por Marcelo Seabra

Antes que 2016 chegue ao fim, já é possível afirmar que um dos melhores longas do ano aterrissa nos cinemas essa semana: A Chegada (Arrival, 2016), novo trabalho de Denis Villeneuve. O diretor sempre consegue reações fortes de seu público, sejam positivas ou negativas, e desta vez não foi diferente. Com um ritmo mais lento do que outros exemplares da ficção-científica recente, ele nos conta como seria receber alienígenas na Terra e nos presenteia com outra ótima interpretação de Amy Adams. O tipo de resultado que poderia deixar Christopher Nolan com uma pontinha de ciúmes.
Variando entre gêneros, Villeneuve deixa de lado as histórias policiais (como seu último filme, o ótimo Sicario, 2015) e adapta uma história de Ted Chiang, com roteiro de Eric Heisserer (de Quando as Luzes se Apagam, 2016). Muito mais do que tiroteios, explosões ou perseguições, o diretor parece mais interessado em levantar questões existenciais. Quais seriam as consequências da chegada de 12 naves espaciais no nosso céu, espalhadas em pontos aparentemente sem ligação? Como seria a nossa comunicação com elas? E a pergunta que parece ser a mais importante: o que eles querem?

A sempre competente Amy Adams (a Lois de Batman vs Superman, 2016) vive uma doutora em Linguística que, por uma conveniência do exército, é convocada para tentar se comunicar com os ETs. Louise Banks se une a Ian Donnelly (Jeremy Renner, o Gavião Arqueiro da Marvel), um matemático, e juntos eles devem conseguir algumas respostas, enquanto o coronel encarregado do caso (Forest Whitaker, de Nocaute, 2015) ganha tempo junto aos seus superiores. Num primeiro momento, as doze localidades que receberam as visitas cooperam entre si, mas o medo começa a mudar esse cenário.
Tem sido freqüente ver comparações entre A Chegada e Interestelar (Interstellar, 2014), a ambiciosa ficção-científica de Christopher Nolan. Se o tema pode se assemelhar, as direções tomadas são completamente diferentes. Sem se basear em teorias complexas, como a das cordas, ou exigir um salto de fé grande de seu público, Villeneuve consegue uma obra enganosamente simples, de fácil entendimento. Com os pés no chão, o cineasta ainda mistura nesse caldo bastante emoção, e não é surpresa que espectadores saiam do cinema enxugando os olhos. E, sabiamente, ele convocou ótimos profissionais para compor esse quadro. Não é nada ruim contar com a fotografia de Bradford Young (de O Ano Mais Violento, 2014) e a trilha de Jóhann Jóhannsson (também de Sicario), tudo de muito bom gosto, que só fortalece a atuação de Adams.
Como um bom longa de ficção-científica, A Chegada nos deixa com várias questões na cabeça e é o tipo de filme que continua suscitando discussões bem depois da sessão. A compreensão do tempo, da comunicação, das consequências de nossos atos. Se um filme te faz parar e pensar, reavaliando opiniões e ações, ele já valeu o ingresso.

Villeneuve acertou de novo













Nas idas e vindas entre os dois núcleos está o principal problema do longa: o que segue Robert e Jeanne acaba sendo muito mais interessante que o da família Schurmann, que é bem previsível e adocicado. A montagem ágil ajuda e sempre conseguimos entender o rumo, que não é seguido cronologicamente. Mas não empolga, resultando num filme correto e bonitinho, tanto temática quanto visualmente. Mas nunca um grande filme.












Além de Blunt, o elenco tem outras duas atrizes que são propositalmente parecidas, e isso pode causar confusão. Rebecca Ferguson (de 





