Virando a página

O triste episódio de quarta-feira, no Acre, merece ser deixado para que as partes envolvidas busquem a melhor solução, pensando em nosso interesse maior, o Galo. Reitero minha solidariedade pessoal ao Léo Gomide – ao contrário do que sugeriu um ou outro, nenhuma relação tem de corporativismo. O conheço e o considero como um dos melhores setoristas que trabalham no futebol. Por sorte nossa, Atleticano e cobrindo o Galo.

Antes de entrar no que pretendo, afirmo que fiquei impressionado com a maneira com que o assunto foi tratado pela imprensa nacional. Em momento algum, nos programas que pude ver, alguém perguntou ao treinador qual a razão do medíocre futebol que o time vem apresentando. Quase todos, solidários ao colega carioca, contribuíram para a tentativa de vitimização do treinador. Atrás de todo esse estresse, está a insatisfação do Atleticano com o rendimento da equipe nos jogos.

Vejamos. Temos um ótimo goleiro, Victor, que reputo como um dos grandes ídolos de todos os tempos, mas que peca na reposição de bola. Culpa de quem? Do treinamento. Além dele, temos outros quatro, sendo que dois nunca saem do Departamento Médico, Giovanni e Uilson. Os dois outros são vindos da base e um deles – Cleiton – deposita boa expectativa para o futuro. Michael ainda é inexperiente. Pergunto: se houver uma necessidade imediata, qual seria a opção?

Nas laterais temos apenas uma opção. Fábio Santos tem lugar cativo. Em sua ausência, o pânico se instala, pois o imediato é Danilo. A esperança fica por conta de vingar César, que acabou de subir da base. Do lado direito temos Samuel Xavier, Patric e Carlos César. Opto pelo último, ainda assim para ser opção de grupo, nunca assumir a posição. Então, nos falta um lateral eficiente.

Na zaga, embora existam vários nomes, difícil é escolher dois para jogarem. Os titulares, Léo Silva e Gabriel, estão sendo – com razão – contestados. O primeiro deveria ser preservado e o outro sinalizou que teria mercado europeu, mas nada de concreto foi revelado. Trouxemos Maidana, que intuo será dono de uma das vagas, desde que lhe seja dada oportunidade. Felipe Santana já comprovou que alterna boas e péssimas partidas. Matheus Mancini vinha bem, até que no jogo com o Villa Nova comprometeu. Ainda têm dois jovens que subiram, mas imaturos e carecem de oportunidades para se firmar: Nathan e Bremer.

Na proteção à zaga, posição que precisamos de dois volantes, mora outro desespero do Torcedor. Arouca, Elias, Roger Bernardo e Adilson. Todos eles muito bem rodados, mas não passando segurança aos seus companheiros e – consequentemente – aos Torcedores. As opções seriam Gustavo Blanco, Yago e Lucas Cândido. Boto mais fé no primeiro, embora os dois outros que foram crias do Galo careçam de melhor avaliação. Um pouco mais à frente, temos Cazares, o vagalume; Bruno Roberto e Tomás Andrade. O equatoriano dispensa repetir, mas os dois outros ainda podem vingar. O argentino foi aposta bancada pelo diretor de futebol.

E lá na frente? Sobram nomes e falta quem assuma a titularidade. Luan (se curado) tem lugar garantido. Otero, se achar o seu lugar no campo, também. Ricardo Oliveira, Roger Guedes e Erik, trazidos pelo Gallo, ainda carecem justificar suas contratações. Alerrando e Marco Túlio têm futuro. Mas Pablo, Clayton, Hyuri e Carlos tenho lá minhas dúvidas pessoais.

Pois bem, para fazer isso render e colher bons frutos, precisamos de uma comissão técnica irrepreensível. Desde o diretor de futebol, passando pelo treinador principal e de goleiros, preparação física, fisiologia, DM e tudo. Ao que estamos assistindo, o lado de fora do campo está debilitado. O time não tem padrão de jogo, esquema tático, preparo físico, enfim, como esperar rendimento assim?

E louvemos que a atual diretoria já nos livrou de muitos encostos que estavam comendo, dormindo e recebendo altos salários por nossa conta. Vamos ver amanhã como será o comportamento no Horto. De todos, diretoria, comissão técnica, jogadores e Torcedores. Tem gente pregando um protesto simbólico para sacudir todos. Adiantaria? Será que o treinador vai se levantar do banco (que ele confessou ter ficado assentado durante a última partida) para dar atenção ao pedido de garra e raça do Atleticano?