The Rock se mete num Terremoto na Califórnia

por Marcelo Seabra

San Andreas poster

Nada como uma catástrofe gigantesca, que mata milhões e causa um prejuízo financeiro incalculável, para reunir uma família. Mencionei que mata milhões? Pois essa é a premissa de Terremoto: A Falha de San Andreas (San Andreas, 2015), mais um filme de destruição em massa que tem como pano de fundo o drama de sobrevivência de uma família em conflito. O quadro reúne um pai expert em resgates, uma tragédia não superada e uma mãe prestes a se juntar ao namorado milionário. Montado esse cenário, basta soltar a filha na bagunça e começa a diversão descerebrada.

Astro do longa, Dwayne “The Rock” Johnson (da franquia Velozes e Furiosos) encabeça um elenco bem interessante que talvez seja a razão de o projeto não se tratar de um fracasso total. Isso e os efeitos especiais bem feitos, que mostram ondas enormes, prédios caindo, a terra se abrindo e tudo o mais a que o público tem direito, no melhor estilo Roland Emmerich (de O Dia Depois de Amanhã e 2012). O responsável, um tal Brad Peyton (que dirigiu The Rock em Viagem 2: A Ilha Misteriosa, 2012), copia o pior do alemão, e até consegue trazer um pouco de tensão à trama. É difícil ficar impassível frente aos ataques da natureza, e o efeito 3D até ajuda nas noções de espaço e distância. Mesmo que já saibamos de antemão quem vai morrer ou se ferir.

San Andreas couple

O tal elenco bacana já começa a ser formado por Paul Giamatti (de Homem-Aranha 2, 2014), grande ator mais uma vez desperdiçado como o professor brilhante que descobriu o problema todo, mas ninguém ouviu. Ele e o colega (Will Yun Lee, de Wolverine: Imortal, 2013) chegaram a um método para prever terremotos e é ele que nos informa o que está acontecendo e o que está para acontecer, que é bem pior. Por sorte, há uma repórter (Archie Panjabi, de The Good Wife) e uma equipe de TV por perto para lhe dar voz. Paralelamente, somos apresentados a Ray (Johnson), um grande (enorme) piloto com muita experiência em tirar pessoas de situações de risco que logo se verá em meio ao caos na Califórnia. Sua filha Blake (Alexandra Daddario, de O Massacre da Serra Elétrica 3D, 2013) vai para a cidade com o futuro padrasto (Ioan Gruffudd, de Forever), enquanto a mãe, Emma (Carla Gugino, de Justified), vai conhecer a futura cunhada (ponta de Kylie Minogue, de Holy Motors, 2012). Um terremoto de proporções inéditas começa e todas essas pessoas vão tomar um baita susto.

Já deu para perceber que o longa tem uma história intrincada, criada por duas pessoas (Andre Fabrizio e Jeremy Passmore, de O Príncipe, 2014) e desenvolvida por uma terceira (Carlton Cuse, criador de Bates Motel). Tantos talentos foram capazes de criar as mais fantásticas falas para The Rock, o que constrangeria um ator menos carismático e cara de pau. Daddario, um dos destaques da TV em 2014 em True Detective, é o colírio para os olhos masculinos, e perde peças de roupa à medida que o filme avança – ah, e fica toda molhada. Gugino, uma musa mais madura, não fica atrás. Para o público feminino, os atrativos são o protagonista e o aparentemente tímido Hugo Johnstone-Burt, retratado como um atípico jovem cavalheiro que ajuda Blake, mesmo tendo que arrastar junto o irmão mais novo. E, para todos, a destruição proporcionada pelo CGI.

Que não ia ter história, podíamos prever. Que ia ter ação acelerada e cenas curiosas, também. Mas a coisa vai descambando enquanto avança, com mortes a torto e a direito, num volume que começa a causar riso involuntário. Um desenrolar mais convencional não poderia ter, com uma fórmula clara sendo seguida, daquelas cheias de açúcar em meio aos destroços e incêndios. O que começou na promessa de algo divertido e instigante vai se tornando uma repetição de clichês e situações que cansa e faz esse Terremoto parecer ainda mais longo que seus 114 minutos.

Olhando para Daddario, dá para ignorar o que acontece em volta

Olhando para Daddario, dá para ignorar o que acontece em volta

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Mortdecai é outra bola fora de Johnny Depp

por Marcelo Seabra

Mortdecai

Admirado pela forma como vive personagens diferentes, até bizarros, Johnny Depp mostra mais uma vez sua enorme capacidade de se envolver num trabalho, sumindo na figura interpretada. Mas o dedo podre que tem usado para escolher seus projetos volta a atacar e Mortdecai: A Arte da Trapaça (2015) é mais um a desperdiçar o seu talento. Com piadas sem graça e repetidas à exaustão, o filme cansa, não consegue divertir e se torna um constrangimento para os envolvidos. E já é um dos grandes fracassos de bilheteria do ano, faturando metade de seu orçamento de 60 milhões de dólares.

Como roteirista, David Koepp alterna resultados péssimos (como o último Jack Ryan), medianos (como Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal, 2008) e muito bons (como os primeiros Homem-Aranha e Missão: Impossível), com raros momentos de brilhantismo (como O Pagamento Final, 1993). Já como diretor, ele tem coisas boas (Efeito Dominó, de 1996, Ecos do Além, de 1999), mas é responsável por uma das piores adaptações de uma história de Stephen King, A Janela Secreta (de 2004). E foi exatamente nesse filme que ele trabalhou com Depp. Agora, eles se reúnem para a adaptação da primeira das histórias de Kyril Bonfiglioli, falecido escritor inglês que exercia várias ocupações e as usou como inspiração para seus textos.

Mortdecai scene

Protagonista em três livros completos de Bonfiglioli e um deixado pela metade, Charlie Mortdecai é um aristocrata de muitas habilidades, e não necessariamente as emprega para o bem. Quase que um Tom Ripley em tom farsesco, o sujeito é um bon vivant de família rica, com boa educação, uma bela e inteligente esposa (Gwyneth Paltrow, de Homem de Ferro 3, de 2013) e um fiel escudeiro (Paul Bettany, o Visão de Vingadores 2) que está sempre se metendo em roubadas pelo patrão. Mortdecai compra e vende arte, mas frequentemente se envolve em negócios ilícitos, financiando seu alto padrão de vida. Quando o filme começa, descobrimos que ele tem uma dívida enorme com o governo e se vê obrigado a ajudar um agente do serviço secreto britânico (Ewan McGregor, de O Impossível, 2012), seu conhecido de faculdade com quem nunca se deu bem.

Viajando pelo mundo, a produção tem um ar globalizado, o que permite complicar a trama espalhando personagens. Se era essa a intenção, não deu certo, pois só torna a experiência mais chata, criando uma falsa sensação de algo intrincado e ganhando alguns minutos a mais de projeção. Umas poucas piadas funcionam, mas não são o suficiente para sustentar mais de 100 minutos, e não compensam pelas outras, ruins. Nem é bom mencionar o bigode. É bom Johnny Depp voltar a escolher bons filmes, ou logo estará no mesmo buraco que Nicolas Cage.

O elenco principal lançou o longa em Los Angeles

O elenco principal lançou o longa em Los Angeles

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Cake e Cala a Boca Philip têm antipatia de sobra

por Marcelo Seabra

Cake posterListen up PhilipÉ bem possível fazer um filme agradável tendo um protagonista antipático. Dois filmes em cartaz tentam essa proeza, com resultados diferentes. Mesmo que você não tenha qualquer simpatia pela pessoa apresentada, a jornada dela pode ser curiosa e te prender. Nem que seja para vê-la se dar mal, ou para desejá-la o pior. Jennifer Aniston, a eterna Rachel de Friends, está naquela que talvez seja sua melhor atuação, e a tal esnobada do último Oscar chamou bastante atenção para Cake – Uma Razão para Viver (2014). E Jason Schwartzman lidera um bom elenco em Cala a Boca Philip (Listen Up Philip, 2014), vivendo mais um mala em sua carreira.

Num drama que tenta ser engraçadinho e acaba ficando sem um tom definido, Aniston interpreta uma mulher que, após um acidente, passou a sofrer de uma dor crônica na coluna que a impede de ter uma vida normal. Até andar de carro se torna uma experiência aterradora, e dirigir, nem pensar! Claire freqüenta um grupo de auto-ajuda para pessoas com um problema similar, e nem eles se mostram receptivos para a chatice e grosseria da personagem. A obsessão por uma colega falecida do grupo faz com que ela dê uma movimentada em sua rotina deprimente. Essa vida ruim a torna uma versão piorada do Chandler de Friends, alguém que faz piadas maldosas e não se importa em atacar os demais, ou criar situações embaraçosas em grupo.

Cake

Fazendo cara de dor ou incômodo o tempo todo, a atriz abriu mão da maquiagem na tentativa de dar mais veracidade à sua sofrida Claire, além de algumas cicatrizes. Mas isso não chega a ser compor um personagem, é apenas incômodo depois de algum tempo. Algumas situações exageradas não contribuem e o roteiro de Patrick Tobin parece não caminhar em nenhuma direção. Algumas informações sobre Claire são reveladas ao longo da projeção, mas não a tornam menos irritante. O elenco de apoio, que conta com Anna Kendrick (de Caminhos da Floresta, 2014) e Sam Worthington (de Sabotagem, 2014), está correto, e o destaque é a mexicana Adriana Barraza (de Thor, 2011 – acima), que faz a empregada de Claire e a única pessoa que se importa realmente com ela, além do ex-marido (Chris Messina, de Ruby Sparks, 2012), mantido à distância.

O outro purgante que pode ser visto nos cinemas é Philip Lewis Friedman (Schwartzman, de O Grande Hotel Budapeste, 2014), um jovem escritor que aguarda o lançamento de seu segundo livro após o grande sucesso do primeiro. Se ele já era arrogante e egoísta antes, o pedaço de fama atingido o deixa intragável. Ele consegue afastar todas as pessoas à sua volta, começando pela namorada (Elizabeth Moss, de Mad Men – abaixo), que ele não cansa de maltratar. Um veterano midas da literatura (Jonathan Pryce, atualmente em Game of Thrones) é o único que consegue se relacionar com Philip, talvez por ser uma versão mais velha do próprio, um pouco menos intratável, mas igualmente difícil e isolado.

Listen up Philip couple

Cala a Boca Philip é interessante por ser um retrato perfeitamente possível de um escritor bem sucedido e do que o êxito pode fazer com ele. A estrutura também é curiosa, mesmo que tenha diálogos em excesso e canse um pouco. O diretor e roteirista Alex Ross Perry (de O Círculo Cromático, 2011) não se prende a Philip ao contar a história. Ashley e Ike revezam com ele a posição de protagonista, e sobra oportunidade também para Melanie (Krysten Ritter, de Breaking Bad), a filha de Ike, e Yvette (Joséphine de La Baume, de Rush, 2013), a antagonista francesa de Philip. É engraçado como esse gênio ruim faz com que a pessoa conquiste desafetos. Philip passa a criar atritos com diversas pessoas e as classifica como inimigos em potencial, sendo Yvette uma delas.

O resultado das obras mencionadas é bem diferente pela forma como cada um trata seu protagonista. Enquanto Cake é tão chato quanto Claire, a tendo como centro e problema principal, Cala a Boca Philip consegue retratar o sujeito como o babaca que ele é, reforçando o tanto que ele é diferente dos demais. É sim possível fazer um filme agradável com um protagonista antipático, como Cala a Boca Philip prova. Mas Cake mostra que é muito fácil errar a mão e ir pelo caminho errado.

Mesmo chorando e sem a beleza habitual, Aniston não conseguiu a indicação ao Oscar

Mesmo chorando e sem a beleza habitual, Aniston não conseguiu a indicação ao Oscar

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Sean Penn parte para a ação com O Franco-Atirador

por Marcelo Seabra

The Gunman PosterDepois de dirigir Busca Implacável (Taken, 2008) e levar Liam Neeson para os filmes de ação, criando uma franquia, Pierre Morel parece tentar o mesmo com Sean Penn, adaptando uma história de um conceituado escritor francês. O Franco-Atirador (The Gunman, 2015) traz um assunto mais do que batido, a influência de grandes corporações no destino de países menos desenvolvidos, mas usa isso apenas para partir para os tiros e pancadaria. E mostra que Penn, com seus 54 anos, está em melhor forma que muito rapazinho. Pena que a obra não esteja à altura de seu intérprete.

Publicado em 1981, o romance La Position du Tireur Couche, de Jean-Patrick Manchette, só veio a ganhar tradução para o inglês vinte anos depois, virando The Prone Gunman. Com roteiro de Don MacPherson (do fiasco Os Vingadores, 1998), Pete Travis (diretor de Dredd, 2012) e o próprio Penn, o longa nos apresenta a um time de assassinos que realiza missões importantes, para multinacionais que têm interesses a serem resguardados. Jim Terrier (Penn), um desses atiradores, mata um ministro do Congo e é obrigado a sumir. Buscando redenção, ele passa oito anos fazendo trabalho humanitário até que outros assassinos aparecem, mostrando a ele que fugir do passado não é assim tão fácil.

The Gunman Penn

Nesse ponto, começa a peregrinação do personagem pelo mundo, passando por Londres e se demorando mais em Barcelona, cidade bastante explorada pela câmera. Tem espaço até para uma tourada, mesmo que isso não fizesse muito sentido para a trama. Os buracos e inconsistências do roteiro são mascarados por diálogos enrolados e situações mal explicadas. Sobra até oportunidade para longos discursos, uma chatice interminável. Quando os personagens estão armados, eles precisam gastar todas as balas para terem de sair no braço, numa tentativa vã de deixar as coisas mais divertidas. Cenas de ação maiores do que deveriam também não ajudam, fazendo o público perder o interesse. Fica a impressão que Robert Ludlum e outros mestres do gênero de espionagem forma inspiração, mas permanecem a anos luz de distância.

Como o protagonista, Penn corre, pula e faz tudo o que tem direito, trazendo um pouco de personalidade para um sujeito detestável, por quem não conseguimos ter simpatia em momento algum. Toda hora em que ele está em risco, não faz a menor diferença se ele se sairá bem ou não. Culpa do roteiro besta e formulaico, e não do esforçado intérprete. Sumido desde o desperdício de Caça aos Gângsteres (Gangster Squad, 2013), com uma pequena participação em A Vida Secreta de Walter Mitty (The Secret Life of Walter Mitty, 2013), o ator deve ter usado muito de seu tempo livre na academia. Há um certo exagero em mostrá-lo sem camisa, uma vaidade que agradaria a Will Smith.

The Gunman Javier

Outro nome importante de O Franco-Atirador é Javier Bardem (de O Conselheiro do Crime, 2013 – acima), mas não tão bem sucedido quanto o colega. O espanhol é castigado com falas piores e passa por alguns constrangimentos, tudo muito previsível. O elenco ainda traz outros nomes competentes, como Idris Elba (o Heimdall de Thor), numa ponta minúscula, Ray Winstone (de Noé, 2014), que vive o mentor, e Mark Rylance (de Anônimo, 2011), grande ator do teatro que não tem como fazer muito. O interesse romântico que fecha o esquemático triângulo amoroso é Jasmine Trinca (de O Quarto do Filho, 2001), atriz mais famosa na Itália que traz um pouco de doçura para a tela.

Considerado o padrinho do Cinema de ação da terceira idade (ou quase), Morel dessa vez não foi tão feliz. Com aspectos técnicos bem cuidados, como edição e fotografia, ele derrapa mesmo é no texto, que não se fecha e não envolve o espectador. O Franco-Atirador, longe da genialidade de seu homônimo de 78, rapidamente se torna cansativo e o maior desafio é conseguir chegar ao final acordado. Muitos devem sucumbir.

The Gunman Premiere

O diretor (abaixado) levou seu elenco para o lançamento em Londres

 

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Mad Max volta a atacar nos desertos da Austrália

por Marcelo Seabra

Mad Max

É claro que, depois de tantos anos, a sequência de Mad Max era aguardada com muita expectativa. E o ator que fazia o vilão do primeiro filme, lá de 1979, voltou para assombrar novamente, num outro papel. Quem não volta é Mel Gibson, dando lugar a Tom Hardy como o guerreiro das estradas quase mudo que chega para salvar o dia. Mad Max: Estrada da Fúria (Mad Max: Fury Road, 2015) lembra os primeiros filmes da série, com violência exagerada e um visual fantástico, e deve agradar aos fãs do diretor e roteirista George Miller.

Max Rockatansky (Hardy, de A Entrega, 2014) é levado como prisioneiro a uma comunidade que segue ordens de um líder ancião forte, Immortan Joe (Hugh Keays-Byrne, o Toecutter do original, que aqui parece uma versão idosa do Bane de Hardy). Quando uma das líderes de confiança de Joe, a Imperatriz Furiosa (Charlize Theron, de Branca de Neve e o Caçador, 2012), decide tomar outro caminho na estrada, todos já desconfiam de sua lealdade e partem em sua busca. Ela leva para longe as garotas que servem como parideiras para Joe, aquelas que trarão ao mundo os filhos fisicamente perfeitos do líder.

Mad Max Max

Com esse fiapo de trama, Miller aproveita para dar nova vida a seu universo e apresenta Max a novas gerações, ganhando fôlego para uma franquia de vida longa. O problema é que Max, um anti-herói desde sua origem, um policial que perdeu sua família trucidada por bandidos, parece cada vez mais preocupado em ajudar os próximos, mesmo que mal saiba quem são. Ele não passa de um detetive do Cinema Noir, aquele que parece egoísta e durão, mas não passa de um sentimental. E é assombrado pelos fantasmas daqueles que não conseguiu salvar e passa seu tempo fugindo dos vivos e dos mortos. A trama dá a impressão de se passar antes de Além da Cúpula do Trovão (Beyond Thunderdome, 1985), já que a cronologia de Max não é muito clara.

Ignorando o clima de Goonies (1985) de Cúpula do Trovão, uma aventura besta que nunca define seu tom, Estrada da Fúria busca voltar ao estilo cru de seus antecessores, recuperando o histórico trágico de Max. Pena que ele seja muito fácil de ser convencido, já que topa ajudar sem que ninguém precise apelar com afinco. A Imperatriz Furiosa, vivida pela linda Theron, tem sua beleza escondida sob um visual de guerreira, com cabelo curto e sem nada de feminino, além de um braço faltando, e a atriz mostra muita força e carisma. Com a desculpa de busca pela redenção, os dois acabam concordando em uma mesma missão, indo rumo a um certo Vale Verde, onde teriam paz e prosperidade.

Mad Max VehiclesMiller continua um mestre das sequências de ação, com perseguições frenéticas no deserto. Veículos bem reforçados, com armas e lugares estratégicos para combatentes, são vistos em abundância, assim como roupas e fantasias. Naquele futuro distópico, os garotos acreditam servirem a Immortan Joe e estarem destinados à eternidade em Valhalla, o céu dos vikings. Permanece a velha história do ditador que controla corações e mentes até que chegue um estranho que rompa esse domínio e exponha o ridículo da situação. Há alguns anos, bem podia ser Clint Eastwood no papel. Hardy não deixa a dever a Gibson, mas comparações são desnecessárias. Incomoda ele parecer ser um coadjuvante em seu próprio filme até lá para o meio, quando Max começa a ter uma importância maior. Mesmo que ainda fosse tratado como Hannibal Lecter, com focinheira e tudo.

A vantagem do pouco destaque a Max no início é que sobra tempo de participação para todo mundo, das beldades encabeçadas por Rosie Huntington-Whiteley (de Transformers: O Lado Oculto da Lua, 2011) a Nicholas Hoult (o Fera dos X-Men mais novos), que vive um dos garotos da guerra que acaba ajudando os rebeldes. E Max permanece chegando do nada e indo para o nada, sempre prestes a encarar uma nova aventura.

O vilão sempre tem um visual impactante

O vilão de Mad Max sempre tem um visual impactante

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Brasil vai à guerra com Estrada 47

por Marcelo Seabra

Estrada 47

Lá se vão 70 anos do pronunciamento do coronel Emílio Rodrigues Franklin, da Força Expedicionária Brasileira, sobre a tomada de Monte Castelo, caminho para a estratégica Bolonha. Ele e outros 25 mil brasileiros se uniram aos Aliados durante a Segunda Guerra Mundial contra os exércitos do Eixo. E são dois anos desde o Festival do Rio 2013, quando houve a primeira exibição de Estrada 47 (2013), longa nacional que reconta um episódio da participação dos nossos pracinhas no maior confronto bélico da história. Depois de muita luta, os produtores conseguiram assegurar uma distribuição comercial nacional, mesmo que em poucas salas.

Lembrado pelo elogiado documentário Soy Cuba, O Mamute Siberiano (2005), o diretor Vicente Ferraz saiu premiado mais uma vez do Festival de Gramado, com o Kikito de Ouro de Melhor Filme. Também responsável pelo roteiro, Ferraz traz luz para o fato de que os combatentes brasileiros enviados para o rigoroso inverno europeu eram despreparados tanto para as condições climáticas quanto para a batalha. Mesmo não sabendo exatamente o que fazer, eles tinham a noção de que lutavam do lado certo e buscavam fazer o melhor. Depois de muita pesquisa e entrevistas, Ferraz criou uma ficção inspirada por fatos que se preocupa mais com seus personagens que com o que está acontecendo ao redor. E a obra é tida como o primeiro filme de guerra nacional, o que não deixa de ser um marco.

Estrada 47 cena

Através de cartas escritas ao pai (contribuição do roteirista Paulo Lins), o engenheiro Guima (Daniel de Oliveira, de Boca, 2010) narra seus sentimentos e conflitos internos, comuns a diversos militares em situação parecida. Ele e outros três colegas fogem do pelotão após uma debandada geral e temem serem vistos como desertores. Como uma tentativa de consertar o erro, eles decidem liberar passagem em uma estrada importante cheia de minas explosivas, o que permitiria acesso dos americanos a um vilarejo italiano que pode ser dominado pelos alemães a qualquer momento. No meio da ação, o grupo encontra um desertor italiano (Sergio Rubini, de Que Estranho Chamar-se Federico, 2013) e outro alemão (Richard Sammel, de The Strain), ferido, e as relações entre eles vão sendo construídas e alteradas à medida que eles interagem e se conhecem melhor.

Os quatro protagonistas apresentam características bem nossas, o que os diferenciam bastante dos demais combatentes encontrados. Até um sambinha eles cantam em um momento mais delicado, quando bate a saudade de casa e o medo do futuro. O soldado nordestino apelidado de Piauí (Francisco Gaspar, de Caixa Preta, 2008) é muitas vezes o alívio cômico, funcionando com mais ou menos sucesso dependendo da hora, mas tem também um bom peso dramático. Thogun Teixeira (de 2 Coelhos, 2012) vive um carioca corajoso que precisa ser lembrado constantemente de tratar seu superior por Tenente (Júlio Andrade, de Não Pare na Pista, 2014), mesmo que ele seja o mais perdido de todos. O grupo ainda é reforçado pela chegada de um jornalista intrometido (Ivo Canelas, de Budapeste, 2009) que acaba participando da missão. O elenco afiado transmite bem a sensação de pânico que volta e meia insiste em bater, ainda mais acentuada pela bela e triste fotografia de Carlos Arango de Montis, que valoriza a neve e a amplitude dos cenários abertos, assim como a opressão dos lugares fechados.

Mesmo que em algum momento a estrutura e o tema possam trazer à mente Platoon (1986), ou qualquer outra produção estrangeira, Estrada 47 é um filme genuinamente brasileiro. Seus personagens são autênticos e a história contada diz respeito a nós diretamente, e alguns dos nossos veteranos devem estar satisfeitos pela luz jogada nesses fatos. Os que estavam na pré-estreia em BH, promovida por algum órgão do exército, pareciam muito orgulhosos, e reafirmaram estarem sempre à disposição da sociedade e da democracia. Em tempos de histeria coletiva nas ruas, é muito bom ouvir isso.

Elenco comemora com o diretor o destaque no Festival do Rio 2013

Elenco comemora com o diretor o destaque no Festival do Rio 2013

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Hendrix vai direto para homevideo

por Marcelo Seabra

Jimi poster

Outro ícone cultural a ganhar uma cinebiografia mais recentemente é Jimi Hendrix, um dos guitarristas mais famosos do mundo. Ao invés de querer abraçar o mundo, o diretor e roteirista John Ridley decidiu retratar um período bem restrito na vida do músico, entre 1966 e 1967, quando sua carreira deslanchou. A escolha permite se debruçar com mais calma em seus personagens. Mas Jimi: Tudo a Meu Favor (All Is By My Side, 2013), ao final, conta muito com a bagagem do público para saber o que houve com aquele sujeito. O filme termina quando começa a ficar bom.

Depois de participações interessantes em filmes como Be Cool (2005) e Quatro Irmãos (Four Brothers, 2005), André Benjamin consegue aqui viver um protagonista, e não faz feio. Também conhecido como o compositor e instrumentista André 3000, da dupla Outkast, ele mostra ter sensibilidade para captar um pouco do estilo do biografado, alternando discrição no dia a dia e energia no palco. A cumplicidade entre o ator e a câmera é grande, e ele sabe inclusive quando não olhar, como se não se importasse com ela. Benjamin domina bem o jeito cool de Hendrix, recitando diálogos ora poéticos, ora lisérgicos. Os dois não são exatamente parecidos, mas são próximos o suficiente para comprarmos a ideia, ainda mais com a bela interpretação e o trabalho de figurino e de direção de arte, este fundamental para a recriação da cena musical da Londres da época.

Jimi scene

Como a janela temporal mostrada foi bem efervescente culturalmente, não faltam pontas curiosas. Várias celebridades daquele universo desfilam pela tela, das mais relevantes para a história, como Keith Richards e Eric Clapton, às menos importantes, como os Beatles, que são apenas mencionados. Quando se trata de fatos e as pessoas envolvidas ainda estão vivas, pode haver complicações, e foi o que aconteceu aqui. Pessoas próximas a Hendrix, mostradas no filme, foram a público apontar inconsistências e até o que seriam erros grosseiros. Kathy Etchingham, uma das namoradas do músico retratadas, disse terem sido dos melhores anos de sua vida aqueles que viveu com ele. Interpretada por Hayley Atwell (a Agente Carter do Universo Marvel), a garota chega a ser agredida pelo parceiro, e isso nunca teria acontecido.

Atualmente cuidando da série que criou, American Crime, Ridley é mais lembrado como o roteirista de 12 Anos de Escravidão (12 Years a Slave, 2013), trabalho pelo qual ganhou o Oscar, entre outros prêmios. Para essa cinebio, ele não conseguiu os direitos sobre as canções de Hendrix, podendo reproduzir apenas aquelas apresentadas ao vivo, de outros compositores. Para outros momentos da trilha, inclusive quando Benjamin está fingindo tocar, o estilo da Jimi Hendrix Experience foi imitado por músicos contratados, os experientes Waddy Wachtel, Leland Sklar e Kenny Aronoff. A falta é sentida, e a música propriamente dita acaba ficando de lado, priorizando os personagens e as relações entre eles.

Para quem assiste ao filme sem experiência prévia, fica complicado entender a relevância cultural do personagem, mesmo porque ele já estaria fazendo um grande sucesso com singles, antes do lançamento do famoso álbum Are You Experienced. Como o enfoque fica muito no lado pessoal, a parte celebridade fica apagada e o longa peca ao não conseguir diminuir a distância até o público. O resultado é correto, sem conseguir empolgar ou informar devidamente. Continuamos aguardando uma obra sobre Jimi Hendrix, o ídolo da música. Quem sabe começa aqui uma trilogia?

O Hendrix da ficção e o real

O Hendrix da ficção e o real

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Noite Sem Fim diverte com bom elenco

por Marcelo Seabra

Run All Night

Pela terceira vez, Liam Neeson e Jaume Collet-Serra trabalham juntos em um longa de ação, e o resultado tem melhorado. Depois do fraco Desconhecido (Unknown, 2011) e do correto Sem Escalas (Non-Stop, 2014), o diretor assina Noite Sem Fim (Run All Night, 2015) e coloca seu astro para correr contra o tempo para salvar o filho. Apesar de uns tropeções e de não ser a coisa mais original que já vimos, a obra diverte o suficiente e desenvolve melhor os personagens que outras produções que Neeson anda estrelando.

Já virou piada a frase do protagonista da franquia Busca Implacável (Taken) a respeito de ter um conjunto de habilidades únicas. Afinal, tudo o que Neeson parece participar agora são variações de um tipo fodão de espião à James Bond, mas mais violento e cru. Tudo é resolvido na mão ou na bala, contando com a experiência do sujeito, após longos anos como mercenário, matador ou algo assim. Dessa vez, isso acontece em menor escala, mas não deixa de estar lá. E há um filho dele em risco, algo que já se mostrou extremamente perigoso – para os bandidos.

Run All Night scene

A história nos apresenta a Jimmy Conlon (Neeson), um amigo de infância que se tornou o executor do hoje chefe da máfia local, Shawn Maguire (Ed Harris, de Sem Dor, Sem Ganho, 2013). Bêbado contumaz e notório fracassado, Jimmy vive de pequenos trabalhos, sendo sustentado pelo chefe. O filho de Maguire, Danny (Boyd Holbrook, de Caçada Mortal, 2014), é mostrado como um imbecil que não acerta uma e não consegue deixar seu pai orgulhoso. Para isso, ele decide executar uns desafetos e o filho de Jimmy (vivido pelo novo RoboCop Joel Kinnaman) testemunha. O resultado da bagunça é Jimmy ter que contar para Shawn que, para salvar seu próprio filho, matou o do amigo.

Aí, começa a perseguição de todo o bando de Maguire aos Conlon, com a ação desenfreada acontecendo em apenas uma noite. Jimmy precisa usar suas habilidades especiais para salvar Mike, ao mesmo tempo em que precisa decidir se é isso mesmo que deve fazer. Afinal, o filho não tem contato algum com o pai, por reprovar as atitudes dele, e Conlon e Maguire são amigos de décadas, tendo passado por muita coisa juntos. Onde deve estar a lealdade? Será que a família vem acima de tudo? Questões como essas fazem com que Noite Sem Fim consiga atingir um pouco mais de profundidade que as outras aventuras que Neeson anda vivendo. Ponto para Brad Ingelsby, que demonstra uma melhora sensível desde que escreveu o equivocado Tudo Por Justiça (Out of the Furnace, 2013), drama que trabalha temas similares, mas com muito mais problemas na estrutura e no desenvolvimento do roteiro.

Neeson continua com seus trejeitos, tanto as caretas quanto o jeito trôpego de andar. Vê-lo em cena nos remete a Darkman (1990), com aquele carisma de quem não é exatamente popular, mas tenta ser simpático. Ed Harris parece estar debilitado em suas primeiras cenas, mas logo ele mostra o talento com o qual nos acostumamos. Ver o filho fazendo burradas em série e ainda ter que amá-lo é algo que lhe dói, e percebemos isso em seu olhar. O sueco Joel Kinnaman, revelado para o resto do mundo na série The Killing, continua dando seus pulinhos, mas não tem muita oportunidade de fugir do estereótipo do filho ressentido. O rapper Common, visto recentemente em Selma (2014), faz uma participação como um assassino incansável e Vincent D’Onofrio, o Wilson Fisk de Demolidor, tem uma ponta como policial. Um elenco interessante que consegue dar vida a uma trama intensa, filmada de forma criativa, que cumpre a missão de entreter por quase duas horas.

O elenco principal lança o longa em NY

O elenco principal lança o longa em NY

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Chappie é outro tipo de policial do futuro

por Marcelo Seabra

Chappie

Depois dos interessantes Distrito 9 (District 9, 2009) e Elysium (2013), o diretor e roteirista Neill Blomkamp segue no gênero ficção-científica inteligente com Chappie (2015), uma mistura de diversas referências que ainda consegue ser original e trazer outros vários questionamentos. Usando seu ator fetiche, Sharlto Copley, para dar vida a um robô, Blomkamp discute questões como identidade e humanidade trazendo um ar de novidade, além do inglês com um sotaque diferente do usual, o sul-africano.

Escrevendo novamente em parceria com Terri Tatchell, de Distrito 9, Blomkamp parece fazer o caminho inverso de Robocop, dando emoções a um robô ao invés de transformar um humano em máquina. A história logo nos apresenta aos antagonistas, dois funcionários da mesma empresa de tecnologia com propostas bem diferentes: Deon Wilson (Dev Patel, de O Exótico Hotel Marigold, 2011) criou robôs de formas humanóides que agem como policiais no patrulhamento das ruas, evitando crimes de todos os portes, enquanto Vincent Moore (Hugh Jackman, o Wolverine) desenvolveu uma máquina de guerra capaz de dizimar uma população inteira. Algo como Robocop versus Ed 209.

Chappie

Nosso protagonista, criado através da técnica de captura de movimento com Copley interpretando-o, é um simpático membro dessa frota que parece estar destinado ao fracasso. Sempre atraindo artilharia, ele fica frequentemente no conserto, até que decidem que não vale mais a pena insistir em reparos e ele é encaminhado à destruição. Wilson o surrupia clandestinamente para testar o novo software de inteligência artificial que criou, mesmo sem autorização da manda-chuva da companhia (vivida por Sigourney Weaver, a eterna Tenente Ripley de Alien). Tudo dá errado a partir desse momento, com Wilson e sua criação sendo sequestrados por traficantes buscando golpes maiores. E Moore aproveita a oportunidade para tentar derrubar o rival e colocar seu produto em produção, o que lhe traria ótimos dividendos.

A sociedade mostrada é a Joanesburgo de um futuro próximo e distópico, a anos luz de qualidade de aventuras bestas como Divergente (Divergent, 2014). Assim como em Distrito 9, o público já encontra uma realidade diferente que, para quem está do lado de lá, é natural, tem sido assim há anos, não se perde tempo explicando. As cenas de ação de Chappie são bem feitas e nos permitem entender o que está havendo, mesmo em meio a um grande quebra pau. Alguns ângulos são bem criativos, sempre reforçando a geografia do lugar. E os ótimos efeitos especiais permitem à produção dar maior veracidade a seu personagem, o que é essencial para que compremos a ideia.

Como o robô emotivo está no nível de uma criança e precisa aprender tudo desde o início, algumas etapas desse aprendizado causam estranheza. Dizer que há algo errado demandaria um estudo maior, uma proximidade com a neurolinguística, e não é o caso. Dentro da proposta de Blomkamp, basta você entrar na história e acompanhar. Ao final, você terá tido uma experiência bem mais satisfatória do que em outras produções mais recentes que tentam trabalhar temas similares.

É Copley quem dá vida a Chappie

É Copley quem dá vida a Chappie

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A cabeça de Frank é só um detalhe

por Marcelo Seabra

Frank posterFrank é um pretenso gênio da música que ainda não foi descoberto. Ele segue ensaiando com a sua banda, fazendo pequenas apresentações e sendo admirado por quase ninguém. Mas os outros membros têm certeza de que ele é o líder a ser seguido. O problema é que nenhum deles parece ser muito certo da cabeça. Começando pelo próprio Frank, que nunca tira em público a enorme cabeça de papel machê que usa o tempo todo, escondendo seu rosto e abafando sua voz. Este ser peculiar é o protagonista de Frank (2014), longa independente que mistura comédia e drama de uma forma interessante.

Extremamente carismático, mesmo com o cabeção inusitado, Frank não demora a encantar Jon Burroughs, um sujeito sem muitas perspectivas que cai de paraquedas nos Soronprfbs quando a banda perde seu tecladista, que tentou o suicídio. Corpo estranho naquele grupo, Jon custa a ser aceito pelos demais membros, mas cai nas graças de Frank e consegue uma vaga no projeto de gravação do primeiro álbum. Sonhando com a fama, Jon tenta fazer os Soronprfbs alçarem um vôo maior, sempre apostando no talento de seu frontman.

Frank cast

Depois de três trabalhos muito elogiados e pouco vistos, Lenny Abrahamson convocou atores mais conhecidos do grande público para ter um atrativo a mais. A escolha para fazer Frank é a mais curiosa, e muito acertada. Michael Fassbender, mais lembrado como o jovem Magneto dos X-Men, chega à sensibilidade necessária para criar um personagem que precisa se expressar através da voz e dos gestos – já que o rosto não aparece. Um grande desafio que o ator supera facilmente, além de formar uma ótima dupla com Domhnall Gleeson (de Questão de Tempo, 2013), que vive Jon. Completando o triângulo amoroso, temos Maggie Gyllenhaal (de Coração Louco, 2009) tocando o teremin, mais uma figura peculiar a seguir Frank.

Destaque no Festival de Sundance no ano passado, o filme é ligeiramente inspirado na vida de Frank Sidebottom, nome artístico do músico e comediante Chris Sievey, que teve diversas aparições no rádio e na TV com uma cabeça similar à que vemos na tela. Jon Ronson, colega de Sievey na Oh Blimey Big Band, é o roteirista de Frank ao lado de Peter Straughan, repetindo a parceria de Os Homens Que Encaravam Cabras (2009), cujo livro foi escrito por Ronson e adaptado por Straughan. Além de Sievey, o personagem tem traços de outras celebridades da música, como Daniel Johnston e Captain Beefheart. Não é exatamente a vida de nenhum deles, mas bebe em todas as fontes.

Como disse James Bond (em O Amanhã Nunca Morre, de 1997), “a diferença entre a loucura e a genialidade é medida somente pelo sucesso”. Se Frank ganhasse milhões e se tornasse um artista reconhecido mundialmente, ninguém o chamaria de louco. No máximo, de excêntrico. Muita gente no mundo real se encaixa nessa situação. Como o sucesso não acontece o tempo todo, conclui-se que tem muita gente louca por aí.

Chris Sievey e sua persona cômica, Frank Sidebottom

Chris Sievey e sua persona cômica, Frank Sidebottom

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