Conheça os filmes solo do Batman

Devido a um trabalho acadêmico, me propus a rever todos os oito filmes solo do Batman, do primeiro do Tim Burton ao mais recente, do Matt Reeves, passando por Joel Schumacher e Christopher Nolan. Segue o balanço, com comentários rápidos sobre cada um:

01 – Batman (1989)

A década de 80, depois do bem sucedido lançamento principalmente de Ano Um e O Cavaleiro das Trevas, ambas as sagas dos quadrinhos assinadas por Frank Miller, permitiu à Warner contratar Tim Burton e fazer um filme mais sombrio de Batman. Dessa forma, surgiu o longa que traz Michael Keaton no papel do vigilante mascarado, e o ator não faz feio nem como Bruce Wayne, misterioso e perturbado, nem como Batman. Jack Nicholson rouba a cena como o Coringa, um tiozão piadista e homicida que representa o outro lado da moeda, um contraponto a Batman. Filmão!

02 – Batman: O Retorno (Batman Returns, 1992)

Sem influência de produtores, Burton volta ao universo que criou e aumenta as apostas, fazendo um filme ainda mais sombrio, cheio de referências de cunho sexual e de explicações rasas, além de transformar a Michelle Pfeiffer em Mulher-Gato ao cair de uma torre altíssima. A lógica passou longe e os fãs (eu incluso) costumam gostar muito, apesar de vários problemas. Danny DeVito é outro vilão a brilhar, como um Pinguim repulsivo que cospe bile.

03 – Batman Eternamente (Batman Forever, 1995)

Depois de Burton ter chocado as famílias dos cidadãos de bem e afastado os patrocinadores, a Warner o relegou à posição de produtor sem apito e passou a direção a Joel Schumacher, que pretendia fazer um filme mais favorável a crianças, mas dobra as referências sexuais. Focado em vender tranqueiras, o diretor faz uma aventura com alguns méritos, mas os defeitos saltam da tela. O tom do filme é errado desde o início, desperdiçando um ótimo elenco – leia-se Val Kilmer, Jim Carrey e Tommy Lee Jones. Schumacher produz algumas imagens bonitas, mas um filme 100% irritante que, apesar de ter faturado bem em bilheterias e em produtos vendidos, desapontou qualquer fã do herói, e de cinema em geral.

04 – Batman & Robin (1997)

“Se eles gostaram do primeiro, vamos mais longe no segundo”, pensou Joel Schumacher. Fez uma atrocidade, provando que quanto mais dinheiro davam a ele, pior era o resultado. Mais personagens, mais cores, mais bobagens, mais mamilos nos uniformes (acima). George Clooney até hoje pede desculpas por ter participado disso, mas a verdade é que a culpa é toda do diretor, que topou as exigências da Warner, que queria ganhar mais dinheiro com licenciamentos, e adicionou suas próprias esquisitices. Para quem não se lembra, temos um Bane burro, capanga da Hera Venenosa de Uma Thurman, e um Sr. Frio engraçadinho, com Arnold Schwarzenegger fazendo toda sorte de piadas de baixas temperaturas. É um suplício chegar ao final da sessão.

05 – Batman Begins (2005)

Depois que a poeira do fracasso de público e crítica de Batman & Robin baixou, num intervalo de oito anos, a Warner parece ter aprendido alguma coisa e aceitou a proposta de um diretor independente e elogiado de contar a origem do Homem-Morcego. Vindo do sucesso de dois longas policiais de influências noir, Christopher Nolan chamou o viciado em quadrinhos David Goyer para escreverem juntos o que, se fosse bem sucedido, seria o início de uma trilogia, e escalou o galês Christian Bale para o papel principal. Esse é só um dos grandes nomes de um elenco que inclui Morgan Freeman, Gary Oldman, Michael Caine, Rutger Hauer, Tom Wilkinson, Ken Watanabe e Liam Neeson, além do então pouco conhecido Cillian Murphy. O sucesso estrondoso garantiu Nolan na sequência.

06 – Batman: O Cavaleiro das Trevas (The Dark Knight, 2008)

Normalmente apontado como um filme excelente, e não apenas uma boa adaptação de quadrinhos, O Cavaleiro das Trevas vai muito mais longe que a aventura anterior, com personagens interessantes e um roteiro impecável. Indo na contramão dos colegas que viveram o Coringa antes dele, Heath Ledger (acima) compõe um psicopata de tom baixo, realmente ameaçador e com um sotaque meio caipira. Ao dizer que não faz planos, ele engana a todos, já que é exatamente o plano dele que move a trama e envolve o promotor Harvey Dent, vivido por Aaron Eckhart, de maneira trágica. Filme para rever sempre que possível.

07 – Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge (The Dark Knight Rises, 2012)

Final digno para a trilogia de Christopher Nolan, o longa fica aquém dos anteriores, mas ainda é um bom filme. Tom Hardy faz algumas escolhas estranhas na composição do vilão Bane, mas acaba funcionando bem. Algumas saídas fáceis do roteiro enfraquecem o resultado e Nolan toma uma decisão que desagrada boa parte dos fãs. No entanto, encerra bem a saga e o diretor decidiu parar ali, mesmo sendo convidado a continuar.

08 – Batman (The Batman, 2021)

Mais um caso de contratação criticada desde o início (além de Michael Keaton e Heath Ledger, principalmente), Robert Pattinson calou a boca geral fazendo um Batman grunge, deprimido e “faça você mesmo”, que até costura a própria máscara. Matt Reeves seguiu o modelo Nolan ao tentar ser o mais realista possível e foi o primeiro no cinema a ressaltar o lado detetive do herói. Em início de carreira, Batman é falho, em meio a investigações, e vai chegar ao mito que conhecemos por tentativa e erro. Ótimo elenco, e o Pinguim de Colin Farrell ganhou uma série, que estreia em setembro. Em 2026, chega a Parte II.

Em setembro chega o Pinguim!

Sobre Marcelo Seabra

Jornalista e especialista em História da Cultura e da Arte, é mestre em Design na UEMG com uma pesquisa sobre a criação de Gotham City nos filmes do Batman. Criador e editor de O Pipoqueiro, site com críticas e informações sobre cinema e séries, também tem matérias publicadas esporadicamente em outros sites, revistas e jornais. Foi redator e colunista do site Cinema em Cena por dois anos e colaborador de sites como O Binóculo, Cronópios e Cinema de Buteco, escrevendo sobre cultura em geral. Pode ser ouvido no Programa do Pipoqueiro, no Rock Master e nos arquivos do podcast da equipe do Cinema em Cena.
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