Ewan McGregor volta ao manto de Obi-Wan Kenobi

Com três episódios exibidos (metade), já dá para dizer que a série Obi-Wan Kenobi é o melhor produto do universo Star Wars em muito tempo. Claro que ajuda ter personagens clássicos na trama, o que chama a atenção de um público mais amplo que um Mandaloriano ou Boba Fett, que são mais conhecidos entre os fãs mais aplicados. Ewan McGregor, que apareceu de corpo presente como o personagem pela última vez em 2005 (no Episódio III: A Vingança dos Sith), volta mais velho e seguro, coincidindo com a história. Demorou, mas ele finalmente descobriu que Anakin Skywalker está vivo.

O primeiro episódio da série monta o cenário com calma, sem querer apenas agradar os fãs que queriam de cara ver Darth Vader. No entanto, momentos marcantes não faltarão e todos ficarão felizes. Trata-se de mais uma obra que ocupa buracos entre os filmes, como foi com Rogue One (2016). No primeiro Star Wars (Uma Nova Esperança, 1977), a Princesa Leia manda uma mensagem de socorro para Obi-Wan, “a única esperança” dos rebeldes contra o Império. Agora, descobrimos como eles se conheceram e como a relação se estabeleceu. E algumas críticas sociais são colocadas aqui e ali com discrição, como a cena do ex-soldado pedindo esmola.

Um dos destaques de Obi-Wan Kenobi é a menina Vivien Lyra Blair (de Bird Box, 2018), que vive a pequena Leia Organa. Ela já conquista o público em sua primeira aparição com uma mistura de força e fofura e ajuda a costurar as pontas deixadas anteriormente. E é interessante também ver a relação entre ela e os pais, que a gente conhecia pouco. Entre as novidades, a grata surpresa é a Inquisidora Reva, interpretada por Moses Ingram (de A Tragédia de Macbeth, 2021), uma vilã à altura da franquia, que parece obcecada em encontrar Obi-Wan, o maior Jedi vivo.

A voz de Darth Vader, mais uma vez, é provida por James Earl Jones, e o corpo é novamente o de Hayden Christensen, dos Episódios II e III. Por que ele volta a gente não sabe, já que Anakin teve o corpo queimado e ficou desfigurado. Qualquer ator serviria. Se tiver flashbacks, justifica, ou será apenas fan service (um agrado aos fãs). Outros velhos conhecidos nossos também voltam, como Jimmy Smits (Bail Organa), Temuera Morrison (Boba Fett e seus clones) e Joel Edgerton (o tio Owen), e há mais adições, como Benny Safdie (Nari), Kumail Nanjiani (Haja) e Rupert Friend (o Grande Inquisidor). Todos funcionam muito bem.

Com cinco roteiristas envolvidos, quem brilha também é a diretora, Deborah Chow, que comandou todos os seis episódios. Ela vem de várias outras séries, como Mr. Robot, Jessica Jones e Better Call Saul, além de O Mandaloriano, e mostra ter pegado exatamente o espírito da franquia. E trouxe o Flea para o elenco, tendo assinado um clipe dos Red Hot Chilli Peppers. Cenas grandiosas, uma bela fotografia e muito suspense não faltam, mostrando que a série não é boa apenas por ter presenças queridas. Pena que alguns ditos fãs desse universo continuem a direcionar ódio a atores que eles aparentemente não aprovam, mostrando que eles não entenderam nada do que assistiram.

Umas das presenças mais esperadas da série

Sobre Marcelo Seabra

Jornalista e especialista em História da Cultura e da Arte, é atualmente mestrando em Design na UEMG. Criador e editor de O Pipoqueiro, site com críticas e informações sobre cinema e séries, também tem matérias publicadas esporadicamente em outros sites, revistas e jornais. Foi redator e colunista do site Cinema em Cena por dois anos e colaborador de sites como O Binóculo, Cronópios e Cinema de Buteco, escrevendo sobre cultura em geral. Pode ser ouvido no Programa do Pipoqueiro, no Rock Master e nos arquivos do podcast da equipe do Cinema em Cena.
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