Diretor de Distrito 9 cria Elysium

por Marcelo Seabra

Elysium

Ambientado em 2154, Elysium (2013) tem várias características de um bom longa de ficção científica, entre elas a primordial: discutir o futuro da humanidade e saídas para o que não parece nada bom. Para nós, brasileiros, há ainda outro grande atrativo: além dos grandes nomes de sempre em produções desse porte, podemos conferir Wagner Moura e Alice Braga em boas atuações e bons papéis, o que é mais raro quando a língua falada é a inglesa. E até aí o longa surpreende: no mundo de Elysium, as nacionalidades estão todas misturadas, e há atores de outros países também.

O protagonista, Max (Matt Damon, de Compramos um Zoológico, 2011), vive em meio ao caos e à destruição que os humanos causaram ao planeta. Guerra? Nada, só a rotina. Todos os dias, Max acorda e vai trabalhar, ao contrário dos vizinhos, que planejam o próximo assalto e mendigam nas ruas. A violência policial é gritante e acaba mandando nosso amigo ao hospital. Lá, conhecemos um pouco de seu passado pela figura da Dra. Frey (Alice Braga, de Na Estrada, 2012), e entendemos melhor aquele mundo e seus cidadãos. Só o necessário, porque o roteiro do diretor Neill Blomkamp é enxuto e parte logo para o que importa, o desenrolar da trama. Intrigas políticas não vão faltar, mas não se fica apenas nos diálogos: há pancadarias, corridas, até um clima de história em quadrinhos.

Elysium Moura Damon

Blomkamp, que ficou famoso fazendo de Distrito 9 (District 9, 2011) um filme bom e bem feito mesmo tendo relativamente pouco dinheiro, mostra agora do que é capaz com mais verba. De 30 milhões, ele pulou para 115 milhões de dólares, e teve condições de trazer astros do porte de Damon e Jodie Foster (de Deus da Carnificina, 2011), além de cercá-los de um ótimo elenco, com Diego Luna (de Contrabando, 2012) e William Fichtner (de O Cavaleiro Solitário, 2013). Quem não podia faltar é o amigo de longa data Sharlto Copley, de Distrito 9. Como a história deixa claro que o mundo não tem mais fronteiras e é possível ouvir várias línguas em Los Angeles, não houve problema em misturar tantas nacionalidades. Inclusive, o baiano Moura (de A Busca, 2012) não faz feio falando inglês, mesmo não tendo tanta experiência atuando no idioma. Seu Spider é exagerado na medida certa.

Desde o início da projeção, com a ambientação futurística distópica, várias produções vêem à mente, como o primeiro trabalho de Blomkamp. Mas também Oblivion (2013), O Vingador do Futuro (Total Recall, 2012) e até Johnny Mnemonic (1995), que coincidentemente tem um personagem chamado Spider que é responsável por implantes no submundo. Tantas semelhanças não são apenas coincidências, já que os temas tratados são similares e as visões podem se esbarrar. Elysium, no entanto, consegue ter uma boa mistura de ação e cabeça, o que muitas vezes falta no gênero. Autoritarismo e opressão são combatidos por um sonho de liberdade, algo que, naquele mundo, já deveria ter deixado de existir há muito tempo.

Isso é o que sobrou da Terra

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Sobre Marcelo Seabra

Jornalista e especialista em História da Cultura e da Arte, é mestre em Design na UEMG com uma pesquisa sobre a criação de Gotham City nos filmes do Batman. Criador e editor de O Pipoqueiro, site com críticas e informações sobre cinema e séries, também tem matérias publicadas esporadicamente em outros sites, revistas e jornais. Foi redator e colunista do site Cinema em Cena por dois anos e colaborador de sites como O Binóculo, Cronópios e Cinema de Buteco, escrevendo sobre cultura em geral. Pode ser ouvido no Programa do Pipoqueiro, no Rock Master e nos arquivos do podcast da equipe do Cinema em Cena.
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