por Marcelo Seabra
Chegando ao final do ano, todos começam a divulgar as listas que resumem o cinema naquele período. Uns postam muito cedo, nem deu tempo de terminar dezembro. Eu preferi esperar até o último dia, já que ainda tinha algumas obras a conferir. Mesmo porque houve alguns momentos apertados ao longo do ano em que não foi possível conferir tudo o que era lançado, e uma repescagem em DVD sempre ajuda.
Os filmes lembrados são aqueles que tiveram lançamento comercial no Brasil em 2012 – alguns foram produzidos em 2011 – e, claro, apenas os que pude conferir. Você vai se perguntar, por exemplo, onde está Cada Um Tem a Gêmea que Merece (Jack and Jill, 2011) dentre os piores do ano. A falta de tempo para ver tudo pode ter um lado positivo: me livrar desse tipo de coisa (mas não se preocupe: Adam Sandler não ficou de fora). Portanto, sem mais delongas, seguem as categorias, as menções honrosas e os comentários devidos.
Atenção: para os filmes que têm crítica publicada no Pipoqueiro, basta clicar no título para visitá-la. E os comentários abaixo não contém spoilers, o que também não acontece nas críticas do site.
Os Melhores do Ano
10 – Dredd (2012)
08 – Intocáveis (Intouchables, 2011)
07 – Holy Motors (2012)
06 – O Espião que Sabia Demais (Tinker Tailor Soldier Spy, 2011)
05 – Drive (2011)
04 – Argo (2012)
03 – A Invenção de Hugo Cabret (Hugo, 2011)
02 – A Separação (Jodaeiye Nader az Simin ou A Separation, 2011)
01 – O Artista (The Artist, 2011)

- Menções Honrosas (sem ordem):
Precisamos Falar Sobre o Kevin (We Need to Talk About Kevin, 2011)
Operação Invasão (Serbuan Maut ou The Raid: Redemption, 2011)
George Harrison: Living in the Material World (2011)
O Impossível (The Impossible, 2012)
Headhunters (Hodejegeme, 2011)
Os Vingadores (The Avengers, 2012)
Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge (The Dark Knight Rises, 2012)
Looper: Assassinos do Futuro (2012)
Poder Sem Limites (Chronicle, 2012)
As Vantagens de Ser Invisível (The Perks of Being a Wallflower, 2012)
Marcados para Morrer (End of Watch, 2012)
O Homem da Máfia (Killing Them Softly, 2012)
Ruby Sparks: A Namorada Perfeita (2012)
Detona Ralph (Wreck-It Ralph, 2012)
As Aventuras de Pi (The Life of Pi, 2012)
- Comentários:
– Como Argo é o melhor colocado entre os lançamentos de 2012, fica como a minha aposta para as premiações americanas.
– O último dos 10 a ser conferido foi A Separação, que havia me escapado, e por pouco não cometo um crime deixando-o de fora. Um filme simples, honesto e impactante que, de quebra, ainda nos mostra um pouco do modo de vida e costumes do Irã.
– Dredd chegou tímido e logo se mostrou uma das adaptações de quadrinhos mais fiéis ao material original, tendo tudo para cair nas graças dos fãs do personagem e, melhor, podendo ser também admirado pelo público em geral. Conseguiu um resultado melhor que os aguardados Vingadores e Batman Ressurge, que têm seus furos, apesar de serem divertidos até!
– A França teve um ótimo ano no cinema mundial: além do reconhecimento de público e crítica para O Artista, bastante premiado, teve o estranho e interessante Holy Motors e o campeão de público Intocáveis, que bateu o recorde francês anterior, de Amélie Poulain, chegando a faturar mais de 420 milhões de dólares.
– Alguns longas menores foram uma ótima surpresa, como os românticos Ruby Sparks e As Vantagens de Ser Invisível, os policiais Marcados para Morrer e Operação Invasão e Poder Sem Limites, que consegue trazer ar fresco ao subgênero “filme de filmagens encontradas” com uma história muito interessante.
Os Piores do Ano
10 – Um Tira Acima da Lei (Rampart, 2011)
09 – Motoqueiro Fantasma: Espírito de Vingança (Ghost Rider: Spirit of Vengeance, 2012)
08 – Possessão (The Possession, 2011)
07 – O Ditador (The Dictator, 2012)
06 – Busca Implacável 2 (Taken 2, 2012)
05 – Filha do Mal (The Devil Inside, 2012)
04 – Billi Pig (2012)
03 – O Pacto (Seeking Justice, 2011)
02 – Este É o Meu Garoto (That’s My Boy, 2012)
01 – As Aventuras de Agamenon, O Repórter (2011)

- Menções Desonrosas (sem ordem)
Tão Forte e Tão Perto (Extremely Loud & Incredibly Close, 2011)
Beleza Adormecida (Sleeping Beauty, 2011)
A Hora da Escuridão (The Darkest Hour, 2011)
Sombras da Noite (Dark Shadows, 2012)
O Que Esperar Quando Você Está Esperando (What to Expect When You’re Expecting, 2012)
Vizinhos Imediatos de 3º Grau (The Watch, 2012)
Os Infiéis (Les Infidèles, 2011)
Fuga Implacável (The Cold Light of Day, 2012)
Um Alguém Apaixonado (Like Someone in Love, 2012)
A Sombra do Inimigo (Alex Cross, 2012)
A Última Casa da Rua (House at the End of the Street, 2012)
Até que a Sorte Nos Separe (2012)
E a dose dupla de Branca de Neve
- Comentários
– Estes nem devem ser os piores filmes do ano, acredito que os verdadeiros piores tenham passado direto por mim.
– Assisti a muitos longas brasileiros esse ano, e fico feliz que poucos estejam nessa lista, apesar de ainda não povoarem a lista anterior.
– E a ordem dos Piores do Ano nem importa muito, são todos igualmente pavorosos.
Concorda com as listas? Não? Comente!
Agradeço a todos que acompanharam O Pipoqueiro em 2012 e a todos que vão seguir acompanhando em 2013! Foram 125 novos textos em 2012 e espero ter fôlego para muitos mais. Feliz Ano Novo!


O que dizem de Woody Allen tem servido também a Eastwood: mesmo quando se trata de um filme menor de sua carreira, ainda é melhor que praticamente tudo mais que estiver em cartaz. O problema é que o que mais interessa na vida de John Edgar Hoover (ao lado), o eterno diretor do FBI, é a quantidade de segredos que ele guardava. Mas guardava tão bem que permaneceram assim. O filme se torna interessante, então, por abranger as quase cinco décadas em que ele ficou à frente da instituição que ajudou a criar, e passamos pela evolução do bureau. Hoje, parece que sempre se usou impressões digitais para investigar um crime, mas não era bem assim.



O jovem Tom Holland (ao lado), que faz o filho mais velho, Lucas, consegue transmitir vários sentimentos de uma vez com competência de veterano. Ele vai do desespero à tristeza à coragem e perseverança que só podemos torcer por mais filmes que aproveitem esse talento todo. Os outros garotos, Samuel Joslin e Oaklee Pendergast, também se garantem e não ficam para trás. Ewan McGregor (de 

Gere interpreta Robert Miller, um milionário muito bem visto na sociedade que está no meio do processo de venda de suas empresas. Em determinado momento, sua filha Brooke (Brit Marling, de A Outra Terra, 2011 – foto) pergunta por que ele estaria vendendo tudo, e ele apenas desconversa. Logo descobrimos que Miller deu um jeito de encobrir seus registros financeiros pegando dinheiro emprestado para tapar buracos. A venda das empresas o salvaria financeiramente e seria um dos maiores casos de fraude da história. Nada muito longe do que vemos nos jornais diariamente e que o filme
Além dessa situação financeira, Miller também guarda segredos em sua vida pessoal: ele mantém uma amante (a belíssima Laetitia Casta, de Gainsbourg, 2010 – ao lado) na folha de pagamento de sua empresa sob a desculpa de patrocínio às artes, já que ela gerencia uma galeria, e a refinada esposa (Susan Sarandon, do segundo Wall Street, 2010) já se acostumou com as fugas do marido. Como se não bastasse a situação da negociação das empresas, com vários empecilhos sendo colocados pelo comprador, Miller se vê em meio a uma investigação de assassinato que poderá trazer muita atenção indesejada para ele.

Como o cartaz entrega, Pi acaba no meio do oceano, em um pequeno barco, com nada menos que um tigre de Bengala como companheiro de viagem. A jornada que o jovem vive poderia colocar em xeque a fé de muitos, mas Pi se mantém humilde e obediente, à disposição de qualquer que seja a divindade. Por algum motivo, muitos parecem ter entendido que se tratava de um filme infantil. Não era normal o tanto de crianças na sessão (apesar de que o maior incômodo é sempre causado por adultos inconvenientes). É sobre um adolescente, mas não é necessariamente para este público. As questões que preocupam Pi são universais, como as populares “que sou eu?”, “para onde vamos?” e “quem é responsável por isso tudo?”.E é importante ressaltar que não é preciso ser religioso para apreciar o longa. E as respostas não se resumem a “42”, nem tampouco a um encontro na cabana. O título nacional, além de afastar o filme da obra que lhe deu origem, descaracteriza a ideia de magnitude que cerca Pi: ao invés de A Vida de Pi, ficou parecendo sessão da tarde, daquele tipo com “uma galerinha que apronta todas”.


A trama, num primeiro momento absurda, é encarada pelo governo inglês como uma boa possibilidade de reforçar as relações amigáveis entre os dois países, uma notícia positiva para os jornais, que não envolveria guerra ou mortes. A assessora de imprensa do Primeiro Ministro mobiliza todos que puder para que os peixes façam a viagem necessária. Kristin Scott Thomas (a tia Mimi de 

A primeira parte da nova trilogia de Jackson começa no dia do 111º aniversário de Bilbo Baggins (Ian Holm), poucas horas antes da festa de comemoração da ocasião, evento que também marca o começo de A Sociedade do Anel, primeiro filme da trilogia de O Senhor dos Anéis. Os eventos mostrados aqui, no entanto, são anteriores aos mostrados em A Sociedade. Aqui, vemos o momento em que Bilbo decide começar a escrever a história de como embarcou na maior aventura de sua vida, um conto que deixará para seu sobrinho Frodo (Elijah Wood, em uma ponta). O conto – e o filme – começa 60 anos antes, quando o então jovem Bilbo (Martin Freeman, da série Sherlock – acima) é abordado por Gandalf, o Cinza (Ian McKellen) para que faça parte de uma comitiva de 13 anões liderada por Thorin Escudo de Carvalho (Richard Armitage, de Capitão América) com o objetivo de recuperar Erebor, a montanha na qual sua raça de anões habitara por séculos e o tesouro nela contido, das garras do dragão Smaug.
A primeira parte da trilogia O Hobbit reflete o fato de o material original ser um livro infantil. Se em O Senhor dos Anéis há um único anão como alívio cômico, aqui temos 13 deles, todos muito bem caracterizados, a maioria piadista, mas pelo menos cinco deles com personalidades bem desenvolvidas. O filme usa e abusa de coincidências e algumas situações têm soluções que aqueles não familiarizados com o material de Tolkien podem achar incômodas ou mesmo completamente sem sentido, ainda que diversas delas – como a cavalaria chegando quando os heróis do filme mais precisam de ajuda – sejam apenas clichês cinematográficos.
Esta adaptação de O Hobbit tem dois grandes problemas. O primeiro é a fonte que o origina, o livro de Tolkien. Muitos fãs podem maldizer o trabalho dos roteiristas, grupo formado pelo consagrado trio Jackson, Phillipa Boyens e Fran Walsh, com a adição de Guillermo del Toro, que estava escalado como diretor no início do desenvolvimento. O Hobbit, o livro, é bem infantil e tem um tom bobo que incomoda. Se o alívio cômico da trilogia dos anéis era o anão da turma, imagina ter 13 deles como protagonistas? Estão sempre fazendo bagunça e rindo uns com os outros com piadinhas bestas, mas sendo heróicos quando necessário. Imagine o fardo quando eles começam a cantoria! O outro complicador é a necessidade de Jackson, que ninguém entendeu (além do óbvio: grana), de ter transformado um volume nem muito grande em três longas realmente longos. O primeiro dura nada menos que 169 minutos, o que exige bastante enrolação e cenas que se estendem muito além do necessário, além de costuras com subtramas de outras histórias que foram parar ali.
Uma saída fácil é acrescentar personagens e seus intérpretes que haviam aparecido antes em O Senhor dos Anéis. Afinal, quem não gostaria de ver Andy Serkis novamente como Gollum, aquela criatura trágica que aprendemos a amar? Além de Serkis, Jackson conta com Ian McKellen (Gandalf – ao lado), Ian Holm (Bilbo mais velho), Elijah Wood (Frodo), Hugo Weaving (Elrond) e Cate Blanchet (Galadriel), além de ter criado a oportunidade de se desculpar com Christopher Lee, que teve seu Saruman praticamente cortado dos anteriores. Além desses velhos conhecidos, há vários novatos nesse universo, com destaque para Martin Freeman, que vive a versão mais jovem de Bilbo Baggins (ou Bolseiro), e Richard Armitage (de Capitão América, 2011), que ficou com o papel de líder dos anões. Ele repete a caminhada de Aragorn, já que é um rei sem reinado em busca de uma recolocação à frente de seu povo.




Somos apresentados a um criminoso de segunda (Scoot McNairy, de
As situações enfrentadas pelos personagens mostram a imagem que os gângsters podem ter de si mesmos: seres infalíveis e bem sucedidos destinados à glória. Na realidade, vemos algo longe disso, principalmente na figura do matador Mickey (James Gandolfini, o Tony Soprano da TV – ao lado). Ele é alcoólatra, vive a possibilidade de ser preso por uma besteira (em comparação com as atrocidades que cometeu) e foi abandonado pela esposa. Nada mais perdedor. O advogado vivido por Richard Jenkins (de 





