Amigos milionários na casa dos 20 resolvem celebrar a chegada de um furacão com uma festinha regada a álcool e cocaína na mansão afastada de um deles. Ressentimentos começam a aparecer, discussões se multiplicam e as coisas parecem sair do controle. Até que, de fato, saem. Um deles aparece morto no quintal. Quem teria matado? Quase um Pânico para a geração Tiktok, Morte Morte Morte (Bodies Bodies Bodies, 2022) está em cartaz nos cinemas com uma mistura de suspense e humor que deve agradar o público mais jovem.
Uma das amigas, Sophie (vivida por Amandla Stenberg, de Querido Evan Hansen, 2021), chega na casa sem avisar e causa um certo frisson. Ainda mais por estar acompanhada pela nova namorada (Maria Bakalova, de Borat 2, 2020), que conheceu há poucas semanas e por quem está derretida. Jordan (Myha’la Herrold) parece ter algo mal resolvido por Sophie, enquanto David (Pete Davidson, de O Esquadrão Suicida, 2021) e Emma (Chase Sui Wonders) têm um namoro estranho, não parecem se importar muito um com o outro.
Rachel Sennott (de Shiva Baby, 2020) e Lee Pace (o Ronan de Guardiões da Galáxia, 2014) vivem o casal mais divertido e fazem mais de suas participações. Sennott tem diálogos muito inspirados e é certamente um nome a se acompanhar. Pace vive um tipo hippie, bem mais velho que os demais – mesmo que alguns dos atores pareçam mais velhos (caso claro de Davidson). E há um sujeito, Max, que foi embora antes do filme ter começado por ter brigado com o arrogante David.
Assim como acontece no já clássico Halloween (1978) e na franquia Pânico, entre outros, a fotografia é um elemento-chave, mostrando apenas o que precisamos ver e explorando bem a casa. A diretora, Halina Reijn, trabalha novamente com Jasper Wolf (ambos de Instinto, 2019) para conseguir chegar exatamente onde quer, criando mais intrigas que sustos. O roteiro, da estreante Sarah DeLappe, é baseado no elogiado conto Cat Person, de Kristen Roupenian, publicado na revista New Yorker.
Com um elenco afiado, Morte Morte Morte traz tiradas interessantes e críticas certeiras a certos estereótipos, cada ator encarna um. É bem complicado conseguir pegar tudo de primeira, o que deve levar muita gente a ver novamente. É mais um acerto da produtora A24. Não é assustador como Hereditário (Hereditary, 2018), mas nem pretendia ser. É apenas uma hora e meia de diversão salpicada por sangue jovem.