Esse Turco não se cansa de me enganar

Quando Mohamed foi anunciado, houve quem protestasse e afirmasse – com convicção e mesmo assegurando não acreditar no argentino/turco – e este blogueiro optou por confiar no desconhecido treinador. Baseava, na ocasião, em seu breve currículo, incluindo a eliminação do Palmeiras e o sufoco no Galo – em 2013 –, aliado a algumas boas campanhas em times intermediários do México e da América do Sul.

Seu início, apesar de nada convincente, foi atenuado por ainda desconhecer seus comandados e as conquistas do Mineiro e Supercopa. Essas duas comemorações, queiramos ou não, serviu para dissimular uma melhor avaliação de seu trabalho. Veio então o Brasileiro e as Copas Libertadores e do Brasil. Nessa última, eliminados depois de apenas quatro jogos, o Galo fez uma única partida razoável na vitória sobre o Flamengo. As demais, todas incluindo as vitórias em cima do Brasiliense, foram deploráveis. Já a última, na derrota para os cariocas, deixou exposta uma depressão que vai demorar a ser curada pelo Atleticano. Apresentação medíocre!

Em meio a essa metade de ano sob o comando do El Turco, tivemos no máximo duas ou três partidas dignas do Galo, Forte, Vingador do ano passado. A mediocridade da equipe na derrota para o Fluminense, seguida de dois melancólicos empates com Santos e Ceará, deixou o comandante do vestiário na corda bamba. Como em futebol o resultado e o imediatismo comandam a paixão do torcedor e – via de consequência – as ações da gestão do clube, vencemos o Flamengo (duas vezes seguidas pelo BR e CB) deixando a doce ilusão de que o elenco e treinador haviam despertado e reagiam na temporada, Pois que, novamente, o turco me enganou.

Se com o tricolor ficou na corda bamba, com o rubro-negro se fortaleceu, e seguiu seu roteiro de jogos sem convencer ao Atleticano. Vitórias sobre o Fortaleza, Juventude e um empate indigesto com o São Paulo pelo Brasileiro. Pela Libertadores dois jogos com o Emelec, ambos com atuação pífia, até que veio novamente o Flamengo para buscar a consolidação da classificação. Aí o treinador, mais uma vez e com todo respeito, borrou na escalação, nas substituições e – consequentemente – com o desempenho do time em campo. Os cariocas, sem muito esforço, fizeram o placar necessário e eliminaram o Galo da Copa do Brasil.

Agora, frente a mais um time do Rio de Janeiro, El Turco – como no início de junho – outra vez está com a corda no pescoço. O Botafogo, que vem de sequência de péssimos resultados, será nosso adversário de domingo no mesmo Rio de Janeiro. Eliminados da Copa do Brasil, depois de duas derrotas acachapantes para o América de Minas, precisa pontuar para afastar do Z4. Apenas três pontos separam o time da degola do Brasileiro. Se o Galo vencer, El Turco ganhará sobrevida? Ou, como a maioria explícita dos Torcedores deseja, seria dispensado caso o time não conquiste os três pontos?

Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come. Essa é a situação de momento nas relações entre time e Torcida Atleticana. Tem, acreditem, quem até prefira um empate ou derrota para ver o treinador pelas costas. Caso supere o Botafogo, no meio da próxima semana, ainda fora de Belo Horizonte, vai pegar o Cuiabá. E no próximo final de semana recebe o Corinthians no Mineirão. Daí fico daqui, do cantinho solitário da minha casa, sonhando com esses nove pontos. Se isso ocorresse, o que não é difícil, talvez o Galo até vire o primeiro turno na liderança. Seria, claro, possível sim essa possibilidade!

Pode até muito mais, o time – com os reforços a serem lançados já a partir da próxima semana -, reagir e avançar nas duas disputas que nos restam na temporada. Tudo é possível, por mais desconfiança que o trabalho do turco nos contamine a cada nova partida. Imaginemos um quadro totalmente otimista e o time reagindo e até beliscando uma ou mesmo as duas taças em aberto.

Como vamos ficar, nós e eu estou entre os críticos, que tanto estamos detonando o trabalho e o péssimo desempenho do time nos jogos? Depende dele e dos seus comandados que tanto o defendem como Hulk, Keno, Éverson e outros profissionais que apoiam o trabalho do treinador. Provem que estamos todos enganados e somos corneteiros, devolvendo a nossa alegria e comemorações de vitórias e títulos. Respondo, exclusivamente por mim, vou festejar muito e (re)afirmar que “esse Turco não se cansa de me enganar”.

*fotos: Pedro Souza/Atlético