Quinto filme encerra as aventuras de Indiana Jones

15 anos após a aventura mais recente, o Professor Henry “Indiana” Jones Jr. volta aos cinemas. Harrison Ford mais uma vez assume o papel e temos em cartaz Indiana Jones e a Relíquia do Destino (Indiana Jones and the Dial of Destiny, 2023), quinto e último filme do personagem. Ele segue o padrão dos anteriores, inclusive com várias autorreferências, mas é mais longo e isso se reflete no resultado, que fica um pouco cansativo.

No dia em que se aposenta da universidade onde trabalha, o Prof. Jones se vê envolvido na busca por um artefato poderoso inventado pelo histórico matemático Arquimedes. Dois lados disputam a tal peça: os remanescentes do nazismo liderados pelo cientista vivido por Mads Mikkelsen (de Druk – Mais uma Rodada, 2020) e a afilhada de Jones, Helena Shaw (Phoebe Waller-Bridge, a eterna Fleabag). Mais uma vez, os vilões são os nazistas (os de sempre) e a busca envolve um objeto que supostamente tem poderes mágicos.

Com várias indas e vindas e o artefato se revezando entre as mãos dos envolvidos, as coisas acabam ficando um pouco repetitivas. O que segura a atenção do espectador é o carisma de Ford, sempre uma presença magnética em cena, e em ótima forma física. Mikkelsen, também muito competente, deve tomar cuidado para não ficar marcado como o vilão da vez. Quem também se sai bem é Waller-Bridge, que mostra talento para a ação e sempre injeta humor em seus diálogos.

O roteiro, escrito a oito mãos (dentre elas, as do diretor, James Mangold, de Logan, 2017), tem muitos acertos. A relação entre Jones e Helena é paternal, evitando uma situação romântica que ficaria ridícula e permitindo a Helena mostrar sua força. Jones aceita que o tempo passou e ele já não é mais o mesmo jovem de Os Caçadores da Arca Perdida – apenas nas cenas de flashback, Ford foi rejuvenescido digitalmente. As referências aos outros filmes da franquia serão um presente aos fãs, como o figurino icônico (jaqueta, chapéu e chicote), as participações especiais, as sombras marcantes nas paredes, os bordões e, claro, o bom uso e pequenas adaptações da música-tema maravilhosa assinada pelo mestre John Williams.

No elenco, contrataram um Boyd Holbrook (de Sandman) servindo como um capanga qualquer, e o ator merecia mais. Antonio Banderas (de Uncharted, 2022) quase passa batido, bem diferente fisicamente do usual. E temos ainda Thomas Kretschmann (de Greyhound, 2020) e Toby Jones (de Tetris, 2023) em papéis menores, fechando os nomes mais famosos. Os demais capangas de Mikkelsen são dispensáveis e, às vezes, até os confundimos.

Se a trama se mostra corajosa em alguns momentos, os rumos que ela segue acabam sendo mais convencionais. É o filme mais fantasioso da série e as sequências de ação também são as mais forçadas, com explosões e tiros à vontade, mas só acertando o necessário. Mangold se resume a emular a direção de Steven Spielberg, que comandou as quatro aventuras anteriores e decidiu deixar o projeto para que alguém de uma nova geração assumisse. Mesmo com um diretor diferente, Relíquia do Destino não fugiu da fórmula consagrada por Spielberg e dá um fim decente às aventuras de Indiana.

Ford foi rejuvenescido para as cenas de flashback

Marcelo Seabra

Jornalista e especialista em História da Cultura e da Arte, é atualmente mestrando em Design na UEMG. Criador e editor de O Pipoqueiro, site com críticas e informações sobre cinema e séries, também tem matérias publicadas esporadicamente em outros sites, revistas e jornais. Foi redator e colunista do site Cinema em Cena por dois anos e colaborador de sites como O Binóculo, Cronópios e Cinema de Buteco, escrevendo sobre cultura em geral. Pode ser ouvido no Programa do Pipoqueiro, no Rock Master e nos arquivos do podcast da equipe do Cinema em Cena.

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