Aquaman 2 fecha o atual universo cinematográfico da DC

Chega aos cinemas essa semana Aquaman 2: O Reino Perdido (Aquaman and the Lost Kingdom, 2023), último longa do chamado Snyderverso, ou seja: de antes da chegada de Peter Safran e James Gunn à liderança das produções da DC Comics. Cenas foram reescritas e refilmadas, muita coisa aconteceu nos bastidores e já se esperava um fracasso. Felizmente, o diretor James Wan acertou novamente, entregando uma obra coesa, divertida e bem feita. Se não é um novo clássico, ao menos é muito satisfatório.

Contando novamente com David Leslie Johnson-McGoldrick no roteiro, com colaboração do próprio astro do filme, Jason Momoa, Wan continua a história de Arthur Curry, que se divide entre ser um pacato pai de família e o rei da Atlântida. O lado político do cargo o cansa, ele sempre preferiu a parte física, partir para a porrada contra possíveis inimigos de seu povo. Volta e meia ele tem essa oportunidade, lutando contra piratas, contrabandistas e quem mais aparecer pela frente.

Do outro lado, cultivando um sentimento de vingança, temos David Kane, o Arraia Negra (Yahya Abdul-Mateen II – abaixo), cujo pai morreu numa luta contra Aquaman. A descoberta de um artefato antigo e poderoso fará com que o Arraia se torne algo mais que um simples humano. E vai nos revelar o tal reino perdido do título. Situações acontecem e se sucedem numa velocidade adequada e o resultado é uma aventura típica dos quadrinhos, com humor bem encaixado e momentos de tensão.

O vilão do primeiro filme, Orm (Patrick Wilson), volta como um aliado relutante. Mais uma vez, temos uma construção interessante dos personagens, evitando maniqueísmos e estereótipos. Eles parecem ter (alguma) profundidade, e não estou falando do mar. Temuera Morrison (o pai), Nicole Kidman (a mãe) e Dolph Lundgren (o rei vizinho) voltam a seus papéis, assim como Amber Heard (Mera), que tem sua participação esvaziada para evitar a rejeição do público (devido aos problemas pessoais da atriz, que protagonizou um atribulado fim de casamento com Johnny Depp). Randall Park, o Dr. Shin, tem uma participação maior e traz simpatia ao cientista do vilão.

Ao contrário de A Pequena Sereia ou de uns Piratas do Caribe, os efeitos especiais ficaram bem feitos, cortesia dos magos da IL&M, e devem ser visto em IMAX. A trilha sonora casa certinho com a ação, e está novamente nas mãos de Rupert Gregson-Williams. São usados dois rocks de 1969, e há uma curiosidade: Steppenwolf é o nome da banda que toca Born to Be Wild, presente no filme, e é também o vilão de Liga da Justiça (Justice League, 2017), combatido por Aquaman e cia.

Falando em Liga da Justiça, uma pergunta deve martelar na cabeça do público: por que o herói não chamou os amigos superpoderosos para ajudá-lo? Se você vê uma possível catástrofe, com potencial para abalar a Terra, você não chamaria o Superman? Ou Batman, o maior detetive do mundo? Essa é uma das questões que nos exigem um salto de fé para que possamos aproveitar a sessão. No entanto, depois de Shazam! 2 e Besouro Azul, Aquaman 2 é uma bem-vinda lufada de ar fresco. E o filme ainda deixa uma bela e discreta mensagem de preservação ambiental, já que estamos destruindo nossos mares.

Patrick Wilson e James Wan, colaboradores frequentes

Marcelo Seabra

Jornalista e especialista em História da Cultura e da Arte, é mestre em Design na UEMG com uma pesquisa sobre a criação de Gotham City nos filmes do Batman. Criador e editor de O Pipoqueiro, site com críticas e informações sobre cinema e séries, também tem matérias publicadas esporadicamente em outros sites, revistas e jornais. Foi redator e colunista do site Cinema em Cena por dois anos e colaborador de sites como O Binóculo, Cronópios e Cinema de Buteco, escrevendo sobre cultura em geral. Pode ser ouvido no Programa do Pipoqueiro, no Rock Master e nos arquivos do podcast da equipe do Cinema em Cena.

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