por Marcelo Seabra
Mais difícil que achar uma boa comédia romântica é achar uma para um público mais maduro, ou ao menos com personagens assim. Já divorciados, com filhos grandes, e nem por isso menos interessados em conhecer alguém especial, que faça o coração palpitar. Sem ser brega ou meloso (como a frase anterior), À Procura do Amor (Enough Said, 2013) consegue apresentar personagens críveis e tridimensionais, que estão longe de serem perfeitos. Bem como acontece na vida, com seu vizinho ou colega de trabalho.
Esse tipo de filme é chamado de comédia romântica pela falta de um termo melhor. Como prova Woody Allen com Melinda e Melinda (2004), a vida é metade drama, metade comédia, e as doses vão mudando de acordo com os acontecimentos. Assim é a vida de Eva, uma massagista bem humorada que nem espera encontrar um cara bacana. Numa festa, ela conhece Albert, um sujeito grande, gordo e engraçado que parece ser uma boa pessoa. Um relacionamento bacana surge, mas Eva acaba coincidentemente ficando amiga da ex de Albert, uma experiência que muitas mulheres por aí gostariam de ter. Afinal, é a chance de saber porque o casamento não deu certo e como tirar vantagem desse conhecimento.
Nos papéis principais, Julia Louis-Dreyfus e o já saudoso James Gandolfini convencem bem como um casal ligeiramente desajeitado que está se conhecendo, aquela fase em que até adultos bem estabelecidos parecem adolescentes. Louis-Dreyfus, eternamente lembrada como a Elaine da série Seinfeld, mostra saber a dose certa para um papel mais pé no chão, longe da comédia escrachada que marcou sua carreira. E Gandolfini (o violento pai de Os Sopranos) faz graça com seu porte, seu peso e até sua barba, trazendo uma doçura a Albert que torna possível acreditarmos que aqueles dois dariam certo. Isso, até que a ex entre no caldo, papel de Catherine Keener (de Capitão Phillips, 2013), que consegue ser inteligente, beirando a arrogância, e ainda ter momentos de simpatia.
Pode um casal dar errado mesmo os dois sendo boas pessoas? Ou um dos dois é necessariamente um babaca, ou imaturo, ou infiel…? E, se não deu certo com uma mulher, pode um divorciado ter uma segunda chance com outra? As respostas podem parecer óbvias, mas elas se encaixam perfeitamente com os outros pequenos universos do roteiro e formam um filme sensível, engraçadinho (nunca hilário) e prazeroso de se acompanhar. A diretora e roteirista Nicole Holofcener (de Sentimento de Culpa, 2010, e Amigas com Dinheiro, 2006) sempre se mostra à vontade com personagens de meia idade, financeiramente confortáveis, que têm questões pessoais a serem resolvidas.
Com mais figuras notáveis no elenco (como Toni Collette, de Hitchcock, 2012) e outras histórias paralelas interessantes, À Procura do Amor é um filme enxuto, divertido e que entretém. Para quem o perdeu em sua rápida passagem pelos cinemas, o longa já está disponível para aluguel, boa oportunidade para conhecer Eva e Albert e, por que não?, torcer por eles.
Nossa,eu adoro esse filme e esses dois atores são incríveis!