por Marcelo Seabra
Há um ano, foi lançado nos cinemas Uma Noite de Crime (The Purge, 2013), um suspense que trazia boas ideias e deixava a impressão de um tratamento raso, insuficiente para as possibilidades que criava. Agora, podemos ver a mesma coisa acontecendo, pelas mãos do mesmo diretor/roteirista, com a continuação. Uma Noite de Crime: Anarquia (The Purge: Anarchy, 2014) deixa o público com a mesma sensação de potencial perdido, de algo que poderia ter sido muito bom e se contentou em ser razoável.
Essa continuação consegue ir mais longe que o original, isso é fato. Há mais situações criadas aqui, até uma espécie de jogo que remete a O Alvo (Hard Target, 1993). A premissa permanece a mesma: uma vez por ano, existe uma janela de 12 horas em que não há hospitais, polícia, bombeiros ou qualquer serviço de emergência disponível. E tudo é possível no que diz respeito ao uso de violência. É a oportunidade que as ditas “pessoas de bem” têm de extravasar, atacando quem lhes convier, de mendigos na rua ao chefe ou colega de trabalho. Quem estiver na rua é alvo e, ao mesmo tempo, procura um alvo. Quem estiver em casa tem que garantir a segurança da família com sistemas de alarmes e armas. Para marginais, é como a noite de Natal.
Para essa segunda parte, James DeMonaco criou novos personagens, que em algum momento vão se encontrar e contar uns com os outros para sobreviver. O envolvimento do poder público fica mais claro e temos a figura enigmática do habilidoso atirador vivido por Frank Grillo (acima), um ator que vem sendo merecidamente cada vez mais reconhecido e deve cair nas graças dos espectadores como um dos vilões do próximo longa do Capitão América. O fato de não trazer nomes mais chamativos no elenco, como Ethan Hawke e Lena Headey no primeiro, é corajoso e faz bastante sentido, indicando que DeMonaco confia na fama adquirida para sustentar uma franquia. E não perdemos o foco da trama devido a algum rosto famoso aparecendo.
Como as situações, de uma forma geral, envolvem um risco de violência, tudo é muito extremo, imediato, e acaba evitando que as questões mais interessantes sejam desenvolvidas. Descobrimos, por exemplo, que há um grupo contra o dia da purgação, mas não o conhecemos a fundo. A história corre praticamente em tempo real, e essa urgência faz com que tudo seja bem raso, apressado. Como DeMonaco não dá sinais de cansaço, esperemos que o conceito seja melhor desenvolvido nas próximas continuações. Como a segunda parte arrecadou mais nas bilheterias que a primeira, podemos prever uma série longa.
Curti bastante seu blog 😉 você escreve bem, gostaria de te convidar para conhecer o meu, espero que goste também. Obrigado!
Vou sim!
Obrigado.