Fã ou não do diretor Wes Anderson, já dá para ter uma ideia do que esperar de seus novos projetos. Seus filmes mais parecem um compilado de esquetes dos mais variados e esquisitos personagens, alguns mais bem amarrados que outros. Depois do complexo A Crônica Francesa (The French Dispatch, 2021), para não dizer ruim, ele escreveu e dirigiu Asteroid City (2023), mais um longa que conta com um número enorme de estrelas em papéis que vão de pequenos a minúsculos. Alguns nomes que vemos subindo serão surpresa, mesmo ao final da exibição, porque apareceram tão rapidamente que nem deu para notar.
Fazendo uma homenagem aos filmes de ETs e conspirações governamentais, Anderson nos apresenta à Asteroid City do título, um vilarejo construído em torno da cratera de um asteroide, no meio do deserto. Algo como a Los Alamos de Oppenheimer (2023), povoada por alguns civis e muitos militares. Lá será realizada uma espécie de convenção de nerds adolescentes, e todos se reúnem para o evento sem saber que algo muito mais importante está por vir. Importante notar que isso tudo é uma peça escrita pelo premiado dramaturgo Conrad Earp (Edward Norton, de Moonrise Kingdom, 2012), então temos uma história dentro de outra história. Tudo absolutamente ficcional.
Anderson tem seus cupinchas de plantão, aqueles colaboradores que volta e meia dão as caras. Estão lá, pelo menos pela segunda vez com o diretor, Norton, Jason Schwartzman, Tilda Swinton, Liev Schreiber, Jeff Goldblum, Bryan Cranston, Jeffrey Wright, Adrien Brody, Willem Dafoe, Rupert Friend, Jarvis Cocker, Tony Revolori, Bob Balaban, Fisher Stevens, Seu Jorge e Scarlett Johansson, que narra Ilha dos Cachorros (2018). Dentre os marinheiros de primeira viagem com Anderson estão Tom Hanks, Rita Wilson, Margot Robbie, Maya Hawke, Sophia Lillis, Hope Davis, Matt Dillon e Steve Carell, que entrou de última hora para substituir uma figurinha fácil, Bill Murray, que estava com Covid-19.
As atuações dessa turma enorme reforçam o clima de farsa, todos parecem estar um tom a mais, num leve exagero onírico. Isso, além dos cenários minimalistas, que lembram muito uma peça de teatro. Ao contrário do trabalho anterior de Anderson, aqui as várias pontas lançadas acabam se amarrando de forma fluida, tornando a sessão menos sofrida. Ainda assim, é uma obra mais indicada para quem já conhece e gosta da forma peculiar que o diretor tem de encarar o mundo. E seus belos visuais e cores saturadas do deserto.
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