por Marcelo Seabra
Dentre os diretores indicados ao Oscar, pode-se dizer que os irmãos Coen são os veteranos. Já chegaram a um nível de excelência que podem ser indicados todo ano, por qualquer filme que realizem. Mas o longa que os Coen assinaram em 2010 não pode ser tratado como “qualquer”. Bravura Indômita (True Grit, 2010) chegou há pouco nos cinemas e, pelo que vi, promete esquentar a briga pelas estatuetas douradas.
O primeiro filme entregue pela dupla (ao lado) data de 1984, o policial Gosto de Sangue (Blood Simple). Já levaram o prêmio da Academia na categoria Melhor Roteiro duas vezes, por Fargo, de 1996 (material original) e Onde os Fracos Não Têm Vez (No Country For Old Men, 2007 – adaptado do livro de Cormac McCarthy), além de terem ficado com os prêmios de Melhor Diretor e Filme pelo segundo. Agora, foram lembrados dentre os melhores diretores, filmes e roteiros, além de sua equipe ter sido lembrada em outras sete categorias.
No longa, somos apresentados à decidida Matties Ross (a ótima Hailee Steinfeld, indicada como Atriz Coadjuvante), uma garota de 14 anos que pretende trazer à justiça o assassino de seu pai. Como o tal patife (vivido por Josh Brolin) fugiu para uma reserva indígena, a lei não tem jurisdição e não pretende buscá-lo. Mattie se vê, então, obrigada a contratar alguém que o faça, e acaba chegando ao xerife Reuben “Rooster” Cogburn (Jeff Bridges, oscarizado no ano passado por Coração Louco – Crazy Heart, 2009 – e novamente indicado).
Enquanto a jovem e obstinada Mattie acompanha o cansado e relutante Cogburn, junta-se à dupla o Texas Ranger LaBoeuf (Matt Damon), um correto agente federal que busca o mesmo criminoso, mas pelo assassinato de um político figurão. Acompanhar a jornada dos três personagens é uma experiência fantástica, sempre com diálogos afiadíssimos (cortesia de Charles Portis, autor do livro de 1968 que deu origem ao roteiro) e uma bela fotografia (Roger Deakins também concorre este ano).
Através de uma pesquisa nos comentários de jornalistas especializados, pode-se perceber que o filme causou uma ótima impressão. No site Rotten Tomatoes, por exemplo, a aceitação é de 95% entre críticos (de 230 textos registrados) e de 88% entre o público, o que corresponde a uma nota de 4,1 em 5. É consenso que o longa é bem diferente da versão de Henry Hathaway, estrelada por John Wayne em 1969 (acima), e alguns dizem ser até melhor, como o crítico mineiro Pablo Villaça. Independente do que acontecer na noite de 27 de fevereiro, Bravura Indômita é uma produção de primeira que vale até ter que ouvir imbecis falando durante a sessão.