por Marcelo Seabra
Depois de revigorar a série Star Trek com o longa de 2009, o diretor/Midas J.J. Abrams seguiu em frente com uma história mais sombria e um vilão bem mais interessante, e conseguiu o que sempre se espera, mas raramente se consegue: uma sequência superior ao original. Além da Escuridão – Star Trek (Star Trek Into Darkness, 2013) chega aos cinemas colecionando críticas positivas e reunindo uma quantia considerável nas bilheterias, que em breve deve cobrir os US$ 190 milhões gastos. A estreia oficial no Brasil é só em 14 de junho, mas várias sessões estão sendo exibidas em caráter de pré-estreia.
Realizadores já consagrados sempre dizem que só farão uma continuação para suas obras se tiverem uma história adequada, que acrescente algo ao universo que criaram. Para isso, Roberto Orci e Alex Kurtzman tiveram uma mão de Damon Lindelof (de Prometheus, 2012) e os três chegaram no ponto de animar Abrams a assumir o comando novamente. Outro que volta é o compositor Michael Giacchino, que apresenta uma trilha grandiosa e adequada. O mesmo elenco foi reunido e algumas adições trouxeram sangue novo à Enterprise. Como o misterioso John Harrison, Benedict Cumberbatch (da série Sherlock – abaixo) rouba a cena e cria um vilão com conteúdo suficiente para ter o interesse do público – e para entrar para a história da série. Chegam também Peter Weller (eternamente lembrado como Robocop) e Alice Eve (de O Corvo, 2012), ambos com personagens relevantes.
Como de costume em filmes de ação (a franquia James Bond é um ótimo exemplo), a projeção começa com a equipe da famosa nave em meio a uma missão para, em seguida, retornar ao lar para aguardar por uma nova tarefa. Um ataque terrorista a uma sede da Frota Estelar garante a Kirk (Chris Pine), Spock (Zachary Quinto), Uhura (Zoe Saldana) e companhia um destino certo: um planeta dominado pelos bélicos klingons na caça do exército de um homem só, Harrison. Repetem seus papéis Karl Urban (Bones McCoy, ou Magro), John Cho (Sulu), Simon Pegg (Scotty), Anton Yelchin (Chekov) e Bruce Greenwood (Capitão Pike). É importante ressaltar que não é necessário ser um fã da criação de Gene Roddenberry para acompanhar o filme, basta encostar e aproveitar. Isso, apesar de um 3D desnecessário e confuso.
Assim como foi com O Cavaleiro das Trevas (The Dark Knight, 2008), Além da Escuridão não precisa mais apresentar os personagens e pode ir direto ao assunto. Os membros principais da tripulação têm importância e tempo em cena similares, não deixando o peso apenas em um deles, e a ação é incessante. Por trás do ritmo frenético, intrigas políticas criam a motivação para a trama, o que distancia os universos de Star Trek e do próximo trabalho de Abrams, Star Wars, que fica naquela eterna – e divertida também – disputa entre rebeldes e Império. O público só tem a ganhar com o diretor à frente dos dois, um nerd dos bons que sabe o que fazer com o material e não se preocupa em ser tão reverente, mesmo respeitando a mitologia pré-existente e dando alguns afagos aos fãs, com elementos antigos modernizados e bem colocados.