Orgulho e Preconceito é sempre uma ótima opção

Não me orgulho de admitir que um certo preconceito me fez ficar anos sem ver um ótimo filme, erro corrigido há pouco. Julgando se tratar de uma história muito água com açúcar, daquelas que causam diabetes em quem assiste, evitei Orgulho e Preconceito (Pride and Prejudice, 2005) desde seu lançamento, mesmo vendo elogios sendo tecidos, além de várias indicações a prêmios. O longa marcou o início da carreira do diretor Joe Wright e é certamente uma das melhores adaptações, dentre muitas, da obra da grande Jane Austen.

Para quem não sabe, a história gira em torno da jovem Elizabeth (Keira Knightley), a segunda das cinco irmãs Bennet, muito inteligente e sagaz que, dizem, nunca encontraria um marido à altura. Frequentando a alta roda da sociedade, mesmo não pertencendo a ela, as meninas conhecem gente importante, como o Sr. Bingley (Simon Woods), por quem a mais velha das Bennet, Jane (Rosamund Pike), se interessa. O amigo de Bingley, Sr. Darcy (Matthew Macfadyen), no entanto, é uma figura um tanto enigmática e desenvolve uma relação estranha com Elizabeth.

O clássico livro de Austen já ganhou diversas adaptações, passando por um musical, uma série de “origem”, um terror com zumbis e até uma comédia moderna pouco fiel, O Diário de Bridget Jones (Bridget Jones’s Diary, 2001). Esta versão de 2005, impecável, pode ser considerada a definitiva por seus vários atributos, a começar pelo roteiro de Deborah Moggach, muito bem amarrado, enxuto e que mantém um certo suspense até o fim. A recriação visual da época, com seus bailes, carruagens, figurinos e penteados, é primorosa.

O maior acerto de Wright, dentre vários, é a escolha do elenco, que mistura bem veteranos e iniciantes, todos muito afiados. Knightley, como a mocinha, é um poço de carisma, alternando suas observações certeiras com um sorrisinho tímido. Donald Sutherland e Brenda Blethyn, como os pais Bennet, dão um show todas as vezes que aparecem. E o grande destaque é a atuação comedida de Macfadyen, que vai facilmente de odioso a simpático e tem as prováveis melhores falas do roteiro. Menos conhecidos à época, temos ainda Rosamund Pike, Jena Malone, Carey Mulligan, Kelly Reilly, Rupert Friend e Tom Hollander, todos não menos que competentes.

Nunca é tarde para se corrigir um erro. Se você ainda não viu Orgulho e Preconceito, está em tempo. Não apenas por se tratar de um clássico da literatura, mas por ser um filme muito bem realizado, adaptado e atuado, com um elenco estelar. Indique para o(a) crush, vai ser um belo programa a dois. Ou sozinho(a), mesmo. O importante é não deixar esse filmaço passar em branco.

Uma das melhores duplas da literatura mundial: Elizabeth Bennet e Sr. Darcy

Sobre Marcelo Seabra

Jornalista e especialista em História da Cultura e da Arte, é mestre em Design na UEMG com uma pesquisa sobre a criação de Gotham City nos filmes do Batman. Criador e editor de O Pipoqueiro, site com críticas e informações sobre cinema e séries, também tem matérias publicadas esporadicamente em outros sites, revistas e jornais. Foi redator e colunista do site Cinema em Cena por dois anos e colaborador de sites como O Binóculo, Cronópios e Cinema de Buteco, escrevendo sobre cultura em geral. Pode ser ouvido no Programa do Pipoqueiro, no Rock Master e nos arquivos do podcast da equipe do Cinema em Cena.
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