Coreanos tentam matar o presidente em Operação Hunt

Famoso pelo mundo após sua premiada participação na série Round 6 (ou Squid Game), Lee Jung-jae já gozava de boa fama em sua Coréia natal desde meados da década de 90, quando estreou como ator na TV e no Cinema. Agora, ele faz sua estreia como diretor e produtor num projeto que vem sendo desenvolvido há cinco anos: Operação Hunt (Heon-teu, 2022), longa que chega aos cinemas essa semana.

O atraso na produção, devido a várias circunstâncias, permitiu a Jung-jae assumir a direção e mexer no roteiro da estreante Jo Seung-Hee, atuando também como produtor. Em maio de 2021, as filmagens finalmente começaram e o filme teve sua estreia oficial no Festival de Cannes de 2022. Para o Festival de Toronto, o diretor viu a necessidade de reeditar a obra para facilitar o entendimento da trama pelo público ocidental.

No começo da década de 80, temos três eventos reais importantes na história da Coréia do Sul que servem de base ao roteiro de Hunt. Em maio de 1980, calcula-se que até 600 pessoas possam ter sido assassinadas no chamado Massacre de Gwangju, quando a população dessa cidade tomou o poder para protestar contra a ditadura vigente. O exército chegou e conteve os insurgentes, matando-os, e os números verdadeiros ainda são debatidos.

Em fevereiro de 1983, um capitão da força aérea da Coréia do Norte desertou e pousou seu MiG-19 em Seul. Ele foi prontamente incorporado à força aérea do país e chegou a coronel. Em outubro do mesmo ano, houve uma tentativa de assassinato do presidente Chun Doo-hwan em Rangum, hoje Mianmar. O bombardeio causou a morte de 21 pessoas e deixou 46 feridos. Um suspeito preso confessou ser um militar norte-coreano, mas o país negou ser o mandate do atentado.

Não é necessário conhecer esses fatos para entender a trama, mas ajuda. O cenário político da Coréia do Norte do final dos anos 70 e início de 80 é complexo. Quando o filme começa, conhecemos dois chefes de unidades da agência de inteligência da Coréia do Sul. Park Pyong-ho (Jung-jae) lidera a equipe que cuida de assuntos relacionados a estrangeiros, enquanto Kim Jung-do (Jung Woo-sung, de Golpe de Sorte, 2020) fica à frente do grupo doméstico.

O passado dos dois, que já se cruzaram, traz alguma tensão, que aumenta bastante quando chega a informação de que há um traidor infiltrado na agência. Todos são suspeitos e as duas equipes passam a ser investigadas. Não vão faltar perseguições, tiros e explosões, tudo perpassado por intrigas políticas que dão um ar de seriedade a um filme que, no fim das contas, é divertido e bem feito, figurando bem no filão de ação e espionagem.

Apesar de um pouco longo, com 2h11min, Hunt passa rápido, mantendo a atenção do público, que pode ficar um pouco perdido em algum momento, mas logo se situa. Lee Jung-jae se firma como um grande talento do Cinema sul-coreano e seu longa chegou à quarta maior bilheteria de uma obra sul-coreana em 2022, além de levar um punhado de prêmios de associações locais. Como ator, estará na próxima série do universo de Star Wars, The Acolyte.

Quem procura ação não vai se arrepender

Sobre Marcelo Seabra

Jornalista e especialista em História da Cultura e da Arte, é atualmente mestrando em Design na UEMG. Criador e editor de O Pipoqueiro, site com críticas e informações sobre cinema e séries, também tem matérias publicadas esporadicamente em outros sites, revistas e jornais. Foi redator e colunista do site Cinema em Cena por dois anos e colaborador de sites como O Binóculo, Cronópios e Cinema de Buteco, escrevendo sobre cultura em geral. Pode ser ouvido no Programa do Pipoqueiro, no Rock Master e nos arquivos do podcast da equipe do Cinema em Cena.
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