Empate indigesto que não me abala

A mim, mesmo tendo voltado para casa com o gosto amargo e azedo do empate, mantenho meu sentimento de que o time do Galo tem sido outro nas mãos do Gabriel Milito. O Criciúma, esse estorvo no nosso caminho, chegou ao sétimo empate com o Galo. O mais louco, foram com o jogo de ontem 22 confrontos, sendo que por dez vezes fomos derrotados e temos tão e somente cinco triunfos sobre esse time catarinense. Entalado e causando engasgo!

Sobre o jogo, que o treinador – prudentemente – optou por preservar alguns jogadores, diria que foi dominado pelo Galo do início ao fim. Porém, a pontaria não estava calibrada, todo mundo perdeu gol. Chutes de longa distância não ameaçavam a meta do adversário, indo – quase sempre – para fora. E não foi só o Paulinho, também Hulk, Scarpa (que fez seu terceiro e bonito gol em quatro jogos), até o fogoso Alisson – que entrou no final – todos espirrando o taco. Sem direção e até sem força, quando acertavam a meta.

Arana, um dos poupados, teve de entrar em ação com a contusão – de novo – do garoto Rubens. O time Atleticano atuou como em partidas anteriores, com intensidade e repertório, situação que não estava ocorrendo em tempos recentes. Jogadas ensaiadas, que têm originado gols, como Otávio na cabeça do Saravia e Hulk encontrando o desconcertante Scarpa entrando pelo lado direito do nosso ataque na área dos caras. É perceptível que o apetite é outro, jogadores buscando o resultado com muito tesão na vitória.

A tensão existiu, embora diferente da ocasião que os resultados não aconteciam, mas em função desse placar perigoso de um a zero. E o castigo veio, numa das poucas vezes que ameaçaram nosso sistema defensivo. Falha generalizada. Ainda assim, machucados com o gol sofrido, o Galo seguiu no ataque. Vargas, que eu mesmo critiquei e recentemente disse aqui – sob certo protesto – entrou e foi guerreiro. Teve uma situação que quase conseguimos o tento e os três pontos. A bola pererecou na área deles, bem à frente do goleiro, mas não apareceu um pé para balançar as redes. Com isso, dois pontos que caem no ralo. Diferente daquele empate na primeira rodada, que foi na “mão grande”, ontem foi por absoluta fatalidade. Sigamos!

Ao acordar, bem cedinho, para postar aqui no nosso espaço me lembrei que em 2021 iniciamos com uma derrota de virada – em casa – para o Fortaleza. No final comemoramos o título. A caminhada é longa, são 38 rodadas, estamos ainda com apenas dois jogos cumpridos. Tem tempo e muito água para rolar. O juiz, que eu temia muito, diferente do sujeito do domingo frente ao Corinthians pouco apareceu. O que é saudável, embora no primeiro tempo – sou sim implacável – tenha marcado duas faltas inexistentes do Lemos e afinado quando um zagueiro do Criciúma bicudou o Hulk bem próximo dele. Nada que comprometesse, mas aconteceu!

Agora, caríssimas e caros, é olhar para a frente. A maratona é longa. Depois de amanhã, sábado, já temos jogo pelo Brasileirão frente ao vice campeão mineiro. Vamos buscar a vitória, claro, afinal somos candidato ao título e não lutamos contra o rebaixamento. Cada qual no seu quadrado, que venha aquela gente que comemorou conquista – que não veio – antecipada. E, já na terça, o adversário será o Peñarol pela Libertadores. O time uruguaio está na segunda colocação e persegue o nosso Galo, que é líder com 100% de aproveitamento. Não temos tempo a perder, por isso reitero, olhar sempre para frente. O Galo de Milito, pelo que vi nos seis jogos, me faz lembrar de décadas passadas.

Tinha uma música, que só os mais velhos irão lembrar, que dizia: “avante Galo…cocorocó…vai o rolo compressor do meu Galo carijó…a massa toda vibra e grita pedindo olé…a bola rola de pé em pé”. E esse time, sob a batuta do Milito, faz a bola rolar de pé em pé. Tem momentos que parece esconder la pelota. Acreditem!

Em tempo: ontem tentei ver o jogo num dos setores mais privilegiados do estádio. Impossível, a partida começa e as pessoas ficam de pé, deixando as cadeiras vazias e escolhem ver o jogo como nos tempos dos geraldinos. Pior, tem outros – nada contra quem tem o péssimo hábito de fumar -, que acendem seu cigarro cafona ou pretenso charmoso paioso e solta a fumaça no nariz de quem não tolera. A maioria dessas vitimas com problemas de saúde que na condição de fumante passivo é determinante ao agravamento. Enfim, aí nos dois casos, é mais questão de educação e berço.

*foto: Pedro Souza/Atlético