Começo a desconfiar do Turco

Não, calma, definitivamente, não estou defendendo a substituição do treinador. Só acho, percebo, entendo que está passando da hora do time apresentar – como no ano passado – um futebol condigno com o elenco do Galo. E quem tem o comando da equipe é ele e mais ninguém. De nada adianta ser bom amigo, bom de vestiário e tal, se não fizer o time render em campo o que deles é esperado.

Quanto ao bom de vestiário, entendo que é complementar e necessário para se fazer um time vitorioso. Então o que o argentino de nascimento precisa é assumir as rédeas e tomar algumas atitudes. Quais sejam? Definir os onze escolhidos para a equipe principal e escalar essa base. Pode parecer incoerente com o que vinha dizendo. Não é, reafirmo que temos mais de 20 jogadores em condições de titularidade. A rodagem do elenco, com duas ou três peças modificadas a cada partida – não cinco ou seis como vinha fazendo – venceu o tempo.

Já vamos para as quartas etapas, tanto do Brasileiro quanto da Libertadores, e os empates improváveis nas duas, acendem a luz de alerta. No Brasileiro, depois de vencer Internacional e Paranaense, cedemos o empate para o Coritiba. Na Libertadores, após uma bela estreia fora de casa e vitória sobre o Tolima, dois empates inesperados com América e Del Valle. Esse segundo seria até um resultado normal, não fosse a péssima apresentação do Galo ontem no Equador.

Em que pese a altitude de quase três mil metros, que ontem inadvertidamente cheguei a dizer que seria no nível do mar, não pode ser utilizada como justificativa para esse pífio desempenho. Vi, antes de dormir, que o Galo soltou uma nota à respeito disso e que os jogadores se superaram para assegurar esse ponto da partida. Fosse eu funcionário do clube, apressaria também em emitir essa nota, como justificativa e tirar o peso da responsabilidade do comando técnico e do elenco. A assessoria brilhou, diferente dos comandados por El Turco.

Até postagens de fotos no intervalo, com os jogadores recebendo oxigênio foram utilizadas, mas daí me vem outra indagação. Se a situação era tão séria assim, porque o treinador não promoveu alterações para a volta do segundo tempo? Se tivesse agido assim, desde que substituições acertadas e não tão equivocadas como estamos percebendo, quem sabe o enredo da etapa final tivesse sido diferente.

O jogo no Equador, igual a partidas anteriores, mostrou um time inofensivo depois do intervalo. Tem sido assim e nas últimas três partidas – Brasiliense, Coritiba e Del Valle – comprovam essa afirmação. Nessa última, a bem da verdade, desde metade do primeiro tempo. O empate foi um ótimo resultado sim, mas pelo que vimos em campo e não pela nota oficial publicada após o jogo de ontem.

Enfim, sem alongar, até gostei da formação com três zagueiros. Deve sim ser usada para jogos fora de Belo Horizonte e frente a adversários mais perigosos. Desde que, duas coisas ocorram, a meu juízo. Quando algum deles avançar, como fez Junior Alonso ontem, ao perder o lance voltar rápido para recompor o sistema defensivo. E não caminhando como fez o paraguaio, que entre todos os defensores é o único com vaga garantida na zaga, seja com dois ou três jogadores. E a outra condicionante, é fundamental que o meio de campo, diferente de ontem, saiba receber uma bola rebatida ou rifada da defesa para armar um contra-ataque. Todas essas bolas no jogo com o Del Valle caíram nos pés dos jogadores da equipe equatoriana. E dá-lhe sufoco. Foi, na verdade, um amasso em cima do nosso time. Empate milagroso.

No mais, perdemos gols inacreditáveis durante a partida. Mariano, por pouco, ganharia o troféu de vilão como já aconteceu com o Coritiba. Hulk, que fez nosso único tento, por duas vezes optou pelo lance sozinho e deixou de servir aos seus companheiros. Na pelada dizemos, fominha! Zaracho, poupado na partida do último sábado, não foi percebido em campo. Allan, que por dois momentos quase entrega a rapadura, foi substituído e tomou um cartão amarelo infantil. E o treinador, assistindo tudo isso passivamente, só foi modificar o time aos 27 e aos 33 minutos do segundo tempo. E as alterações não surtiram efeito.

Por fim, creio que vamos vencer pelo Brasileiro e devemos fechar a rodada na liderança isolada do campeonato. E mais, como serão as três partidas que faltam da fase de grupos da Libertadores, acredito que vamos fechar na liderança da chave. Não tenho a mesma convicção em relação à liderança geral. E mais, que vamos bater o recorde histórico de invencibilidade da competição da Conmebol, estamos a uma partida dos recordistas, portanto podemos superar e isolar nesse quesito. Entretanto, quero é ganhar títulos e não bater recordes. Para tanto, como disse ontem neste espaço, que o treinador faça os jogadores conhecerem a palavra comprometimento. Vale dizer, entrar em campo com engajamento, entrega, empenho, fazendo enfim um pacto em busca das vitórias nos próximos compromissos e pela conquista do Brasileiro, da Copa do Brasil e da Libertadores. Ah! E no início do próximo ano tem Mundial e Supercopa com o vice do Brasileirão.

Assim quer e espera o Atleticano. Senão a cobrança em cima de todos será inevitável. Que assim seja!

*fotos: Pedro Souza/Atlético