-a para o seguinte: diga que, caso você vir a perceber qualquer agressão por parte dele, a polícia será imediatamente acionada.  Você não pode escolher com quem ela namora. Entretanto, pode escolher não tolerar ações de violência contra sua filha. Vi dezenas de casos assim na Delegacia Especializada de Crimes Contra a Mulher, daqui de Belo Horizonte, quando atendia aos casos de agressão. Por fim, quanto ao fato dela ter Transtorno Obsessivo Compulsivo, espero que ela esteja em tratamento. Se não estiver, não deixe de procurar auxílio profissional o quanto antes. Fique atenta e não deixe de chamar a polícia se ela for agredida.

Um abraço do

Douglas Amorim

Psicólogo clínico, pós-graduado em Psicologia Médica, mestre em Educação, Cultura e Sociedade

www.douglasamorim.com.br

Instagram: @douglasamorimpsicologo

 

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