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O QUE PENSO DA CAMPANHA ‘FORA, TURCO!’

 

Ricardo Galuppo

Desde o início do Brasileirão deste ano, o Galo tem sido alvo de duas campanhas poderosas. A primeira, extremamente bem sucedida, foi a que buscou e conseguiu atribuir aos árbitros de futebol uma boa vontade excessiva em relação ao Campeão de 2021(como se isso fosse possível). Para beneficiá-lo, os apitadores teriam marcando a seu favor uma série de pênaltis inexistentes. Bem orquestrada e rumorosa, a campanha contou até com a participação oficial da emissora que detém o monopólio da transmissão do torneio—que eu um de seus programas esportivos fez eco do que se espalhou pelas redes sociais.

Num cenário como esse, os árbitros da CBF (com o devido respaldo dos “comentaristas de arbitragem” do rádio e da TV) passaram a abusar do direito de não enxergar as penalidades a favor do Atlético, por mais claras que fossem. O sucesso dessa campanha é um caso a ser estudado. O trabalho foi tão bem feito, mas tão bem feito, que até as penalidades porventura assinaladas a favor do Galo são prontamente anuladas pelo árbitro depois de conferidas pelo VAR.

Desconfio que o sucesso dessa primeira campanha inspirou os apitadores da CBF a aderir ao outro movimento que vem desviando o foco da torcida e canalizado energias para um ponto que não interessa. Trata-se da mobilização Fora, Turco!

Já com longos seis longos meses de duração, a campanha até agora não produziu o efeito desejado. Ela começou no dia 13 de janeiro deste ano, tão logo o nome do argentino radicado no México foi anunciado como treinador do Galo. Desde então, a onda só tem aumentando e às vezes chega a parecer avassaladora. Mas o Turco, pelo menos até aqui, tem se mostrado valente nessa luta do rochedo contra o mar.

TÉCNICO QUE SOBROU” — A primeira manifestação explícita de críticas ao Antônio Mohamed, pelo que me recordo, partiu do formador de opinião Mauro Cézar Pereira. Sempre atento ao que se passa no clube e sempre disposto a afirmar que nenhuma decisão tomada em Lourdes está correta, ele disse que enquanto o Flamengaço Classificadaço e o Inter de Porto Alegre foram ao mercado para escolher seus treinadores para a temporada, o Galo precisou contentar com o que sobrou. Não sei por onde andam os tais “escolhidos” pelos clubes mencionados. O fato é que, aos trancos e barrancos, o Turco permanece aí… Nos últimos 15 pontos disputados — ou seja, cinco jogos —, o Galo ganhou 13 (ops! 13 é Galo!). Um aproveitamento de praticamente 87%

Um detalhe: enquanto os outros dois clubes mencionados pelo atento e preocupado formador de opinião vinham procurando seus treinadores desde novembro de 2021, o Galo não estava preparado para esse movimento. Só foi à praça depois que o instável Cuca pediu o boné e se mandou depois de ter declarado que ficaria. Isso aconteceu no dia 28 de dezembro de 2021, entre o Natal e o Réveillon, uma época do ano em que, por mais dispostos a trabalhar que os dirigentes estivessem, seria impossível tratar do assunto.

A diretoria foi a campo logo no início do ano. Agiu com celeridade e, depois de ter suas propostas recusadas por alguns dos treinadores sondados e de ter se recusado a se curvar às exigências absurdas feitas por outros, fechou com o Turco. Desde então, o sujeito tem sido vítima de um bombardeio implacável e de críticas retumbantes que, pelo menos no meu ponto de vista, impedem uma avaliação mais precisa sobre a qualidade de seu trabalho.

Depois que a semente plantada por Mauro César germinou, outros formadores de opinião (menos raivosos, mas não menos eficientes) engrossaram o coro dos que punham em dúvida o trabalho do treinador. Com aquele ar de “olha como eu entendo de futebol e sou isentão” que os rapazes exibem em seus programas de TV, se puseram a descer a borduna no Mohamed. Sem dó nem piedade.

COM TODO CARINHO’ — Antes de prosseguir, deixo claro que eu também não estou satisfeito com o desempenho e que esperava mais do Galo este ano. Preferia ver em campo um time com a intensidade da equipe treinada pelo careca Sampaoli, com a organização e a eficiência da equipe de Cuca e com a aplicação tática da equipe de Telê Santana. Como eu gostaria disso!

O fato, porém, é que, com um elenco que teve uma série de desfalques e numa circunstância em que (pelos cálculos da diretoria) oito pontos nos foram garfados pelos “erros” de arbitragem, o Galo chaga ao final do primeiro turno disputando a liderança do Brasileirão. E numa hora dessas, o que acontece?

Ao invés de ficarmos todos felizes, de apoiar e de, num clima mais leve, sugerir as mudanças necessárias (mas reconhecendo que o excesso de contusões e as perdas no elenco contribuíram para resultados menos expressivos do que os do ano passado), tem gente que parece torcer para que tudo dê errado. Criticam o Galo até quando ele reage aos abusos que vem sofrendo, mas sempre esclarecem — como fez outro formador de opinião, André Rizek, em seu programa de TV — que fazem isso com todo carinho, só porque gostam do Galo.

(Em tempo: creio que essa mania recente de emitir notinhas oficiais a respeito de tudo, de fato, foi uma demonstração imperdoável de amadorismo. Entre tantos caminhos para lidar com os abusos contra o clube, escolheram o pior e ainda banalizaram uma ferramenta importante).

DESCUIDO DO ÁRBITRO — O certo é que a campanha “Fora Turco” se alastrou e conquistou uma série de adeptos. O “fortão” Anderson Daronco, que apitou o jogo contra o São Paulo, parece ser um deles. Deixou de marcar penalidades claras, inverteu faltas e ameaçou jogadores do Galo. Tudo sob medida para ajudar o esforço de quem quer derrubar o Turco.

Outro que parece ter aderido a essa corrente pra frente foi o sujeito que apitou o jogo dedomingo passado, contra o Botafogo do Rio de Janeiro. Acho que ele só não anulou o gol do Zaracho por descuido. Foi pego de surpresa por um chute que parecia um cruzamento, mas que acabou no fundo das redes. Se estivesse alerta para o risco, teria inventado um impedimento, uma falta de ataque, um “perigo de gol” ou qualquer outro artifício capaz de impedir a vitória alvinegra.

Não é apenas entre os árbitros que a campanha encontra adeptos. Desconfio que até o Ademir, admirado por um monte de gente, está em sintonia com a campanha, Ele só desperdiça a quantidade de chances claras que passam por seus pés porque quer agradar à turma. Fora Turco!

Será que o Hulk também aderiu? O craque tem apresentado uma queda de desempenho que deixa clara sua afinação com os que desejam ver o treinador pelas costas. Prefiro não acreditar que as falhas bisonhas do Júnior Alonso na Copa do Brasil também possam ser parte desse coro que só tem crescido. Fora Turco!

ESTREIAS DOS REFORÇOS — Ironias à parte, sei que faço parte de uma minoria e que minha recusa em aderir a essa campanha tem me rendido uma série de críticas. Que venham mais! Mas, acreditem, amigos: minha mania de tentar entender o problema por suas causas — e não apenas pelos sintomas — acaba aumentando meu sofrimento.

No fundo, acho que foi um milagre o time resistir até aqui e chegar ao final do turno cabeça a cabeça com o aclamado Palmeiras. Pelo tom dos comentários dos militantes mais ardorosos da campanha, o time parece estar lutando para sair da zona de rebaixamento, e não para chegar à liderança.

Talvez as estreias de Jamerson, Pedrinho, Kardec e Pavon tragam o arejamento que dê ao treinador a chance de tirar mais dos recursos que tem. No meu ponto de vista, tomara que isso aconteça. Minha questão é: o que acontecerá se o time engrenar com a chegada dessa turma? E se o Galo começar a ganhar as partidas que tiver pela frente? É provável que, diante dessas hipóteses, os militantes mais exaltados da campanha Fora Turco passem a dizer que os novatos são os únicos responsáveis pelo ressurgimento. E que, “apesar do Mohamed”, levaram o Galo às conquistas que merece.

Não sei. Não quero reproduzir o comportamento dos que critico por descerem a borduna no treinador mesmo quando não foi dele o erro que gerou os resultados desfavoráveis. Nem dos que não se dão ao trabalho de juntar as pontas, de analisar as circunstâncias, de perceber a influência dos interesses contrariados no ano passado sobre as decisões dos apitadores em campo e de entender que o Galo, apesar das forças em contrário, está mostrando competência. Pode melhor? Não só pode como deve.

Se o pior acontecer, é lógico que aparecerão aqueles que — a exemplo dos rapazes da TV, que parecem contratados para falar bem dos adversários e, por consequência, falar mal do Galo — farão como o Muttley, o cachorro do Dick Vigarista dos desenhos animados de minha infância. Diante de qualquer tragédia, ele lançava sua risada irônica e dizia: “Eu não disse? Eu não disse”? Mas enquanto isso não acontece, continuarei apoiando o Galo, respeitando o trabalho do treinador e acreditando que dias melhores virão.

Blogueiro

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  • Caro Galuppo e Eduardo, Se a gente for analisar tudo o que envolve futebol nesse país é deficiente e falta profissionalismo. Alguns exemplos:
    .Arbitragem é amadora pois os árbitros não vivem dessa profissão.
    .O gramado dos estádios é uma lástima.
    .A segurança nos estádios é deficiente.
    .As torcidas organizadas matam umas as outras.
    .Os cartolas são amadores, sempre meteram a mão nos clubes junto com os agentes de jogadores se é que me entende.
    . Os dirigentes da CBF só pensam na Seleção porque lucram mais com ela e esquecem os campeonatos.
    .Os jogadores de futebol são desunidos, de baixa escolaridade a imensa maioria.
    .Os técnicos de qualidade se contam nos dedos das mãos.
    .Os jornalistas são barristas e torcem para os clubes antes de serem imparciais.
    Podia ficar aqui descrevendo essas mazelas o dia inteiro, só que tudo que envolve o futebol tem problema e somente o Galo que é perfeito, que é prejudicado, que tem ótimos dirigentes, técnico e jogadores. Não adianta terceirizar o mal desempenho e colocar culpa na mídia, na arbitragem, na CBF. Apesar da ótima posição no Brasileiro o desempenho é ruim! Qualquer idiota sabe que na hora que for decidir, como na Copa do Brasil diante do Flamengo, o treinador não deu conta do recado e vai acontecer na decisão com o Palmeiras e na reta final do BR. A torcida tem que reclamar sim, dos dirigentes, do técnico e dos jogadores resultados e desempenho, cobrar e ficar falando de Mauro Cézar vai adiantar o que? Em qual posição do ataque do Galo o Mauro Cézar joga? Vamos ser mais objetivos e parar de conversa fiada! Se não apertar a diretoria a torcida também vai morrer abraçada a esse turco com cara de baiano descansado, com todo respeito aos Soteropolitanos!

  • Boa noite!
    Lá vem aquele papo sou mais Atleticano, meu apoio é incondicional, os cornetas ou não entendem nada de futebol ou são Marias infiltrados. Qual é rapaz? A torcida não é boba. Falta organização ao time, falta a melhor escolha dos jogadores que irão para os jogos, falta leitura do jogo e substituições na hora certa.
    Se o Galo estivesse jogando um pouco do que jogou ano passado, liderava o campeonato brasileiro com os pés nas costas. Torci para que o Turco vingasse , mas o trabalho dele é fraco. Estamos onde estamos pela força do elenco em relação aos demais participantes do campeonato.

  • Concordo plenamente com seu lúcido comentário. Cobram do Galo o que não cobram dos outros. Esse ano é visível a má vontade de boa parte da imprensa nas críticas. Erros de arbitragem são repetitivos. Mesmo jogando mal contra o Flamengo, a arbitragem prejudicou o time. Brincadeiras de antiprofissional e desrespeitosa do encarregado pelo Mineirão por ocasião da excelente contratação de Pavon. Não conseguem parar de falar da dívida do clube. O Cruzeirense e puxa saco do Jaeci Carvalho, acertadamente, foi considerado persona non grata. Se esconde falsamente como flamenguista e só ele ainda não percebeu que já está manjada sua estratégia e soltar as “bolas” do gordo Ronaldo. A direção do clube, realmente, precisa tratar essas questões nos bastidores, evitando publicar notas que só alimentão essa turma que nos deseja afundar. Não estou aqui para defender o Turco, porém não vou me alinhar aos seus insistentes críticos. Nossos principais atletas precisam de serem poupados fisicamente e emocionalmente. Temos que criar o clima de vencedores, pois time e estrutura temos para isto. “Eu acredito”.

  • Entregador de camisas horrível,um poste a beira do campo,tomar sufoco do "poderoso"botafogo,um timeco que o mequinha ganhou de 5 no placar agregado.
    Não sabe mexer no time,e quando mexe quando o joga está terminando.
    O time tinha uma jogada boa de escanteio,agora nem bate escanteio para área mais,esse time não é treinado.
    Ressuscitou o Flamidia por pura incompetência do BURRAMED.
    EU NEM PERCO TEMPO ASSISTINDO ESSE TAL MAURO CÉSAR,UM TENDENCIOSO TORCEDOR,METIDO A COMENTARISTA.

  • Tudo bem, mas não era o Mutlley quem dizia “eu te disse” e sim uma pequena moto, personagem do desenho “Carangos e Motocas”.

  • Bom dia,

    Ao descrever o modus operantes dos jornalistas do eixo e seus adeptos em Minas com relação ao tratamento dado ao Galo até achei que seu post de hoje era sobre política e não futebol.
    Todas as evidências não são coincidências e sim aprendizado constante com o tratamento dado a política nacional.
    A diferença apenas é que no futebol o alvo vitima é o Galo.
    Concordo que suas palavras tem fundamento, mas, a equipe também tem ajudado pelo mal futebol apresentado.
    Quanto aos árbitros, está ficando muito descarado a má vontade ou como queira a vontade de prejudicar.
    Temos na série "B" um pênalti a favor do Grêmio que não se vê o jogador da Tombense se chocar com o atacante, e no lance contra o São Paulo o árbitro diz que o "encontrão" não foi faltoso, o atacante é que se lançou aos pés do defensor.
    No jogo contra o Flamengo, a que se pese a arte cênica do Alan, mas já vimos jogadores até ser expulsos por deixar a mão no rosto do adversário, no caso do Alan faltou apenas dizerem que ele meteu a cara na mão do Pedro.
    Mas até este momento para mim o cúmulo dos cúmulos foi dizer que um jogador defesa esticou a perna e atingiu a bola por reflexo, daí, não caracteriza um novo lance.
    Enquanto isso ficam analisando se a bola girou após bater na cabeça de outro jogador, e confirma o gol em impedimento.
    Este ano realmente esta mais descarado do que sempre, é o Galo contra tudo e todos.
    Concordo que nós ainda estamos ajudando nesse " todos contra" quando colocamos pressão em cima do treinador, mas, creio que ele poderia também ajudar um pouco.
    O cara é muito apático, como pode então motivar um grupo tão qualificado?

  • Você tem razão, Eduardo Ávila.
    Essa campanha toda é orquestrada por pessoas desprovidas de boas soluções... ou de boas intenções para com a instituição Galo.
    Contra fatos não há argumentos. Os dados apontam um trabalho excelente do Turco sob as circunstâncias atuais. Querer mais é ótimo, mas não à custa da perda de rumo no meio da temporada.
    Recentemente, teve clubes com atitudes amadoras assim... e como pagam caro, hoje.

    • Se alguém tem razão, neste caso não é o blogueiro, mas o amiGalo Ricardo Galuppo que assina o texto.

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