Eduardo e Mônica leva a Legião Urbana ao Cinema

Quando escutamos, na voz de Renato Russo e sua Legião Urbana, a história de um garoto de 16 anos que se apaixona por uma médica com signo em Leão, temos uma balada divertida e funcional sobre um casal improvável. Já na hora em que vemos essa mesma história transportada para as telonas, nos deparamos com uma comédia romântica divertida, bem estruturada e com uma química azeitada entre os protagonistas.

O longa de René Sampaio mostra a história de um estudante de cursinho que, meio sem querer, se encontra com uma complexa médica em uma festa estranha com gente esquisita em Brasília. Nos primeiros minutos, René se apega à letra de Russo quase literalmente, numa brincadeira divertida de mostrar simultaneamente os dois personagens, cada um em seu momento do dia, na tela.

Mas não se trata de um filme que tenta preencher as lacunas de uma música de 4 minutos em um filme de 2 horas. Diferente de Faroeste Caboclo (2013), do mesmo Sampaio (também saída de uma música de Renato Russo), Eduardo e Mônica é uma história mais orgânica, que flui com naturalidade. Gabriel Leone, na pele de Eduardo, e Alice Braga, a Mônica, possuem uma química ótima e conseguem passar exatamente a ideia de um garoto bobo e uma mulher mais intelectualizada, como Renato Russo canta.

Outros personagens são acrescentados com mais profundidade aqui. Seu Bira, o ótimo Otávio Augusto, é o avô com quem o garoto joga futebol de botão. Ele ganha ares mais complexos e traz discursos que já eram ultrapassados em 1985 (e continuam até hoje). E também Inácio (Victor Lamoglia), o carinha do cursinho do Eduardo que o leva para as festas mais estranhas da capital. Por parte da Mônica, conhecemos sua família e seus traumas, que não couberam na letra de Renato, mas que no filme ajudam a dar complexidade à mulher que gostava de Bandeira e do Bauhaus, de Van Gogh e dos Mutantes, de Caetano e de Rimbaud.

A trilha consegue ambientar o filme, ainda que se apegue a clichês e force uma ou outra música da Legião Urbana (que poderá deixar confuso o fã mais chato quanto à época em que uma ou outra foram lançadas). Forçadas também são algumas participações. Com o nome no pôster do filme, Fabrício Boliveira – o João de Santo Cristo de Faroeste Caboclo – faz uma participação totalmente dispensável. Há também uma “participação afetiva” de Giuliano Manfredini, filho de Renato Russo e responsável por colocar o nome da banda nas páginas policiais nos últimos anos por conta de suas crises de herdeiro irresponsável.

Eduardo e Mônica é uma boa comédia romântica que lida de forma realista com as crises do casal e explora bem a relação entre duas pessoas tão diferentes. Assim como a música, que você pode achar uma boa balada, o filme é aprovado por contar uma história leve e divertida. Sofrida tem sido a data de estreia, mas agora é definitivo: o longa, que seria lançado no dia 7 de janeiro, chega às telas no dia 20.

O diretor comanda o casal em parque de Brasília

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