El Turco entendeu o que é Galo

Assim como em Nova Lima, onde alguns acharam um caos, ontem – com todo o brilhantismo de time que é protagonista – a bela vitória não significa que o time está pronto. Nenhum dos dois extremos, embora – evidentemente – o Galo de ontem é mais próximo da realidade que vamos assistir na temporada de 2022. O jogo com o Tombense serviu para espantar quem gosta de botar lenha em crise que não existe.

O treinador mostrou coisas interessantes. Não inventou, ao contrário, manteve a base vitoriosa do ano passado, lançando – corajosamente – garotos que mostraram muita qualidade. Ainda, variações, que mesmo nos bons tempos do Cuca não ocorreram. E, também, mais uma vez o Ademir provando que será muito útil. Eu mesmo, por algumas vezes, insistia que o jogador seria uma interessante alternativa de banco. Em dois jogos mostrou que vai brigar por vaga no time titular. É liso!

O time entrou embalado, e antes mesmo de abrir o placar – numa jogada que passou de pé em pé e brilhou a disposição do Borrero e a conclusão de Calebe – teve algumas boas oportunidades. O colombiano, tratado como joia e isso parece ter pesado, finalmente vem mostrando qualidades. Foi bem em Nova Lima e repetiu ontem com bela atuação. É outro Dylan Borrero.

Outros dois jovens também se destacaram. O próprio Calebe, com esse lindo gol e perfeito toque de bola. Triangulou com seus companheiros e armou boas jogadas enquanto esteve no gramado. Já Neto, que entrou com o jogo quase no final, foi importantíssimo no terceiro gol. Desde o início da jogada. Recebeu de Jair e tocou para Zaracho. O contra golpe foi fulminante, e novamente de pé em pé, Savarino tocou para Neto e recebeu de primeira – com açúcar e com afeto – para matar o bom goleiro do time de Tombos.

O segundo gol, tinha de ser dele, teve tudo do ídolo Hulk. Recebeu a bola e encarou o marcador, entrando na área para sofrer a penalidade. Ele mesmo bateu, mantendo seu altíssimo índice de aproveitamento. Aproveito para cornetar o corneteiro, que ainda reclama que o Incrível Matador errou a penalidade frente ao Palmeiras. PQP! Não tô delirando, ouvi isso também, mas tem quem puxe pra baixo. Eu prefiro ver o lado bom da bola Atleticana.

E foi assim, mesmo tendo mostrado uma desaceleração no final do primeiro tempo e boa parte da segunda etapa, o Galo embalo a quem foi no Independência. Confesso que esperava público maior que os poucos mais de 6 mil Atleticanos que acompanharam a partida. Decepcionante! Pior ainda, que entre esses que foram, a quantidade de gente que se liga mais na self que está fazendo que no jogo.

Considerações curtas sobre isso, mas que não passam despercebidas por quem vai ao campo tem mais de 50 anos. Fiquei observando um grupo de torcedores (sempre uso maiúsculo, mas nesse caso não merecem) que – displicentemente com cigarro aceso e a fumaça incomodando – se preocupavam mais em fotografar ou filmar usando o gramado como pano de fundo. E, o lado mais hilário, ao retomar a posição de quem olha para o gramado, xingava jogador e até o treinador. Estranho. Ah! E de pé, na terceira fila, obrigando a parte de trás toda a se levantar. E tem ainda, no caso muitos, que cantam o hino errado. Erram a letra. Ai, credo!

Por fim, embora o que mais me interesse é que ganhamos e bem – inclusive de um time mineiro que está em ascensão e na série B por acesso – com relativa folga no placar. Time, diferente de outros do interior, que é bem montado, estruturado e joga junto faz tempo. Ano passado foi às semifinais e acabou eliminado pelo Galo e na temporada anterior, fez a final com o nosso time, conquistando o vice campeonato mineiro. Só o tal de Keké, artilheiro do ano passado, parece ter desaprendido a lidar com a pelota. Estágio ruim ele fez depois do mineiro de 2021.

E o Juiz? Fraquinho demais. Não teve isonomia em jogadas faltosas, marcou muitas que igualmente deixou de assinalar noutros lances. Fez cara feia para jogador que – debochadamente – embora discretos riram de sua excelência. E aplicou um único e merecido cartão amarelo, depois de muita pressão, parecia que ia deixar o jogo seguir sem essa advertência. E a penalidade, ao que vi durante o jogo, só foi marcada por ter sido escandalosa e dentro da área. Lances iguais a esse, alguns, deixou seguir.

*fotos: Pedro Souza/Atlético