Disputando espaço nas bilheterias com Tom Cruise em sua nova Missão: Impossível e com a boneca Barbie, o novo trabalho do elogiado diretor Christopher Nolan estreia nos cinemas nacionais nesta quinta. Oppenheimer (2023) é a primeira cinebiografia comandada por Nolan e já é um dos melhores trabalhos de sua recheada filmografia. O responsável pela ótima trilogia do Batman convocou seu Jonathan “Espantalho” Crane para uma sexta colaboração e Cillian Murphy tem uma das melhores interpretações de sua carreira no papel-título.
Em seu primeiro roteiro escrito em primeira pessoa, Nolan se baseou na biografia Oppenheimer: O Triunfo e a Tragédia do Prometeu Americano, de Kai Bird e Martin J. Sherwin. O livro, assim como o filme, aborda tanto a vida pessoal de Julius Robert Oppenheimer quanto a participação dele no Projeto Manhattan, no qual liderou uma equipe de cérebros brilhantes para a elaboração de armas nucleares que acabaram dizimando as cidades japonesas Hiroshima e Nagasaki.
A suposta ligação do físico com comunistas e a movimentada vida sexual dele tomam uma parte importante do roteiro e não pode ser dissociada da atuação dele na criação das bombas, o que permite a Nolan trabalhar intrigas e criar tensão numa história que facilmente poderia ter se tornado enfadonha e cansativa. Alguém pode até opinar que o filme poderia ter ficado mais curto, que três horas é exagero, mas não há nada sobrando. A competente montagem de Jennifer Lame (de Tenet, 2020) pode muito bem levar uma indicação a prêmios.
No elenco, temos um número enorme de celebridades que nos surpreende ao longo da projeção, com o grupo principal fechado em Murphy, Emily Blunt, Robert Downey, Jr., Matt Damon (acima), Jason Clarke, Florence Pugh, Tony Goldwyn, Josh Hartnett, Alden Ehrenreich e Kenneth Branagh. Entre as participações mais curtas, há ganhadores do Oscar: Gary Oldman e Rami Malek, além de vários outros rostos facilmente reconhecíveis. Entre muitas atuações impecáveis, é Downey, Jr. (abaixo) quem já garante seu nome escrito na próxima temporada de premiações – e, possivelmente, Murphy.
Outro ponto a ser destacado em Oppenheimer são os efeitos sonoros, muito bem colocados, que ajudam a contar a história e enriquecem principalmente as sequências que se passam na mente do protagonista. A trilha sonora de Ludwig Göransson (também de Tenet) entra de forma fluida, sem chamar atenção para si. O design de produção primoroso de Ruth De Jong (de Não! Não Olhe!, 2022) recria diversos elementos dos anos 30 e 40, como toda a área dos laboratórios de Los Alamos, construída na época numa parte remota do Novo México, onde a bomba atômica foi criada. A fotografia de Hoyte Van Hoytema (Tenet) valoriza as paisagens escolhidas, mas também os espaços fechados, como as festas e reuniões.
Fazendo uma figura um pouco apagada, o aqui raquítico Murphy consegue chamar os holofotes para si de tempos em tempos, fazendo seu primeiro protagonista em um filme de Nolan. Uma oportunidade mais do que merecida, ainda mais se levarmos em conta seu excelente trabalho como Tommy Shelby em Peaky Blinders. O diretor se recupera da derrapada que foi Tenet e continua gerando muita expectativa para seus próximos projetos. Mesmo dando declarações antipáticas, como as instruções de como e onde seu filme deve ser assistido.
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