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Psicólogo graduado pela Universidade FUMEC, Pós-graduado em Psicologia Médica pelo departamento de Psiquiatria e Neurologia da Faculdade de Medicina da UFMG e Mestre em Educação, Cultura e Sociedade pela UEMG, tendo desenvolvido dissertação na área de Violência Contra a Mulher.

Sinto-me discriminada em entrevistas de emprego. O que fazer?

entrevista de emprego“Bom dia, Dr. Douglas Amorim! Minha história é a seguinte: enquanto era casada, fui rejeitada em várias entrevistas de emprego. Percebi isso por ser recém-casada, ou somente por ter um marido, aos 35 anos e sem filhos. Parecia que me olhavam como se daqui a 06 meses eu pudesse ser mãe. Definitivamente, essa não era a minha intenção O desejo era o de voltar a  trabalhar, ora. O casamento não deu certo. Agora, como divorciada, o que vou precisar responder em entrevistas? O que os recrutadores questionam sobre  relacionamentos  quando a pessoa é divorciada? Quando eu era casada, perguntavam há  quanto tempo, quantos anos tinha meu marido e onde trabalhava. Além disso, questionavam meu planejamento quanto a ter filhos. Eu achava de certa forma invasivo, mas, sabia que teria de responder e bem! Nas poucas oportunidades que aparecem, eu preciso estar bem preparada para responder. Não quero ser pega de surpresa. Por isso, preciso treinar para saber como falar e me portar sobre o assunto. Que tipo de questionamento vou ter que responder sobre relacionamento, sendo divorciada? Quero parabenizá-lo pela solicitude, dedicação e profissionalismo”.

 

Envie sua dúvida para perguntaUAI@gmail.com  Não identificamos os autores das perguntas

 

Resposta:

Querida leitora, questionamentos como os que você citou, infelizmente, são comuns em nosso país. Ainda somos uma nação bastante atrasada no que diz respeito à discriminação e intolerância. Estamos passando por um período de grave crise econômica. Com isso, os postos de trabalho vão se tornando mais escassos e, seguramente, muitas mulheres estão saindo humilhadas de entrevistas de emprego. Um entrevistador bem preparado técnica e eticamente, não deveria abordar aspectos muito íntimos da vida do entrevistado. Por mais que deseje saber o máximo possível sobre aquele candidato, existe um limite que deve ser respeitado. Perguntas como “você tem filhos?” ou “tem intenção de engravidar? Quando?”, ainda são bastante frequentes e, embora não exista uma legislação específica para este tipo de questionamento, tais indagações, claramente, podem ser entendidas como discriminação. Diante disso, a entrevistada pode tomar providências legais, se assim o desejar.

De acordo com a advogada Ana Paula Braga, especializada em direito das mulheres e desigualdade de gênero e membro da Comissão da Mulher Advogada da OAB de São Paulo, a mulher que se sentir discriminada numa situação como essa, pode registrar Boletim de Ocorrência em uma delegacia e entrar com uma ação na Justiça Cível, por Danos Morais. “De acordo com a lei n. 9029/95, é proibida a adoção de qualquer prática discriminatória e limitativa para efeito de acesso à relação de trabalho, ou de sua manutenção, por motivo de sexo, origem, raça, cor, estado civil, idade, entre outros”. Esse é o caminho mais seguro, já que, como ainda não há um vínculo empregatício, há uma certa divergência se é possível entrar na Justiça Trabalhista nesse tipo de caso, fala a especialista.

Como em todas as áreas, existem os bons e os maus profissionais. Se quiser verificar uma matéria que saiu na Revista Exame, que menciona as 50 perguntas mais frequentes em entrevistas de emprego, irá ver que não constam indagações sobre filhos, gravidez, casamento ou divórcio (http://exame.abril.com.br/carreira/as-50-perguntas-mais-frequentes-em-entrevistas-de-emprego/). O mesmo critério pode ser observado no site Empregos.com.br, porém, com 20 questionamentos (http://carreiras.empregos.com.br/mercado/as-20-perguntas-mais-comuns-na-entrevista-de-emprego/). É completamente compreensível o entrevistador desejar saber aspectos sobre a vida do candidato, porém, o fundamental é a forma com a qual ele usa a linguagem para se expressar. Ou seja,
quais as palavras utilizadas por ele, para buscar informações importantes. Ao invés de perguntar se a entrevistada é casada e/ou tem filhos (por mais que isso já possa constar no currículo enviado antes da entrevista), pode-se perguntar, por exemplo, o número de horas semanais que ela pode se dedicar ao emprego.

Dicas pra você: querida leitora, não existe receita única para o que perguntou. O tipo de reação que você terá a partir de perguntas inadequadas é uma decisão sua. Os caminhos a seguir podem ser desde considerar o questionamento discriminatório, chegando às vias de fato com polícia, processo jurídico etc., até recusar-se a responder. Outra forma de reagir, também seria devolver a pergunta ao entrevistador. Por exemplo: dentro das atribuições do cargo, qual é a importância de ter ou não filhos? Ou ainda: de acordo com as exigências do cargo, há algo errado no fato de ser divorciada? A candidata deve ressaltar também, a sua capacidade de se organizar e conciliar a vida profissional e familiar. Obviamente que muitas pessoas têm medo de fazer esse questionamento e perder a vaga. No entanto, é preciso entender que a contratação é um tipo de negociação e não é só a empresa que me escolhe. Eu também posso ou não, escolher a empresa. Meus leitores e pacientes sabem que não faço o tipo “politicamente correto”. É claro que, o desejável, seria denunciar um entrevistador que se porte de forma discriminatória. Entretanto, só quem está numa situação de desemprego há meses ou anos, que não têm dinheiro para o mínimo e que está sofrendo absurdamente, tem autoridade para escolher como se portar em situações como esta.

 

Um abraço do

Douglas Amorim

Psicólogo clínico, pós-graduado em Psicologia Médica, mestre em Educação, Cultura e Sociedade

Consultório: (31)3234-3244

www.douglasamorim.com.br

Instagram:@douglasamorimpsicologo

Canal no youtube: https://www.youtube.com/user/douglasdanielamorim

 

 

4 thoughts to “Sinto-me discriminada em entrevistas de emprego. O que fazer?”

  1. Olá boa noite! Estive visualizando os comentários desse poste pra comparar se se tiveram algum tipo de constragimento tipo o meu há uma semana atrás, só estou expondo a minha indignação porque realmente eu me senti assim quando participei dessa entrvista, bom a entrevistadora me perguntou se eu tomava algum tipo de medicamento controlado! Pois é gente! Isso mesmo, perguntou pramim e pra mais 5 meninas que faziam parte do processo seletivo, então além dessa pergunta como essa de filhos se sou casada isso pramim foi de menos, mas quando ela foi aprofundando a pergunta tipo você toma remédio e faz acompanhamento com a médica ou só vai buscar receita, olha gente fiquei ainda mais constrangida, depois veio outra pergunta qual o nome da sua médica? Tipo assim né, lembrando que quando começamos a entrevista ela já disse pra todas nós que não era pra mentir e que o foco da entrevistadora a pessoa não podia tomar nenhum tipo de uso de medicamentos, ou seja falei tudo não menti e nem omiti, me expus falei desse detalhe da minha vida pessoal pra entrevistadora e também pra pessoas que também faziam parte da entrevista, acho que o mais me deixa triste é eu ter que me expor na frente daquelas pessoas, em toda minha vida e de todas entrevista que participei isso nunca ocorreu, estou realmente indignada, e outra além de me expor não consegui a vaga de emprego por esse motivo, pois é gente esse é meu desabafo, hoje prestei vestibular pra o curso de direito porque além de entender das leis do nosso Brasil, eu quero ajudar as pessoas que também passaram por esse tipo de constrangimento. Me desculpem se digitei algo errado! Boa noite!!

  2. O que mais tem são recrutadores incapacitados, preconceituosos, com uma visão pequena. Não conseguem pensar “fora da caixinha”. Não conseguem conduzir uma entrevista. Enfiam a cabeça no currículo, no modelo, no script e só. Por isso tantos funcionários com baixo rendimento, robotizados, sem criatividade ou autonomia para desenvolver algo fora do script. Nojo desse sistema

  3. Entrevistas de emprego é nada mais nada menos que um processo discriminatório e preconceituoso que ainda circula nos dias de hoje. Se faz entrevistas por q querem saber sua etnia, orientação sexual, estado civil, se tem ou não filhos, tipo físico (xô, gordos) e em alguns casos até religião. Pensavam que ela servia para avaliar se o candidato é tímido ou comunicativo? Pura inocência.

  4. Querida simplismente fala que é solteira e não entra em detalhes de casamento e divórcio, caso as perguntas se aprofundem, responda que teve um relacionamento sério mas que decidiu que não eram compatíveis e que o término foi amigável. Infelizmente tem recrutador que invade sim as questões das mais pessoais mas saiba sair fora, é um direito seu.

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