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Psicólogo graduado pela Universidade FUMEC, Pós-graduado em Psicologia Médica pelo departamento de Psiquiatria e Neurologia da Faculdade de Medicina da UFMG e Mestre em Educação, Cultura e Sociedade pela UEMG, tendo desenvolvido dissertação na área de Violência Contra a Mulher.

Sou gay, meu namoro é horrível e tentei me matar

gay depressivo

“Olá, Dr. Douglas Amorim. Atualmente, vivo dividido entre tentar consertar minha relação que, para vários amigos meus, é um relacionamento tóxico, e tentar dar uma chance a uma nova pessoa. O medo do desconhecido me trava e eu não consigo raciocinar direito. Minha vida afetiva atual está estagnada. Estamos juntos há 06 anos e, há 01 ano, não temos mais contato físico algum. Ele começou a me trair usando aplicativos de encontros. Comecei a fazer a mesma coisa. A ausência de diálogo não resolveu o problema e me fez sentir mal, a ponto de tentar “pedir ajuda” por meio de uma tentativa de suicídio (que eu admito que aconteceu, mas, acho que não era realmente a minha vontade, pois eu ingeri apenas 07 comprimidos, quando poderia ter ingerido o frasco todo). Voltamos a compartilhar a mesma cama, porém, sem fazer nada. Temos amor fraterno e carinho, porém, fica a sensação de que a vida amorosa está incompleta. Ele alega que precisamos cuidar cada um de si, antes de cuidarmos do nosso relacionamento. Acontece que o tempo passa e eu não sinto avanços. Gosto muito dele, mas, ao mesmo tempo, gostaria de conhecer alguém da minha idade e construir uma vida juntos. Fico preso neste status quo, com medo de largar o que tenho, a segurança e a zona de conforto. Por ter problemas de personalidade, como dependência afetiva e personalidade limite, tenho receio de não dar conta de viver sozinho, até encontrar alguém. Tenho medo de não conseguir me sustentar também. Também sinto medo de sentir a falta do meu atual, como foi o caso no dia em que eu tomei os comprimidos e deixei uma carta de despedida. Estou fazendo terapia desde então e ainda estou com muitas dúvidas. Obrigado”.

 

Envie sua dúvida para perguntaUAI@gmail.com  Não identificamos os autores das perguntas

Resposta:

Querido leitor, o que mais me chamou a atenção, na sua história, foi o fato de não ter mencionado quais as coisas que estão fazendo com que seu relacionamento não seja de boa qualidade. Você disse que está numa relação de 06 anos com outro homem, mas que, há um ano, não existe nenhum tipo de contato sexual e que, a convivência está passando pela esfera do amor fraterno e do carinho. Tudo bem que estas duas premissas são realmente importantes em um namoro ou casamento. Porém, ficar apenas nelas, aponta para uma relação de amizade ou, melhor dizendo, de irmandade. Sexo não é e não pode ser a coisa mais importante em uma relação, muito menos, a única. Entretanto, é uma parte muito importante e que, sem dúvida alguma, está muito prejudicada entre vocês. Tanto, que faz 01 ano que não têm nenhum tipo de contato sexual. Usualmente, quando a relação não vai bem, independentemente da orientação sexual dos parceiros, o sexo é algo fica bastante prejudicado, sendo em grande parte das vezes, o primeiro grande indicativo de que as coisas não vão bem.

Você disse ainda que a ausência de diálogo não resolveu o problema. De fato, não resolveu e nem resolverá porque, o correto, é oposto disso. Nossa capacidade de comunicação é imprescindível para resolvermos nossas questões, sejam elas de qualquer ordem. Precisamente isso que nos difere dos animais. Nossa capacidade de raciocínio e de comunicação precisam sempre ser colocadas a nosso favor, e não contra. Aliado à ausência de diálogo, começou a surgir outro tipo de comportamento que, ao meu ver, não resolve absolutamente nada. Aliás, muito pelo contrário. De um tempo pra cá, ambos começaram a trair, utilizando-se de aplicativos de celular. Honestamente, querido leitor. Você acha que este tipo de atitude irá resolver o quê? Será que não percebe que isso apenas irá piorar a situação entre vocês? Que coisa mais estranha! Resolvem voltar e, ao mesmo tempo, optam por trair! Há muita coisa equivocada aí!

O fato do seu parceiro dizer que é preciso cada um cuidar de si, antes de cuidar do relacionamento, me parece um pouco equivocado. No meu humilde modo de entender, quando estamos namorando ou então, quando nos casamos, o exercício do cuidar precisa ser diário e simultâneo. Ou seja, é preciso cuidar bem de si e da relação. Não creio que um deva vir primeiro que o outro. Você é uma pessoa cheia de sonhos e desejos. Querer conhecer uma pessoa da sua idade e para construir uma vida a dois é algo mais do que natural e saudável. No entanto, é preciso perceber que, possivelmente, você esteja agindo na contramão do seu desejo. Ou seja, ao mesmo tempo em que tem vontade de fazer algo, adota posturas e condutas opostas ao que realmente tem vontade. O nome disso é autossabotagem. E é bom que preste atenção a esta palavra, porque existem pessoas especialistas em fazer o mal pra si mesmas. Está na hora de rever urgentemente seu posicionamento.

Dicas pra você:  Foi mencionada uma tentativa de suicídio mas que, de acordo com seu relato, não tenha sido pra valer. Esta constatação foi muito boa. Mostra que você gosta da sua vida, apesar de todas as dificuldades. Caso contrário, teria tomado todo o frasco, não é mesmo? Que bom que não tomou. Agora, está na hora de começar a olhar a vida e as dificuldades de frente. O fato de ficar sozinho, não necessariamente tem de ser sinônimo de desespero ou de tristeza. Não estou pedindo para você gostar de ficar sozinho. Preste muita atenção. Estou dizendo que todos nós precisamos saber ficarmos sozinhos porque, em alguma fase da vida, todos ficaremos. Para este tipo de fase, amigos, família, estudos, lazeres diversos, bons livros e cuidar da vida espiritual, são bons aliados. Não coloque seu centro de equilíbrio emocional no outro, seja lá quem esse outro for. Nosso centro psicológico somos nós mesmos. Somente assim, sairemos do papel de dependentes emocionais e afetivos. Você disse ainda que tem medo de largar o que tem e sair da zona de conforto. Seria zona de conforto ou de desconforto? Pense nisso. Largar o que tem? Mas será que o que você tem é minimamente satisfatório? Na vida, às vezes, perder é ganhar. Lembre-se disso também. Por fim, é claro que você irá sentir falta dele, caso venha a romper esse relacionamento. Isso é muito natural e não pode ser o fim do mundo, ora. Levante a cabeça, passe a se amar e confiar mais na sua capacidade de superar as adversidades e, cima de tudo, recuse-se a ser dependente seja lá de quem for. Eu acredito em você e na sua capacidade de superação. Está na hora de deixar de se acovardar e passar a acreditar em si também! Cuide-se bem e siga em frente!

Um abraço do

Douglas Amorim

Psicólogo clínico, pós-graduado em Psicologia Médica, mestre em Educação, Cultura e Sociedade

Consultório: (31)3234-3244

www.douglasamorim.com.br

Instagram:@douglasamorimpsicologo

Canal no youtube: https://www.youtube.com/user/douglasdanielamorim

3 thoughts to “Sou gay, meu namoro é horrível e tentei me matar”

  1. Presumo que a questão está na preocupação dele para mais a frente: se tornar apenas teu provedor e Não poder te satisfazer sexualmente! Tive uma transa, que lembra teu relacionamento! Eu tinha 35 anos e o dentista beirava os 60 anos! Acabei indo de calção e ele notou que nunca havia ido a vontade, justifiquei férias! Me pareceu que havia estabelecido sintonia e tirou o jaleco, ai ressaltei eu agora com o homem, ele disse claro, fechando o atendimento primeiro e, me levou ao comodo que ele almoça e tira uma sesta! Chegamos a transar a contento, mas percebi uma certa necessidade dele de alongar a cunilingua, para turbinar mais ele! Eu começava a ficar ansioso para ser penetrado! Depois sutilmente justificou um certo receio de não ter podido me satisfazer, ao dizer que a experiência foi maravilhosa, mas com filhos adultos, queria acompanhar a “caminhada” deles!

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