Ian McKellen leva Sherlock à velhice

por Marcelo Seabra

Mr. Holmes

Em meio a tantas versões atuais de Sherlock Holmes, seria difícil imaginar que veríamos algo novo envolvendo o personagem. É aí que surge o grande Ian McKellen para viver o maior detetive de todos os tempos em seu ocaso, perto da senilidade, em um longa que inacreditavelmente passou batido do grande público. Mr. Holmes (2015) já está na programação da TV a cabo e deve ser apreciado com calma e foco, para que se tenha atenção para os detalhes de interpretação, roteiro e cenografia, tudo muito bem cuidado.

Bill Condon, depois dos dois episódios finais do novelão Crepúsculo, voltou a fazer um longa digno de nota. Para isso, trouxe McKellen, mais lembrado hoje como o Magneto sênior de X-Men, com quem trabalhou no ótimo Deuses e Monstros (Gods and Monsters, 1998), e Laura Linney, do seu Kinsey (2004) – ambos indicados a diversos prêmios por esses papéis. Coube a Jeffrey Hatcher (de A Duquesa, 2008) a adaptação do livro de Mitch Cullin, que traz Holmes já se esquecendo de fatos e pessoas, aos 93 anos, aproveitando a calma de sua aposentadoria em um sítio em um vilarejo bucólico.

Mr. Holmes boy

Enquanto passa seu tempo cuidando de abelhas, o ex-detetive tenta se lembrar de seu último caso, que o levou a se retirar da vida pública. As histórias de seu grande amigo, o falecido Dr. Watson, trouxeram a ele notoriedade, mas nem tudo era verdade. Watson gostava de celebrar o heroísmo de Holmes em suas investigações, mas uma delas fez com que ele não quisesse mais se envolver com clientes. Entre suas lembranças, Holmes ainda conta com a companhia do inteligente filho de sua governanta (vivida por Linney). O garoto (Milo Parker) suga o que pode das histórias e da vivência do amigo, e é essa amizade o cerne do filme.

Para quem espera algo na linha das encarnações de Robert Downey Jr., Benedict Cumberbatch ou mesmo Jonny Lee Miller, é bom adiantar a total falta de similaridade. Mr. Holmes contrasta o mito criado por Watson e sua literatura – que Sherlock considera barata – e a pessoa dita real, que chega a ir ao cinema assistir a um filme sobre um de seus casos. O verdadeiro Holmes teme perder sua memória e suas habilidades dedutivas, o que sempre mantinha sua mente ágil e afiada, e chega a buscar remédios naturais contra os efeitos da demência. Mas é no relacionamento com os próximos que ele vai encontrar sua salvação, e finalmente descobrir que estar certo não é sempre o melhor final.

Mr. Holmes scene

Até os mitos envelhecem

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Mistério ronda a rua Cloverfield

por Marcelo Seabra

10 Cloverfield Lane banner

Desde o incício da produção, o segredo mantido em torno de Rua Cloverfield, 10 (10 Cloverfield Lane, 2016) era algo aparentemente exagerado. Qual seria, afinal, o mistério que justificaria tanto cuidado? Só podemos chutar que será algo no estilo de Cloverfield (2008), longa que, além do título em comum, também traz J.J. Abrams como produtor. Mas as similaridades param nos dois nomes envolvidos, daí em diante são caminhos bem diferentes.

O Cloverfield de 2008 era feito no famigerado estilo “imagens encontradas”, e seguia um grupo de jovens tentando sobreviver ao ataque de um monstro gigantesco. Por algum motivo, um deles mantinha a câmera em punho e registrava tudo. Agora é bem diferente: com a câmera firme, o estreante Dan Trachtenberg faz um suspense que usa mais o aspecto psicológico que seu antecessor, levando a ação para um bunker. É lá que Howard mantém dois convidados, Michelle e Emmett, salvando-os de um ataque químico, nuclear ou algo que o valha. Os três começam aos trancos, com muita desconfiança no ar, até se conhecerem um pouco mais.

10 Cloverfield Lane scene

A dinâmica entre os três personagens é o que mantém a eficiência do longa. E a grande força por trás dessa receita responde por John Goodman (de Argo, 2012), um grande ator que vai de paizão a vilão em segundos, com as expressões e reações acertadas para cada momento. Mary Elizabeth Winstead (a filha de McLane em Duro de Matar) é o outro trunfo, uma atriz mais jovem que não faz feio frente ao colega veterano. Completa o trio principal John Gallagher Jr. (de The Newsroom), e a voz de Bradley Cooper (de Joy, 2015) faz uma ponta, curiosidade que muitos só notarão ao final, com o cast subindo.

A tensão em Rua Cloverfield, 10 é muito bem construída e nunca sabemos em que acreditar. O cenário, o tal bunker do paranóico Howard, ora é mostrado como um ambiente amplo, onde eles podem se sentir à vontade, ora como um quartinho opressor, o que serve bem à trama. O diretor encontra passagens para colocar bons clássicos da música – ou seria Abrams, já que isso é marca registrada dos filmes dele? E o roteiro, escrito por Josh Campbell e Matthew Stuecken, ambos praticamente novatos, e Damien Chazelle (de Whiplash, 2014), é bem amarrado, evita diálogos expositivos e nem se preocupa em explicar demais. Falar mais seria estragar alguma coisa.

Paramount Pictures Presents The Premiere of "10 Cloverfield Lane"

Diretor, produtor e elenco lançam o longa em Nova York

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Casal moderno estrela De Onde Eu Te Vejo

por Marcelo Seabra

De onde eu te vejo elenco poster

Depois de vinte anos de casados, Ana e Fábio decidem se separar. Nada traumático, como traição, apenas um desgaste tido como natural, e eles pretendem continuar amigos. Até pelo bem da filha, com quem ambos são bem apegados. Numa dessas decisões aparentemente fadadas ao fracasso, eles alugam apartamentos muito próximos, um de frente pro outro. E, obviamente, passam a controlar os passos um do outro.

Novo trabalho do diretor Luiz Villaça (da série Vizinhos), De Onde Eu Te Vejo (2016) é algo como um “pós-romance”, protagonizada por um casal maduro que já se encontra separado, apesar do amor que ainda existe entre eles. Denise Fraga, esposa e parceira habitual de Villaça (como no quadro Retrato Falado), vive Ana, arquiteta que trabalha prospectando possíveis terrenos para futuros prédios, mas torce pela sobrevivência das casinhas velhas e suas histórias. Fábio (Domingos Montagner, de A Grande Vitória, 2014) é um jornalista que enfrenta a crise do mercado resistindo firme em seu emprego.

De onde eu te vejo elenco cena

Devido à localização dos apartamentos, eles se veem o tempo todo, e isso faz com que a separação não seja plena. Vigiar o outro é uma tentação grande, e é necessário, ao mesmo tempo, parecer bem. Chegam a ser cômicos os esforços que eles fazem para manterem as aparências. No meio dessa situação, está a filha (Manoela Aliperti, da série 3 Teresas), em vias de estudar em outra cidade e agravar o drama dos pais, que já ficam carentes de antemão. O outro personagem importante do longa é a cidade de São Paulo, umas das paixões de Villaça, que tem uma presença forte na trama e é valorizada por uma bela fotografia urbana. O elenco de apoio conta com nomes como Marisa Orth, Marcello Airoldi, Laura Cardoso, Juca de Oliveira, Fúlvio Stefanini e Laila Zaid. A maioria dos envolvidos já trabalhou junto antes, fazendo do filme um grande encontro de amigos.

Entre momentos engraçados e mais sérios, conhecemos melhor os personagens e começamos a fazer nossas apostas nas causas do fracasso da união. Seria o culpado Fábio, com seu jeito largado e idealista? Ou Ana, com suas manias e superstições? Ou seriam mesmo o cotidiano e a mesmice os grandes vilões dessa história? Villaça vem desenvolvendo a ideia há anos, em meio a outros trabalhos na TV, Cinema e no teatro, fazendo com que o projeto atingisse uma maturidade interessante antes de chegar às filmagens. Mais do que o que teria acontecido a eles, começamos a pensar para onde eles vão, o que os aguarda. E nos vemos torcendo pela felicidade de cada um.

Diretor e elenco prestigiaram a estreia paulistana

Diretor e elenco prestigiaram a estreia paulistana

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Promoção: Deus Não Está Morto 2

GodsNotDead2

O Pipoqueiro tem uma nova promoção e o filme da vez é Deus Não Está Morto 2 (God’s Not Dead 2, 2016), sequência do longa de 2014 que chega aos cinemas essa semana. A California Filmes disponibilizou 15 pares de ingressos e você só tem que enviar um e-mail para opipoqueiro@gmail.com com o assunto Deus Não Está Morto 2 e explicar por que você quer ser um dos contemplados. As melhores respostas vão receber um e-mail com as instruções para a retirada dos ingressos. Lembrando que a sede do Pipoqueiro fica em Belo Horizonte, o que pode gerar custos de envio. O limite para envio de respostas é no dia 08/04, às 17h. O resultado será divulgado no dia 09/04.

Segundo a distribuidora, o novo longa é protagonizado pela professora cristã Grace (Melissa Joan Hart, a bruxinha Sabrina da TV). Ao responder uma pergunta sobre Jesus em sala de aula, ela acaba entrando em uma situação muito difícil antes mesmo de terminar sua resposta. O diretor Harold Cronk, que também dirigiu o primeiro drama, disse que espera apresentar aos cristãos como defender sua fé de forma corajosa e eficaz.

Participe!

GodsNotDead2 cast

“Olhe os e-mails chegando!”

ATUALIZAÇÃO: abaixo, os vencedores da promoção. O e-mail com as instruções para a retirada dos ingressos foi enviado. Agradecemos a participação de todos.

Guilherme Silva

Lígia Alvarenga

Mailana Ferraz

Rômulo Santos

Viviane Carneiro

Waldeir Freitas

Kleverson Campos

Fernando Freitas

Ana Luiza Vial

Mariana Lorena

Daiane Ramos

Érica Tairinny

Morgana Nunes

Daniel Taiar

Márcia Minely

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Três É Demais ganha vida nova no Netflix

por Lígia Freitas

Para quem imagina como seria a continuação da vida de seus personagens favoritos em séries televisivas ou até mesmo nas telonas, os últimos anos têm nos brindado com produções que brincam com nossos sentimentos e revisitam nossa memória afetiva de forma contundente. Considerada uma das séries familiares de maior sucesso de todos os tempos, Full House (1987), trazida para o Brasil com o título Três é Demais, combinava com muita naturalidade drama e comédia.

A série, encerrada em 1995 após 8 anos de muito sucesso, tinha como mote principal a vida de uma família americana nada convencional na belíssima San Francisco. Danny Tanner (Bob Saget), âncora de um programa televisivo local, pai de Donna Joe “D.J.” (Candace Cameron Bure), Stephanie (Jodie Sweetin) e Michelle (interpretada pelas gêmeas Mary-Kate & Ashley Olsen), recebe ajuda para cuidar das três filhas após a abrupta perda de sua esposa, que sequer aparece na série. O suporte vem do amigo e comediante apaixonado por desenhos animados Joey Gladstone (Dave Coulier), carinhosamente chamado de Tio Joey, e do cunhado, Jesse Katsopolis (John Stamos), o fã de Elvis metido a motoqueiro rebelde que se derrete pela família.

Ao longo das temporadas, somos apresentados a Rebecca Donaldson (Lori Loughlin), colega de bancada de Danny que inevitavelmente se rende ao charme do Tio Jesse e passa a ser a referência feminina das meninas Tanner; Kimmy Gibbler (Andrea Barber), melhor amiga de D.J.; Steve Hale (Scott Weigner), namorado de D.J. por alguns anos; e, fechando os personagens mais recorrentes, Nicky (Blake Tuomy-Wilhoit) e Alex Katsopolis (Dylan Tuomy-Wilhoit), filhos de Jesse e Becky.

Com um estilo de humor bem simples e eficiente, a sitcom conquista não só pelo apelo familiar, mas também por ter encontrado em seus personagens algo incomum: identificação com o público de todas as idades. Todos passamos por fases diferentes na vida, e cada personagem, à sua maneira e com o seu bordão, conseguia trazer ao espectador essa visão de mundo, fazendo com que, na medida em que crescíamos com o seriado, pudéssemos nos identificar em situações parecidas de nosso cotidiano. A série emplacou vários novos talentos, com destaque para as gêmeas Olsen. Hoje mais dedicadas à carreira de fashion designers, durante um bom tempo reinaram em produções para Cinema e TV voltadas ao público infanto-juvenil. Como esquecer do clássico das reprises vespertinas As Namoradas do Papai (It Takes Two, 1995)?

Apoiados nesse sentimento saudosista que os trintões de hoje suportam após o término da série, Jeff Franklin, criador de Full House, nos trouxe recentemente uma grande surpresa: Fuller House, novo seriado, continuação do sucesso de 1987, com os antigos personagens e adesões, incrementando, assim, a história pela qual nos apaixonamos. A nova temporada é mais do mesmo, ainda que com elementos novos. Embora traga os antigos membros da família Tanner, a situação mudou, pois o público também mudou – amadureceu. Encaramos agora uma D.J. Fuller adulta, veterinária, viúva, mãe de três filhos: Michael Campion como Jackson Fuller, 13 anos, muito mexido com a perda do pai; Elias Harger como Max Fuller, filho de 7 anos, de personalidade muito próxima ao que era Stephanie; e Dashiell e Fox Messitt como Tommy Fuller, Jr., ainda bebê.

D.J., após perder o marido Tommy, recebe a ajuda não só do pai, Danny, dos tios, Jesse e Becky, e do amigo Joey, mas também da irmã Stephanie, aspirante a cantora e DJ (fazendo graça com o nome da irmã). E há ainda sua melhor amiga, Kimmy Gibbler, que finalmente consegue realizar o sonho de morar na mesma casa dos Tanner, junto com sua filha Ramona (Soni Bringas), fruto de seu relacionamento com o argentino Fernando Hernandez-Guerrero-Fernandez-Guerrero (Juan Pablo Di Pace). A adulta D.J. se vê envolvida em um triângulo amoroso com o seu eterno primeiro amor, Steve, e seu colega de profissão, Matt Harmon (John Brotherton). Stephanie é uma solteira à procura de aventuras amorosas e de aceitação, e Kimmy, por sua vez, vive uma conturbada relação com o pai de sua filha, e também precisa de ajuda. Outros personagens fazem aparições esporádicas na nova trama, sem desgastar, assim, a imagem do que os fez especiais. As intervenções são poucas, assertivas e corretas. A única personagem que não retornou foi Michelle, embora seja mencionada em raros momentos.

Há uma especulação grande sobre o porquê de Mary-Kate e Ashley Olsen não estrelarem também a nova produção, mas após alguns desentendimentos públicos no Twitter com John Stamos, que sempre foi muito próximo das irmãs, o que ficou claro é que ambas não se consideram atrizes e que declinaram elegantemente o convite, bem como Elizabeth Olsen, também atriz, irmã das gêmeas. Há rumores de que Olesya Rulin, atriz de séries como NCIS e Drop Dead Diva, seria convidada para a próxima temporada, ainda a ser lançada, por sua semelhança física com as irmãs Olsen, e que daria vida a uma versão adulta de Michelle, mas ainda não há confirmação sobre os rumos da série.

O que não se pode perder de perspectiva são os acertos do provedor de filmes e séries via streaming Netflix, que já há algum tempo vem se dedicando ao lançamento de produtos originais, como as aclamadas House of Cards e Demolidor. É incrível perceber como a forma de trabalho tem evoluído de forma geral com o chacoalho dado pelo serviço on line. Em oposição ao que fazem os estúdios tradicionais, as produções do Netflix não contam com a adaptação do roteiro ao que o estúdio quer entregar ao público; se aprovado, o roteiro entra imediatamente em fase de produção, e isto é o que tem dado vazão a séries como Fuller House, que talvez não tivesse a mesma chance de emplacar em um canal de televisão tradicional, como feito no final da década de 80. As tentativas vinham acontecendo com vários canais de TV a cabo e outros distribuidores desde 2007, conforme informado pelos executivos responsáveis pelo retorno da série, e sem sucesso. Coube ao Netflix, como sempre, inovar, requentando uma fórmula infalível de entretenimento.

Para esta primeira temporada, o que temos é muito saudosismo em forma de imagens. Muitas referências são feitas aos acontecimentos da primeira série e também muito se brinca com a vida pessoal dos atores, como em uma das cenas do décimo segundo episódio em que Steve e D.J. escutam uma música que Alanis Morissette escreveu para Dave Coulier, com quem teve um conturbado relacionamento. D.J. pergunta a Steve: “Você sabe a quem esta música realmente se refere?”. Rir de si mesmo nunca envelhece, como se percebe em várias situações da série.

Apesar de críticas negativas, Fuller House não tem pretensões diferentes: é abertamente nostálgica e repete as mesmas fórmulas do que fez de Full House um sucesso de audiência. Traz discussões bem humoradas sobre o cotidiano de uma família que poderia ser a minha ou a sua, e a segunda temporada já está confirmada, para alegria dos fãs de outrora – e para os filhos deles também. Vai ter Tio Jesse cantando Forever e a família Tanner se abraçando por mais algum tempo no Netflix, sim, senhoras e senhores!

O elenco atualizado de Fuller House

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Conspiração e Poder traz mais jornalismo ao Cinema

por Marcelo Seabra

Truth poster

Pouco tempo após a vitória do jornalístico Spotlight (2015) como Melhor Filme no Oscar 2016, chega aos cinemas do Brasil Conspiração e Poder (Truth, 2015). O longa é mais um a mostrar em detalhes uma boa parte do trabalho dos jornalistas, dessa vez da TV, e muita coisa interessante pode ser percebida. Ele funciona melhor, inclusive, como retrato da profissão que como um drama – e mereceu elogios do próprio Dan Rather, um dos jornalistas reais mostrados na tela.

Para sua estreia como diretor, o roteirista James Vanderbilt (dos novos Homem-Aranha) reuniu um elenco fantástico e contou uma história real, não muito antiga, que é mais uma clara referência à saga de Davi e Golias. Tendo escrito Zodíaco (Zodiac, 2007), Vanderbilt tinha experiência com fatos e com a adaptação de um livro, o que deve lhe ter permitido finalizar uma tarefa com mais facilidade para poder focar na outra, a nova. O livro adaptado é de ninguém menos que Mary Maples, a protagonista da história, produtora do 60 Minutes, programa tradicional da CBS que também aparece em O Informante (The Insider, 1999).

Truth team

No papel principal, Cate Blanchett (de Cinderela, 2015) prova mais uma vez que é admirável até lendo a lista telefônica. Nada atrás está o veterano Robert Redford (de Capitão América 2, 2014), que traz o peso e o respeito necessários para Dan Rather, um dos maiores nomes do jornalismo norte-americano. A relação de confiança e cumplicidade entre Maples e Rather é um dos grandes trunfos do filme, que ainda destrincha a dinâmica da equipe por trás do programa. Com nomes como Dennis Quaid, Bruce Greenwood, Elizabeth Moss e Topher Grace, acompanhamos a adrenalina de falar com fontes, checar fatos, fazer pesquisas, gravar entrevistas, editar vídeos e selecionar conteúdo e até as partes cansativas, como aguardar retorno e decidir o que pedir para o almoço.

Através de uma ideia relativamente pequena, Maples começa a cavar atrás de uma matéria bem maior, que jogaria um pouco de lama no nome do então presidente americano George W. Bush, que estava em campanha pela reeleição. Um trabalho jornalístico bem feito pode influenciar o resultado de uma eleição, como vemos. Um pouco de pressa, já que o tempo urge, e logo Maples e Rather teriam problemas com a veracidade dos fatos narrados. E começamos a perceber, com mais clareza, a influência do poder econômico sobre o jornalismo, como o dinheiro pode guiar o trabalho e até corrompê-lo. A visão que Vanderbilt nos entrega pode ser ingênua, até um pouco tendenciosa, mas não deixa de trazer muita veracidade. Rather chega a se lembrar da época em que os noticiários não rendiam receita aos canais, eram tidos como uma obrigação entre os rentáveis programas de entretenimento.

Se não chega a ser um produto David Fincher ou a envolver como fez Spotlight, esse Truth – título muito mais condizente que essa alcunha nacional ordinária – cumpre vários papéis ao mesmo tempo, sendo o principal o de entreter. Redford, de Todos os Homens do Presidente (All the President’s Men, 1976), é sempre uma figura interessante e convence bem como o âncora de carreira invejável e reputação ilibada. Apesar do ótimo recebimento por Rather, a obra não agradou à CBS, canal que produzia o 60 Minutes e não é mostrado de forma muito lisonjeira. Andrew Heyward, presidente da CBS à época (aqui vivido por Greenwood), disse que se recusou a ver o filme e estava insultado pelo pouco que ouviu a respeito. Cabe ao público a conclusão do caso.

Os atores e os retratados

Os atores e os retratados

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Batman vs Superman – Segunda parte

por Rodrigo “Piolho” Monteiro

Batman v Superman Dawn of Justice

Após a exibição de Batman vs Superman: A Origem da Justiça (Batman v Superman: Dawn of Justice, 2016), “decepção” é a sensação que fica. Infelizmente, depois de seguir toda a história dessa produção – e lá se vão quase três anos – a verdade é que o filme entrega exatamente o que era esperado: algo muito barulhento, muito pirotécnico, com pouca história, personagens completamente desconectados de seu conceito original, ao ponto de parecerem desvirtuados, e um roteiro que claramente foi reescrito inúmeras vezes.

Batman vs Superman não estava, originalmente, dentre os filmes a serem produzidos pela Warner. A ideia era que um segundo longa solo do Superman seguisse O Homem de Aço (Man of Steel, 2013). O fato dele ter feito abaixo do esperado em termos de bilheteria nos EUA, associado ao sucesso de praticamente todos os filmes da Marvel – incluindo aí aqueles protagonizados por personagens completamente desconhecidos, como Os Guardiões da Galáxia (2014) e Homem-Formiga (2015), que, é bom lembrar, rendeu mais do que o recomeço da franquia do Superman na Terra do Tio Sam – fez com que a Warner mudasse sua estratégia. Ao invés de construir um universo cinematográfico aos poucos, apresentando os personagens em filmes solo e depois juntá-los em um único, a WB optou pelo inverso. Primeiro, um filme onde reunimos a Trindade da editora, e depois planejamos os filmes solo. Isso definido, praticamente todas as semanas víamos notícias de novos personagens e cenas sendo adicionadas ao filme. Nas mãos de um diretor realmente preocupado em construir uma história sólida, isso já seria complicado. Entregue essa tarefa à dupla David S. Goyer e Zack Snyder e é bem provável que a coisa desande. Nem mesmo com os remendos de Chris Terrio (do excelente Argo, 2012), a coisa melhora muito.

Talvez o grande problema da Warner Bros seja sua tentativa de afastar o máximo possível os seus filmes da estética estabelecida pela Marvel. Some-se a isso o sucesso alcançado por Chris Nolan na trilogia do Batman e o estúdio decidiu que a encarnação dos heróis da DC na telona precisa ter um tom sombrio, sério, sisudo, bem distante dos filmes coloridos da concorrência. Isso funciona muito bem com Batman e apenas com ele. Se tem uma coisa que O Homem de Aço provou é que um Superman sombrio não é algo que funciona. Snyder, ao invés de entender as críticas recebidas, preferiu desdenhar dos críticos, dizendo que quem não entendera seu Superman não conhecia realmente o personagem, e insistiu no mesmo erro. Não só isso, como o expandiu para os demais personagens na película.

TDKR

Nunca, nem mesmo em O Cavaleiro das Trevas – obra em quadrinhos que Snyder disse ter usado como referência fundamental para o roteiro de seu filme e cuja influência podemos ver aqui e ali – o Homem Morcego aparece tão violento e impiedoso como aqui. A desculpa de que isso seria resultado de vinte anos combatendo o crime sem ver grandes resultados não cola se levarmos em conta o histórico do personagem dentro e fora da telona. Snyder, no entanto, não se importa muito com isso. Se um Batman violento e desvirtuado de seu conceito original é o que ele acha que funciona, que seja. O Batman de Snyder parece mais o Justiceiro (vigilante da Marvel cuja característica principal é a forma como cuida permanentemente de seus inimigos). Por incrível que pareça, a terceira ponta da Trindade, a Mulher-Maravilha, é a que mais funciona. Gal Gadot entrega uma performance bem equilibrada e discreta a uma personagem que entrou no roteiro aos 45 do segundo tempo e não há qualquer preocupação em explicar quem ela é e de onde veio. Ela é a Mulher-Maravilha e sua história será revelada em seu filme solo. Isso não atrapalha nem um pouco e espera-se que seus poucos minutos em tela sejam o suficiente para despertar o interesse do público pelo seu longa.

Outro problema do filme está no vilão principal. O Lex Luthor de Jesse Eisenberg consegue, em muitos momentos, ser ainda mais caricato do que a versão de Kevin Spacey em Superman: O Retorno (2006), ainda que a caracterização do personagem seja bem próxima dos tempos atuais. Lex é um desses jovens gênios milionários envolvidos em empresas desenvolvedoras de tecnologia, ainda que sua Lexcorp esteja mais ligada ao campo militar do que à internet. Mesmo mostrando-se ameaçador como deveria em alguns momentos, o fato é que Eisenberg não conseguiu equilibrar exatamente essas duas facetas do personagem. Ele funciona bem nos momentos mais sérios, mas exagera quando tenta fazer Luthor ser o único e efêmero alívio cômico da película.

BvS Batman

Se Eisenberg escorrega para manter o equilíbrio de seu personagem, o mesmo não pode ser dito de Ben Affleck. Criticado antes mesmo de ser confirmado para o papel de Bruce Wayne, Affleck atua de maneira correta e discreta, sem qualquer tipo de exagero ou desvio. Fisicamente, este é o Batman mais próximo dos quadrinhos mostrado até hoje no cinema e o uniforme supera em muito os anteriores. O resto do elenco de apoio, especialmente Amy Adams como Lois Lane, Laurence Fishburne como Perry White e Diane Lane como Martha Kent, também reprisa seus papéis de maneira bastante competente, com destaque para uma novidade, o tipicamente britânico Alfred de Jeremy Irons. Há ainda diversos nomes consagrados do cinema fazendo participações pequenas, mas revelá-las aqui apenas estragaria a surpresa.

Pode parecer que não há nada que se salve no filme. Longe disso, há momentos interessantes e enquanto Snyder poderia ter optado por soluções estéticas melhores – como, por exemplo, mostrar os dias de Metrópolis ensolarados e os de Gotham nublados para destacar o contraste entre luz e trevas que marca as duas cidades e seus respectivos defensores, ainda que isso seja um clichê – o visual do filme é bem adequado à sua proposta. É tudo cinzento, escuro, opressivo, nublado e chuvoso. A preocupação em ser fiel visualmente ao trio de protagonistas também se vê claramente. Falando apenas esteticamente, nunca Batman foi tão bem retratado na tela do cinema, tanto no que diz respeito ao visual de seu uniforme quanto em relação às suas habilidades marciais e as adaptações feitas ao uniforme da Mulher-Maravilha também funcionam muito bem. Até mesmo na longa cena final de luta, Snyder procurou corrigir alguns de seus vícios e, salvo raros momentos, tudo o que é mostrado na tela pode ser visto e entendido de maneira bastante clara. Se ela parece genérica e nada inspirada, aí é outra história.

A equipe escolhida pela Warner para cuidar de seu universo cinematográfico parece mais preocupada em correr com a produção de seus filmes do que em efetivamente conhecer o material que tem em mãos e trabalhá-lo da melhor forma possível, mesmo que isso demore mais tempo. A WB parece querer simplesmente alcançar – ou mesmo ultrapassar – a Marvel nessa corrida, algo que não parece muito realista. Fazendo isso, ela corre o grande risco de prejudicar ainda mais o futuro de seus personagens no cinema, especialmente se, com o objetivo de alcançar a concorrente, continuar entregando ao público filmes abaixo do que o ele merece e espera, com personagens desvirtuados e histórias que não se sustentam. Se Batman vs Supeman: A Origem da Justiça deu o tom do que o Universo DC será no cinema, podemos prever um novo reboot desses personagens em um futuro não muito distante.

Recentemente, Zack Snyder revelou que há duas versões de Batman vs Superman: essa que foi para os cinemas e uma com censura 17 anos, que será lançada direto em bluray e DVD. Nela, há pelo menos um personagem que não aparece na versão cinematográfica e, segundo o diretor, muda completamente a história da película. Snyder disse também que a cena pós-créditos do filme seria a mais longa da história mas, pelo menos nas cabines às quais comparecemos, não há qualquer cena pós-créditos no longa.

Comic Con

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Batman vs Superman – Primeira parte

por Marcelo Seabra

BvS logo

É bem complicado se manter alheio aos detalhes de uma produção da magnitude de Batman vs Superman: A Origem da Justiça (Batman v Superman: Dawn of Justice, 2016). Por mais que se tente ignorar, sempre ficamos sabendo de algum detalhe que não era bem vindo se antecipado. Até o trailer adianta muita coisa. O próprio diretor, Zack Snyder, aparece antes da sessão começar pedindo que ninguém estrague o filme para os amigos, deixando os segredos permanecerem assim. É bem possível fazer uma análise sem estragar nada, e dá para começar afirmando que o resultado é bem superior ao de O Homem de Aço (Man of Steel, 2013).

A primeira notícia da produção a desagradar os fãs extremistas dos quadrinhos foi a escolha de Ben Affleck para o papel do Homem Morcego. Destaque no recente Garota Exemplar (Gone Girl, 2014), o ator não é lembrado por seus dotes de interpretação. Felizmente, sua composição sóbria casa muito bem com o personagem, um vigilante marcado pela morte dos pais que combate o crime há vinte anos e não vê melhorias em sua cidade. “Criminosos são como ervas daninhas, você arranca um e aparece outro”, ele diz, descrevendo seu desânimo. Esse ponto a que chegou nos leva a perceber que ele já não se importa tanto com a vida humana, e vemos um Batman muito mais violento do que o usual, desiludido e de poucas palavras.

BvS AlfredChristopher Nolan, que dirigiu a trilogia do Morcego, é um dos produtores aqui, e Snyder parece tê-lo sempre como referência. Talvez por isso, a imagem construída do personagem é muito mais interessante que a do Superman, um herói tido como difícil de abordar devido à sua invencibilidade. O fiel Alfred, mordomo de Bruce Wayne e braço direito do alter-ego, é vivido com a dose certa de cinismo por Jeremy Irons (de Os Bórgias – ao lado), que ajuda muito o patrão, mas não deixa de lhe dar algumas alfinetadas. Rápidos flashbacks mostram novamente a origem que todos conhecemos, com o assassinato dos Waynes (com o “Comediante” Jeffrey Dean Morgan em participação relâmpago) e a queda no fosso dos morcegos.

Com um Batman bem interessante, numa abordagem mais madura até então desconhecida no Cinema, a tarefa de Henry Cavill ficou ainda mais ingrata. Clark Kent e Superman acabam sendo figuras insossas, e a culpa não é apenas do intérprete, que faz o que pode. O roteiro, do irregular David S. Goyer (da trilogia de Nolan) e Chris Terrio (de Argo, 2012), chega quase a deixar o Super de lado, criando tramas frágeis para ele, situações difíceis de crer. Alguns dos erros de O Homem de Aço serviram como escola e Snyder evita, por exemplo, aquela destruição desenfreada e entediante. A ligação entre os dois longas é bem amarrada, trazendo Bruce Wayne no foco narrativo, mais uma vez privilegiando-o.

Clark Kent está envolvido com Lois Lane e Amy Adams tem novamente a chance de ser a mocinha. Alternando momentos de dama em perigo e outros mais fortes, ela tem a oportunidade de participar mais. Mas o grande destaque feminino acaba ficando com a enigmática Mulher Maravilha, vivida com um fôlego impressionante por Gal Gadot (de Velozes e Furiosos 7, 2015). Este é mais um dos pontos negativos deste BvsS: as várias pontas soltas deixadas para serem resolvidas em episódios futuros, como o longa solo da Princesa Amazona. Outros coadjuvantes têm boas participações, como o Perry White de Laurence Fishburne e a senadora de Holly Hunter (de Saving Grace), e teria cabido facilmente uma ponta de Russell Crowe, o que levanta o porquê de sua ausência.

Luthor

Apesar de ter Batman como grande destaque, os vilões do filme vêm do universo de Superman. Numa versão mais vilanesca e megalomaníaca de Mark Zuckerberg (de A Rede Social, 2010), Jesse Eisenberg (acima) leva seus tiques mais longe e fica bem no limite entre o criativo e o irritante. Mas seu Lex Luthor funciona, parecendo um tom mais sombrio desses jovens bilionários hiperativos de empresas de tecnologia. Fugindo daquelas chatices anteriores ligadas a especulação imobiliária, esse Luthor consegue ser mais ameaçador que Gene Hackman ou Kevin Spacey, mesmo mais jovem.

O filme de Snyder tem cara de história em quadrinhos não a toa: ele bebe em várias fontes consagradas, chegando inclusive a agradecer quadrinistas ao final. Frank Miller, por exemplo, pode ser visto em referências a O Cavaleiro das Trevas, sua minissérie icônica, principalmente no embate entre os heróis. John Byrne, Dan Jurgens e Grant Morrison são alguns dos nomes mais relevantes aqui. Há cenas que também homenageiam outros filmes relacionados, como o colar de pérolas de Martha Wayne arrebentando quando ela é alvejada (como no Batman de Tim Burton). A trilha sonora é uma distração complicada, nada discreta e até retumbante, buscando simular impacto. O 3D falso, convertido, não ajuda, duplicando cenas e dificultando a compreensão. As passagens de sonhos são bem desnecessárias e até mal explicadas, e há outros exageros e confusões, mas a diversão segue firme, tornando as duas horas e meia de projeção não muito cansativas.

BvS messias

Surgidos numa época quando a esperança era necessária, os anos 40 e 50, os principais heróis da DC Comics chegavam perto da imagem de deuses, modelos olimpianos de ética, força e justiça. Snyder usa seu estilo exagerado para reforçar esse aspecto, abusando de closes, poses, chuva e câmera lenta. Ao contrário da Marvel, que se orgulha de seus heróis “gente como a gente”, mais pés no chão, a DC reforça seus deuses, colocando sempre o Superman como um messias e promovendo discussões relacionadas a religião, humanidade e limites. Como acontece com os Vingadores, há aqui a crítica à destruição e à perda de vidas inocentes, causadas pelas super batalhas, e se levanta a possibilidade de banimento dos heróis. Mas a Marvel soube criar melhor esse universo, arquitetando cada fase de sua empreitada cinematográfica, o que praticamente obrigou a DC a correr atrás do prejuízo com este filme. Entre Superman e Batman, o Homem Morcego claramente leva a melhor. No duelo entre editoras, a DC ainda segue bem atrás, com a promessa de acertos futuros. Mas é fantástico ver esse pessoal junto nas telas.

BvS trio

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Netflix disponibiliza temporada 2 de Demolidor

por Marcelo Seabra

Daredevil S2

Depois de uma espera curta, que pareceu ser bem mais longa devido ao sucesso da primeira temporada, chega ao Netflix a segunda temporada de Demolidor (Daredevil, 2016). Mesmo tendo tido a ótima Jessica Jones (2015) no intervalo, outra personagem do mesmo universo que serviu como distração, os fãs do Homem Sem Medo deviam estar bastante ansiosos por essa volta. Ainda mais depois do anúncio dos dois novos personagens que viriam para engrossar o caldo, velhos conhecidos dos iniciados: Frank Castle, o Justiceiro, e Elektra Natchios. Eles vão trazer mais questões bacanas para serem discutidas, como os limites do vigilantismo e a possibilidade de redenção para criminosos.

Como é costume em continuações, essa nova fornada de episódios já começa com bastante ação, uma vez que tudo já foi estabelecido e explicado na primeira. Todas as ideias que tínhamos que comprar já foram lançadas, agora basta acreditar num advogado cego que combate o crime numa fantasia usando seus outros sentidos superdesenvolvidos. Matt Murdock (Charlie Cox) leva sua vida dupla com um pouco mais de tranquilidade, já que o amigo Foggy Nelson (Elden Henson) conhece o seu segredo e o ajuda ocasionalmente. A secretária da firma deles, Karen Page (Deborah Ann Woll), continua linda e dando mole para Matt, mas sempre se mostra uma mulher forte e decisiva em várias situações.

Daredevil 2 CB

O ritmo se acelera na série após uma chacina de criminosos, que deixa claro que há uma espécie de milícia agindo como vigilante. Em pouco tempo, descobrimos se tratar de apenas um sujeito, um ex-militar que parece em uma missão para limpar Hell’s Kitchen. Depois de aparecer para o grande público em The Walking Dead, Jon Bernthal ganha outra oportunidade para mostrar que é um ator competente, que vai além das linhas do roteiro, trazendo bastante expressividade para seu Justiceiro. É interessante perceber, após três tentativas no Cinema (1989, 2004 e 2008), que esta é a primeira vez que o sujeito é tratado como alguém visivelmente perturbado, aproximando-o da versão dos quadrinhos e afastando-o de vez dessas adaptações canhestras – por incrível que pareça, a com Dolph Lundgren ainda é a melhor. Ou menos pior. As dimensões que conhecemos só tornam Castle ainda mais interessante. E a fidelidade aos quadrinhos, ao lado do tratamento cru das cenas, só ajuda.

Um problema é o fato de ficar parecendo que acabou o fôlego para a temporada no meio do caminho, ao contrário da tensão crescente da primeira. Wilson Fisk (Vincent D’Onofrio) foi fascinante pelos 13 episódios, enquanto Castle dá uma esfriada e acaba sobrando brecha para a entrada de Elektra (Elodie Yung, de G.I. Joe: Retaliação, 2013), uma mulher misteriosa que ressurge do passado de Matt. Uma série de flashbacks vai se alternando com o presente para construir a relação entre eles, numa adaptação simples que não reduz, mas facilita a chegada dela. O cast da apresentação, que não é fixo como nas séries de antigamente, nos revela quem vai dar as caras no episódio e já sabemos um pouco do que nos espera. Apenas um pouco, porque essas produções Netflix têm mostrado muita qualidade e sempre surpreendem.

Estes são os novos coleguinhas do herói

Estes são os novos coleguinhas do herói

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Promoção: Ressurreição

Risen

A Sony Pictures disponibilizou 15 pares de ingressos de Ressurreição (Risen, 2016) para O Pipoqueiro sortear! Envie um e-mail para opipoqueiro@gmail.com com o assunto Ressurreição e explique por que você quer ser um dos contemplados. As melhores respostas vão receber um e-mail com as instruções para a retirada dos ingressos. Lembrando que a sede do Pipoqueiro fica em Belo Horizonte, o que pode gerar custos de envio. O limite para envio de respostas é no dia 22/03, às 17h. O resultado será divulgado no dia 23/03.

Dirigido por Kevin Reynolds (de Robin Hood, 1991, e O Conde de Monte Cristo, 2002), Ressurreição traz Joseph Fiennes (de Shakespeare Apaixonado, 1998) no papel de um centurião romano cético que é designado para encontrar o corpo de Jesus de Nazaré e esclarecer o boato de uma ressurreição. Ao invés de recontar mais uma vez a história que todos conhecemos, o longa busca mostrar os fatos posteriores à Paixão de Cristo pelos olhos de um agnóstico. O elenco ainda conta com Tom Felton, o Draco Malfoy de Harry Potter.

Participe!

Risen scene

“Está esperando o que para mandar o e-mail?”

 

ATUALIZAÇÃO: abaixo, os vencedores da promoção. O e-mail com as instruções para a retirada dos ingressos foi enviado. Agradecemos a participação de todos.

Rafaela Dantas

Tânia Alves

Lígia Freitas

Rômulo Santos

Renata Silva

José de Castro Jr.

Lina Moreira

Jesse Hopkins

Frederico Mendes

Glauber Rocha

Flávio Amaral

Rodolfo Miranda

Alexandre Costa

Halbert Santos

Yasmin Cordeiro

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