“Olá, Dr. Douglas Amorim. Tive um relacionamento de um ano e três meses. Depois disso, resolvemos nos casar. Meu marido sempre foi carinhoso e que fazia questão de estar comigo o máximo de tempo possível. De uma hora para outra, começou a ficar ciumento, me acusando de olhar para outros homens. Dizia que eu não sabia agir como mulher de verdade e me comparava com sua ex., dizendo que ela jamais faria isso. Não pedia desculpas e eu acabava cedendo. Num determinado dia, estávamos na casa da sua mãe. Ela me disse que ele havia sido traído pela tal ex. e que, depois desse casamento, não passava mais de três meses com a mesma pessoa. Comecei a observar, também, que ele sempre queria ser o centro das atenções e ter todas as suas vontades atendidas. Dizia que não confiava em mim e queria ver meu celular constantemente. Não dei muita bola pra isso. Ficamos noivos e fizemos uma tatuagem para comemorar (meu nome nele e vice-versa). Casamos, passávamos quase a semana toda juntos e eu ajudava com as coisas da casa. Fui percebendo-o cada vez mais birrento, quando contrariado, do mesmo jeito que fazia com sua mãe. Isso começou a me incomodar porque nada era suficiente. Ele estava sempre insatisfeito, por mais que eu me esforçasse para agradá-lo. Num belo dia, ele disse que iria a uma festa sem mim. Eu disse que poderia ir sem problema algum, mas que não me cobrasse nada depois, porque, afinal de contas, tínhamos filhos e gostaria que ele estivesse conosco no final de semana. Afirmou em tom de superioridade que ninguém o controlava. Eu explodi e terminei tudo. Dois dias depois, me arrependi e tentei contactá-lo por mensagens, sem resposta. Decidi telefonar e ele disse que não queria mais falar comigo. Fiquei triste e perdida. Já se passaram dezessete dias. Parece que não adiantou nada eu ter reconhecido meus erros e ter dito que gostaria de ter uma conversa para resolvermos nossos problemas. Ele não atende mais as minhas ligações e, a dúvida que fica, é: o que foi tudo isso? Penso que o orgulho não deveria fazer parte da atitude de quem ama verdadeiramente e que chegou ao ponto de fazer a tatuagem com o nome da mulher”…
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Resposta:
Querida leitora, com toda a sinceridade, eu não acredito muito na história de que a pessoa era de um jeito durante o namoro e que, de uma hora para outra, depois de se casar, transformou-se em alguém totalmente diferente. Sobretudo quando falamos sobre o tema ciúme, acho muito improvável ele não tê-lo demonstrado na fase em que eram namorados, passando a fazê-lo de forma intensa, somente após o casamento. Acho muito mais plausível você não ter percebido essa característica dele ou ainda, ter percebido, mas não ter dado muita atenção a isso, o que significaria uma certa alienação em nome da manutenção do relacionamento. Histórias como essa não são raras. Aliás, muito pelo contrário. Varre-se a poeira pra baixo do tapete, mas, esquece-se que um dia ela sai.
Parece-me que ele viveu algo que fez com que passasse a questionar e duvidar das mulheres. De acordo com o relato de sua mãe, após ter sido traído por uma namorada ou esposa, ele nunca mais teria firmado um relacionamento sério, até que apareceu você. Ocorre que, além do ciúme, você começou a perceber, também, atitudes egocêntricas por parte dele, como se fosse um reizinho, que quer todas as suas vontades atendidas. Com um nível de exigência exagerado, nunca as coisas estavam boas o suficiente para atender aos gostos de vossa majestade. Não suportava limites e, quando você disse que ele poderia ir à festa mas que, depois não te cobrasse nada, a infantilidade e o egoísmo fizeram como um vulcão em erupção, com a afirmação de que ele não tinha dono. De fato não tinha, como não tem. Aliás, ninguém tem dono. Entretanto, ele se casou e teve filhos com você. Isso implica em atitudes que sejam coerentes com tais escolhas. Volto a questionar: será que você também não percebeu esse lado mimado dele durante o namoro? Se não percebeu, paciência. Agora, se percebeu e mesmo assim insistiu em continuar a relação, você apostou muito alto porque, casar com alguém que apresenta esse temperamento, é correr o risco de viver com uma espécie de tirano.
Particularmente, penso que essas questões como fazer tatuagens com os nomes um do outro, seja uma bobagem. Já vi várias pessoas fazerem isso e se arrependerem amargamente depois de relacionamentos frustrados. Já vimos várias celebridades passarem por isso. A demonstração de amor pelo outro não precisa ser neste nível. Não é necessário fazer esse tipo de marca em seu corpo porque, isso não é garantia de amor eterno e, muito menos, de sucesso no relacionamento. O que trás mais possibilidade de êxito são o carinho, a dedicação, o cuidado, o respeito, a tolerância e a responsabilidade para com nosso (a) parceiro. Uma pessoa extremamente orgulhosa pode sim, colocar tal sentimento acima do amor. Na verdade, esse orgulho, seria uma espécie de exacerbação do amor que ele sente por si mesmo. É isso que, em linhas gerais, podemos chamar de “narcisismo”. Ou seja, ele se ama tanto que, prefere ficar consigo mesmo, a ter o mínimo de contrariedade em detrimento do outro.
Dicas pra você: já se passaram dezessete dias e temos o seguinte quadro – de um lado, você, arrependida por ter explodido, disposta a conversar para tentar salvar o relacionamento. De outro, ele, totalmente indisponível para o diálogo. Infelizmente, não tenho como dizer se ele está fazendo mais uma de suas birras, se está com raiva temporariamente ou se já desistiu da relação, definitivamente. Somente o tempo irá trazer essa resposta. Agora, sugiro que reflita sobre algo que considero extremamente importante. Você se casou com uma pessoa que tem um temperamento bastante difícil, o que dificulta a vida a dois. Suponhamos que ele esfrie a cabeça e que vocês conversem. Se ele não estiver disposto a mudar – talvez até com a ajuda de um psicólogo – o risco de caírem numa espécie de ciclo que se repete é grande. Portanto, muita atenção a isso porque, casamento, é feito para as pessoas se curtirem e se ajudarem e não, para transformar a vida de ambos num martírio.
Um abraço do
Douglas Amorim
Psicólogo clínico, pós-graduado em Psicologia Médica, mestre em Educação, Cultura e Sociedade
Consultório: (31)3234-3244
www.douglasamorim.com.br
Instagram:@douglasamorimpsicologo
Canal no youtube: https://www.youtube.com/user/douglasdanielamorim
Na minha opinião essas pessoas que do nada começam a ter ciumes e questionar demais é pq na verdade é que estão traindo…. ele é q já devia estar fazendo coisas erradas e refletindo tudo nela…. inclusive essa saída dele pra uma festa é muito suspeita e agora esse desaparecimento…. sei nao. Melhor conselho foi esse mesmo…. será q vale a pena?
Excelente reflexão do profissional. É a primeira vez que acesso o blog, entrei por acaso. A resposta é uma boa tradução técnica sobre o relato da leitora. De fato o ponto central a ser considerado neste momento é: paga a pena apostar numa relação que possui um forte viés de se tornar um loop infinito de martírio? Há vida além do que se consegue enxergar no presente e/ou curtíssimo prazo. Sugiro à leitora que recobre sua autoestima e as coisas sedimentar-se-ão com ajuda do melhor amigo nessas horas: o tempo. Faço votos para que tudo se ajeite. Abraços!
Isso mesmo!
Obrigado pelo comentário, Rodrigo. Quanto às discordâncias,não há problema algum! Ainda bem que elas existem, não é mesmo? Grande abraço!
Caro Doutor
Douglas, admiro seu empenho aqui no blog, leio quase todos, menos os dos gays porque não curto gays nem de longe, sou preconceituoso ao extremo! Mas tudo bem! Eu hoje vou descordar do senhor em um ponto. Quando o senhor diz não acreditar na pessoa ser uma coisa e depois se transformar em outra! Eu sou um cara que acredito ter um dom forte de saber fazer a leitura da personalidade das pessoas! Muito difícil me enganar com atitudes falsas e superficiais! Mas conheço muita gente que se faz de anjo ou que tentou se fazer comigo, mas tenho comigo que a pessoa não consegue ser 100% falsa! Em momentos a personalidade dela aparece até que ela perceba, cabe a nós observar! E essa leitura eu faço muito bem! Quando a essa leitora que enviou o seu relato, acho que esse marido dela é um playboy mimado! Ele não gosta nem dele mesmo! Aconselho a ela por mais que seja ruim a dor da espera, mas espere ele se arrepender e procurar por ela! Caso o faça indique os pontos principais de mudança e veja se vale a pena tentar mais uma vez, mas agora dentro do espaço combinado entre vocês. E caso ele nem venha a lhe procurar, vida que segue, não era pra ser ele, busquei sua felicidade, adquira mais amor próprio é boa sorte! Não demonstre carência pois acaba achando pessoas como eu,que estão na vida pra negócios e nada mais! Pelo menos por enquanto! Abraços a todos, boa sorte a essa mulher que escreveu e parabéns Dr Douglas!