Quando foi lançado em 2010, o primeiro filme da franquia Os Mercenários (The Expendables) foi beber na fonte dos filmes de ação da década de 1980, o que garantiu o sucesso da produção. Reuniram astros do gênero consagrados naquela década e na seguinte com novos rostos, apostando em um filme onde a ação falava muito mais alto do que a história em si.
Apoiado no carisma de Sylvester Stallone, Jason Statham, Terry Crews e Dolph Lundgren, apenas para mencionar os principais nomes, Os Mercenários gerou uma franquia que elevou ainda mais as apostas e atraiu nomes como Chuck Norris, Bruce Willis, Jean-Claude Van Damme, Arnold Schwarzenegger e Mel Gibson, dentre outros. A fórmula funcionou bem no segundo filme, de 2012, não tão bem na terceira tentativa, de 2014 e finalmente parece ter se esgotado nesta quarta.
O problema de Os Mercenários 4 (The Expendables 4, 2023) está justamente nos ingredientes usados nessa nova fórmula. A trama é mais ou menos a mesma do segundo filme: o grupo de Barney Ross (Stallone) é contratado pela CIA, através do agente Marsh (Andy Garcia), para recuperar detonadores nucleares de Rahmat (Iko Uwais), um traficante de armas e, preferencialmente, descobrir a identidade de seu comprador, conhecido apenas como Ocelot. A equipe de Ross, que além de Christmas Lee (Statham), conta também com Gunner (Ludgren), Toll Road (Randy Couture) – todos veteranos dos filmes anteriores -, Easy Day (o rapper 50 Cent) e Galan (Jacob Scipio), parte para a missão.
Graças a uma decisão independente de um dos subordinados de Barney, a missão dá errado. A partir dali, as coisas se complicam: em posse dos detonadores, o comprador de Rahmat pretende detonar uma terceira guerra mundial. Com a adição dos novos membros Gina (Megan Fox – acima) e Lash (Levy Tran), o grupo tem pouquíssimo tempo para impedir uma catástrofe de proporções mundiais, além de resolver uma questão pessoal.
O grande problema de Os Mercenários 4 é que os roteiristas da vez, Kurt Wimmer, Tad Daggerhart e Max Adams, trabalhando em cima da história criada por Spenser Cohen, Wimmer e Daggerhart, não souberam se aproveitar da fórmula de sucesso dos filmes anteriores – principalmente do primeiro. A comédia bastante presente especialmente nos dois primeiros filmes da franquia foi meio que deixada de lado em detrimento da ação e nem dela o diretor Scott Waugh soube se aproveitar bem. Fora a interação passivo-agressiva nos diálogos entre os personagens de Statham e Stallone, que mostra uma amizade tipicamente masculina, onde os homens se provocam o tempo todo, mas na hora do “vamos ver” podem contar um com o outro, o resto do filme infelizmente não funciona. O mesmo pode ser dito sobre o elenco. À exceção de Lundgren e Couture, os outros personagens não têm muito carisma ou apenas repetem trejeitos de algum de seus predecessores.
Somando-se tudo isso a uma escrita bastante preguiçosa – dá pra saber o final do filme ali pelo meio dele -, é bem provável que essa seja a aventura derradeira dos Mercenários. Salvo se a bilheteria for surpreendente a ponto de valer a pena investir em uma quinta aventura. Nesse caso, seria interessante pensarem numa revitalização da fórmula de sucesso dos dois primeiros filmes.