Gavião Arqueiro é outro Vingador a ganhar série própria

Os Estúdios Marvel seguem se desculpando com os personagens que não conseguiram ganhar uma aventura solo. Enquanto a Viúva Negra teve seu merecido longa para o Cinema, outro dos Vingadores originais ganhou uma série no Disney+: Gavião Arqueiro (Hawkeye) já teve três de seus seis episódios divulgados. No universo televisivo da Marvel, Gavião parece ser a obra mais convencional, mostrando o dia a dia de um sujeito sem poderes sobre-humanos cuidando da família até que problemas batem à porta. A atração começa um pouco constrangida, com atuações ruins, mas vai acertando o tom.

Clint Barton (Jeremy Renner, de Te Peguei, 2018) busca passar mais tempo com os três filhos levando-os para apreciar o Natal em Nova York. Assistir ao musical dos Vingadores na Broadway é um pouco pesado, mas nada que uma árvore gigantesca devidamente decorada não resolva. Barton constantemente lembra da amiga Nat, a Viúva Negra, que faleceu em frente a ele. E há ainda uma parte obscura de seu passado a esconder, quando ele vestiu uma fantasia e foi às ruas eliminar mafiosos, ganhando a alcunha de Ronin. Dessa forma, ele exorcizou seus demônios e voltou à vida pacata no interior.

Quando tudo parecia em paz, Barton vê na televisão alguém agindo com as roupas de Ronin e precisa descobriu quem é o impostor. Paralelamente, conhecemos Kate Bishop (Haille Steinfeld, de Bumblebee, 2018), uma garota que fica órfã de pai no Ataque a Nova York (no primeiro Vingadores, de 2012) e passa a se dedicar a várias artes marciais, além do arco e flecha. Barton, claro, é o ídolo da menina, e o destino vai se encarregar de apresentar os dois. Outros elementos vão sendo trazidos à mistura e a dose de ação fica sempre no alto.

Sempre com pouco destaque nos filmes do supergrupo, o Gavião Arqueiro é o personagem mais reservado, que por anos guardou o segredo de ter uma família numa cidadezinha. Essa é uma oportunidade para Renner explorar as possibilidades de Barton, que lida com uma vida bem mundana ao mesmo tempo em que sente o luto pela amiga e ainda carrega o peso de várias mortes nas costas. E temos a introdução de Steinfeld, uma ótima atriz que encaixou muito bem com Bishop, personagem criada em 2005 nos quadrinhos cujo futuro os fãs conhecem bem.

Complementando o elenco, em papéis bem relevantes, temos Vera Farmiga e Tony Dalton como um casal cheio de segredos. A ótima atriz (da trilogia Invocação do Mal) faz a mãe de Kate e deve ser bem explorada nos próximos episódios, assim como Dalton (de Better Call Saul), que acabará se tornando outra figura dos quadrinhos. Brian D’Arcy James (de Spotlight, 2016) é o falecido pai de Kate, que volta e meia faz aparições. E Linda Cardellini volta a viver a esposa de Barton. Outra conhecida do público aparece também, mas é melhor guardar a surpresa.

Avançando a Fase 4 do MCU, Gavião Arqueiro nos apresenta a alguns personagens que vieram para ficar, além de dar mais base para outros, como o próprio Clint. Tecnicamente, a série soa genérica, com a “cara Marvel” que muitos filmes desse universo têm. A trilha de Christophe Beck passa um pouco batida, é menos memorável que a de WandaVision, por exemplo, e só conta com algumas músicas de Natal. Ao final dos seis episódios, teremos a noção exata do impacto da série no MCU. Por enquanto, ela segue divertida e isso é suficiente.

Farmiga e Dalton fazem outros dois personagens recorrentes na série

Sobre Marcelo Seabra

Jornalista e especialista em História da Cultura e da Arte, é mestre em Design na UEMG com uma pesquisa sobre a criação de Gotham City nos filmes do Batman. Criador e editor de O Pipoqueiro, site com críticas e informações sobre cinema e séries, também tem matérias publicadas esporadicamente em outros sites, revistas e jornais. Foi redator e colunista do site Cinema em Cena por dois anos e colaborador de sites como O Binóculo, Cronópios e Cinema de Buteco, escrevendo sobre cultura em geral. Pode ser ouvido no Programa do Pipoqueiro, no Rock Master e nos arquivos do podcast da equipe do Cinema em Cena.
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