Pacote séries novas – parte II

O Pipoqueiro preparou mais um pacote de novas séries, para te ajudar a navegar em meio a tantas opções. São todas boas? Não necessariamente.

Shrinking – Falando a Real (Apple TV)

Das melhores opções de série disponíveis hoje, Shrinking já está em sua segunda temporada. Ainda muito lembrado pelo Marshall de How I Met Your Mother, Jason Segel ganha outro presente com Jimmy, o psicólogo que, cansado de ver seus pacientes repetindo os mesmos erros, passa a se envolver nas vidas deles, relevando os fundamentos básicos da profissão. A vida do próprio Jimmy está uma bagunça quando o conhecemos, passando por um longo luto em razão da morte da esposa.

Dentre vários pontos positivos, Shrinking tem duas participações a serem ressaltadas: Harrison Ford e Michael Urie. Ford usa e abusa de sua fama de rabugento como o mentor de Paul, com um mau humor muito engraçado e sendo invariavelmente a voz da razão. Urie vive Brian, o melhor amigo de Jimmy, um advogado vaidoso que conhece bem seus próprios defeitos, mas se mantém pra cima. Sempre a alegria da cena, Brian é hilário, somando bastante a um grupo coeso.

Detetive Alex Cross (Amazon Prime Video)

Baseado no personagem de James Patterson que já ganhou três filmes no cinema (dois razoáveis estrelados por Morgan Freeman e um sofrível com Tyler Perry), Alex Cross agora vive no corpo de Aldis Hodge (de Adão Negro, 2022). Descrito como uma mistura brilhante de detetive e psicólogo, ele é apresentado em meio ao assassinato da esposa, numa sequência confusa que não dá a menor vontade de prosseguir. Daí a gente pula para um interrogatório forçado, que percebemos só existir para mostrar o quão fodão Cross é.

Com um carimbo de genérica, a série certamente ficará esquecida no catálogo da Prime Video, que parece ter se empolgado com o sucesso de Reacher para criar mais atrações protagonizadas por brutamontes inteligentes. Hodge está longe de ser ruim, mas o físico malhadão, pronto para espancar alguém, não combina muito com o personagem, que constrói suas tramas mais no aspecto psicológico que no físico. Com tantas opções estreando o tempo todo, não vai ser Detetive Alex Cross que vai cavar seu lugar entre os hits da temporada.

Dexter: Pecado Original (Dexter: Original Sin, Paramount+)

Depois de ser trazido de volta para New Blood, Dexter parecia ter sua carreira de assassinatos encerrada de vez. O final da temporada foi muito claro. O dinheiro deve ter falado mais alto e resolveram criar uma série sobre o início de Dexter na polícia, o estagiário do departamento enquanto terminava o curso de Medicina. Michael C. Hall, no entanto, faz participação dando andamento à história no presente, mostrando que nada está encerrado. Isso, além de seguir como narrador, com aquela ironia na voz que aprendemos a amar.

Criada pelo veterano Clyde Phillips, das duas séries anteriores, Pecado Original promete ser boa exatamente por trazer os envolvidos originais. No primeiro episódio, conhecemos as versões mais jovens de vários velhos conhecidos. A começar pelo icônico Harry Morgan, vivido anteriormente por James Remar. Ele é a voz na cabeça de Dexter, que faz com que ele pense em tudo antes de matar alguém. Desta vez, temos Christian Slater (de Pisque Duas Vezes, 2023) no papel, o que causa certa estranheza, por mais natural que tenha sido escalar alguém mais novo. E Patrick Gibson (de The O.A.) faz Dexter, abusando um pouco de caretas psicóticas.

Serão dez episódios mostrando Dexter aprendendo a ser um técnico forense da polícia, além dele observando como pessoas normais se comportam para tentar ser como uma delas. A inadequação do personagem é o que o faz ser querido, mesmo matando gente. Gibson ainda precisa acertar seu tom na caracterização, e Molly Brown (de Evil) está ótima como a irmã desbocada Debra. E temos ainda outras duas celebridades com personagens fixos: Patrick Dempsey e a eterna Buffy Sarah Michelle Gellar. O produtor deve estar apostando alto no sucesso dessa série, já que outra está engatilhada para dar continuidade: Dexter: Resurrection.

Rivais (Rivals, Disney+)

Outra opção gostosa de assistir, porém bem mais carregada sexualmente que comédias costumam ser, é Rivais, série do Disney+ baseada no livro muito vendido de Jilly Cooper, jornalista e escritora famosa na Inglaterra. Ambientada numa cidade pequena inglesa nos anos oitenta, a história gira em torno da rivalidade de um político aristocrata, Rupert Campbell-Black (Alex Hassell, o Translúcido de The Boys), e o novo rico Lorde Tony Baddingham (David Tennant, um dos Dr. Who), dono de um canal de televisão local. Vários personagens interessantes se somam a esse caldo, com diversas subtramas igualmente divertidas.

 Os episódios são feitos de forma a deixar o espectador ávido pelo próximo, deixando ganchos entre eles. A forma como a personalidade de cada um é desenvolvida é bastante honesta, fazendo com que os conheçamos melhor e é aí que começa a torcida por alguns deles. A fotografia, com belas paisagens britânicas e imponentes castelos, torna tudo mais prazeroso. Rivais agradou tanto que a segunda temporada já está garantida, levando-nos de volta ao chamado Cooperverso.

Sobre Marcelo Seabra

Jornalista e especialista em História da Cultura e da Arte, é mestre em Design na UEMG com uma pesquisa sobre a criação de Gotham City nos filmes do Batman. Criador e editor de O Pipoqueiro, site com críticas e informações sobre cinema e séries, também tem matérias publicadas esporadicamente em outros sites, revistas e jornais. Foi redator e colunista do site Cinema em Cena por dois anos e colaborador de sites como O Binóculo, Cronópios e Cinema de Buteco, escrevendo sobre cultura em geral. Pode ser ouvido no Programa do Pipoqueiro, no Rock Master e nos arquivos do podcast da equipe do Cinema em Cena.
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