Conheça os heróis e vilões da Amazon

por Marcelo Seabra

Imagine um supergrupo de heróis mundialmente famosos, tidos como modelos de comportamento para todos, que na verdade são uns canalhas mais interessados em capitalizar em cima da imagem deles? Essa é a premissa de The Boys (2019), série produzida pela Amazon cujos oito episódios estão disponíveis no serviço de streaming. O estúdio estava tão confiante quanto à qualidade da atração que autorizou a produção da segunda temporada antes mesmo da estreia da primeira.

Criada por Eric Kripke, também responsável pela bem-sucedida Supernatural, a série tem como co-criadores Evan Goldberg e Seth Rogen, dupla por trás de Preacher e de comédias como Superbad (2007) e É o Fim (This Is the End, 2013). Ou seja: dá pra esperar por uma boa dose de humor. E, de fato, a história tem piadas e situações espirituosas, mas aproveita também para fazer críticas bem colocadas. O capitalismo, o culto à personalidade e até a religião recebem suas bofetadas, com observações ferinas incluídas numa trama de ação cheia de efeitos visuais, agradando a vários tipos de público.

Baseada nos quadrinhos escritos por Garth Ennis e desenhados por Darick Robertson, a série nos apresenta a Hugh Campbell (Jack Quaid, de Rampage, 2018), um sujeito comum que tem a namorada morta pela irresponsabilidade de um super, o Trem A (Jessie T. Usher, de Independence Day: O Ressurgimento, 2016). O velocista é parte de um grupo chamado Os Sete (acima), formado por sete heróis de moral bem duvidosa e gerenciado por uma grande corporação, a Vought International, que cuida da imagem e dos direitos de marketing ligados a eles.

Inconformado, Hughie acaba trombando com Billy Butcher (Karl Urban, o Doutor McCoy da franquia Star Trek), não coincidentemente. O “Açougueiro” Billy é líder de um grupo informal, Os Rapazes (The Boys), que combate os supers, deixando implícito que ele tem uma rixa antiga com o principal deles, o Capitão Pátria (Anthony Starr, de Banshee). Com parceiros com talentos variados, Billy e Hughie vão encarar Os Sete. E vamos conhecendo esses e outros personagens interessantes, com participações especiais de atores facilmente reconhecíveis, como Rogen e Haley Joel Osment (o menino de O Sexto Sentido, 1999, já adulto). É interessante ver Simon Pegg (da franquia Missão: Impossível) em cena como o pai de Hughie: o ator foi a inspiração para o físico do próprio personagem (ao lado), mas se julgou muito velho para vivê-lo.

Os oito episódios são enxutos, coisas estão sempre acontecendo e é fácil manter o interesse. Os atores são sempre convincentes em seus papéis, mesmo aqueles com roupas e poderes mais extravagantes, e surgem situações inusitadas que, dentro daquele universo, fazem todo sentido. Ficar comparando a atração com a revista da Dynamite (antes, na DC) não é justo, já que são mídias diferentes, cada uma com suas opções. O tom é mais ou menos o mesmo, e não falta violência. Mas não se preocupe: é tudo de mentirinha.

Mal sabem os cidadãos que o Capitão Pátria não vale nada!

Sobre Marcelo Seabra

Jornalista e especialista em História da Cultura e da Arte, é atualmente mestrando em Design na UEMG. Criador e editor de O Pipoqueiro, site com críticas e informações sobre cinema e séries, também tem matérias publicadas esporadicamente em outros sites, revistas e jornais. Foi redator e colunista do site Cinema em Cena por dois anos e colaborador de sites como O Binóculo, Cronópios e Cinema de Buteco, escrevendo sobre cultura em geral. Pode ser ouvido no Programa do Pipoqueiro, no Rock Master e nos arquivos do podcast da equipe do Cinema em Cena.
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