O que o judiciário brasileiro faz com a população beira a mais cruel das covardias, principalmente quando parte do STF
Certos dias, bate um desânimo imenso leitor amigo. O Brasil é uma terra arrasada e habitada por zumbis pastosos, nós mesmos. Somos incapazes de construir uma nação minimamente justa e desenvolvida. Entra ano, sai ano; entra década, sai década; entra século, sai século e continuamos com nossas sombrinhas, a fornecer conforto para os senhores do império urinarem sobre nossas cabeças. A Colônia deixou o Brasil, mas o Brasil não deixou a colônia.
Não bastassem a incompetência, a inoperância, o descaso, a arbitrariedade, o desleixo e toda sorte de má gestão e maus serviços prestados à população, sobretudo àquela menos assistida; não bastasse ainda a desavergonhada campanha por aumentos indecorosos à toda uma classe pra lá de já privilegiada, o judiciário brasileiro, especificamente o STF, supostamente o local onde a Carta Magna deveria ser observada e respeitada incondicionalmente, sobretudo a célebre frase “todos são iguais perante a lei”, nos brinda com mais uma cusparada na fuça.
Após nove anos passeando de gaveta em gaveta, a denúncia contra Renan Calheiros, por suposta corrupção envolvendo a construtora Mendes Júnior e sua ex-amante Mônica Veloso, restará prescrita caso sua condenação seja inferior a quatro anos, o que é o mais provável. Assim, se e quando o STF resolver transformar Renan em réu, julgá-lo e condená-lo, o crime já estará prescrito e vida que segue. Aliás, nunca é demais lembrar, Calheiros é citado em onze inquéritos no âmbito da Lava Jato e nenhum deles, até hoje, tornou-se processo.
Quem não se lembra o que o ex-presidente do STF, Ricardo Lewandowski fez, ao lado do próprio Renan Calheiros, no dia do julgamento que afastou a criminosa, segundo o Senado Federal, da presidência da República, quando golpeou a Constituição que jurou defender? Quem não se lembra dos tais “embargos infringentes”, na época do Mensalão? Quem não se lembra do Ministro Barroso, agora durante o processo de impeachment, deturpando o ditame de um artigo, cortando suas palavras durante a leitura e induzindo seus pares a erro? E das manobras de Toffoli?
Daí, quando nos vem Gilmar mendes e joga publicamente no ventilador aquilo que todos nós já sabemos, o mundo corporativo jurídico lhe cai sobre a cabeça, assim como caiu também sobre Ives Gandra Martins Filho, presidente do TST, quando claramente expôs sua contrariedade ao “modus operandi” ideológico da corte. É uma pena, para nós cidadãos, que juízes como Mendes, Gandra, Moro e mais meia dúzia de magistrados assim sejam a minoria, enquanto os Lewandowski da vida abundem por aí como jabuticabas em setembro, por toda Minas Gerais.
Prezado, só uma pequena, pequena não, grave observação, um erro de interpretação de sua parte, “Quem não se lembra do Ministro Barroso, agora durante o processo de impeachment, deturpando o ditame de um artigo, cortando suas palavras durante a leitura e induzindo seus pares a erro?”, induzindo seus pares a erro?, erro uma pinóia, não são idiotas, são malandros, cúmplices do crime contra a Constituição.
Será que não são por esses motivos e mais outros que Joaquim Barbosa não pensou duas vezes em sair fora dessa corja? Pensei muito nisso e uma coisa eu sei: também não dá para acreditar que ele esteja livre de alguma acusação, depois de tudo o que está acontecendo no país.
pode ser